Estudos calculam custo da criminalidade na América Latina
Estudo mostrou que no Brasil, as pessoas gastam 13 bilhões de dólares para se sentirem seguras
Da Redação
Publicado em 24 de janeiro de 2013 às 22h34.
Nova York - O crime , como se sabe, não compensa. Mas ele certamente custa caro.
Uma série de estudos encomendados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) quantifica os custos da criminalidade e da violência na América Latina e Caribe, chegando a novas conclusões a partir de estatísticas sobre segurança pública, saúde e economia.
No Brasil, um estudo mostrou que as pessoas pagam 13 bilhões de dólares só para terem a sensação de segurança. No Uruguai, o impacto negativo do problema chega a 3 por cento do Produto Interno Bruto. Em geral, bebês nascidos de mães que sofrem violência física são mais propensos a ter problemas de saúde.
"As pessoas pagam pela sensação de segurança", disse David Vetter, coordenador do estudo que avaliou o impacto da insegurança sobre o valor dos imóveis em áreas metropolitanas brasileiras. "Há muito mais pessoas que tem medo dos crimes do que são vítimas dos crimes", disse por telefone à Reuters.
Um tema que permeia os oito estudos apresentados é que as mulheres, crianças e famílias em geral sofrem mais com a criminalidade e a violência.
O BID observa que a região apresenta algumas das maiores taxas mundiais de homicídios e que nela ficam 20 das cidades mais violentas do planeta.
No entanto, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a região da América Latina e Caribe crescerá 3,6 por cento neste ano, mais do que o dobro do 1,4 por cento previsto para as economias avançadas, e acima da média mundial de 3,5 por cento. Esse tipo de crescimento mascara parcialmente o impacto da criminalidade e da violência sobre as economias da região.
MORADIA
No estudo de Vetter, o custo habitacional no Brasil é inflado em 13,6 bilhões de dólares, levando em conta "a forte e significativa relação entre o aluguel mensal e a sensação de segurança no lar." Elevar a sensação de segurança doméstica de 40,9 por cento para 59 por cento (ou um desvio padrão) aumentaria o valor dos imóveis em 757 dólares, se o valor fosse dividido por todas as 18 milhões de residências da área estudada.
"As implicações da criminalidade sobre o bem estar da região são potencialmente muito maiores. A violência não vitimiza só indivíduos, ela abala a confiança nas instituições públicas", disse em nota Ana Corbacho, economista da divisão de Instituições para o Desenvolvimento do BID.
O BID solicitou estudos acadêmicos para mensurar o custo da criminalidade e recebeu 117 propostas de 19 países. Os autores de oito dos nove estudos financiados estão apresentando seus resultados em um seminário nesta quinta e sexta-feira na sede do BID, em Washington.
"Os cidadãos da América Latina e Caribe citam a criminalidade e a violência como sua maior preocupação, acima do desemprego, da saúde e de outras questões", disse o BID em nota.
Grande parte da violência na região pode ser atribuída ao narcotráfico.
No México, a atual "guerra às drogas" levou a um declínio da atividade econômica em municípios onde a violência relacionada ao narcotráfico é mais acentuada, segundo outro estudo.
No mês passado, o procurador-geral mexicano, Jesús Murillo, estimou que 70 mil pessoas tenham morrido por causa da violência associada às drogas durante o governo de Felipe Calderón (2006-12), sendo que cerca de 9.000 cadáveres não foram identificados.
Um tema comum a todos os estudos focados na saúde e questões sociais é o impacto significativo da violência e da criminalidade sobre mulheres e crianças, e os efeitos geracionais de longo prazo sobre a saúde, a educação e os gastos com medicamentos.
Um estudo no Brasil mostrou que grávidas com pouca escolaridade e vivendo em áreas de grande criminalidade têm mais chances de parir crianças abaixo do peso ideal.
"Isso sugere que a violência contribui com mecanismos que afetam a transmissão do status socioeconômico entre os pais e sua prole", escreveram pesquisadores da Universidade de Leicester e da Universidade Queen Mary, de Londres.
Nova York - O crime , como se sabe, não compensa. Mas ele certamente custa caro.
Uma série de estudos encomendados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) quantifica os custos da criminalidade e da violência na América Latina e Caribe, chegando a novas conclusões a partir de estatísticas sobre segurança pública, saúde e economia.
No Brasil, um estudo mostrou que as pessoas pagam 13 bilhões de dólares só para terem a sensação de segurança. No Uruguai, o impacto negativo do problema chega a 3 por cento do Produto Interno Bruto. Em geral, bebês nascidos de mães que sofrem violência física são mais propensos a ter problemas de saúde.
"As pessoas pagam pela sensação de segurança", disse David Vetter, coordenador do estudo que avaliou o impacto da insegurança sobre o valor dos imóveis em áreas metropolitanas brasileiras. "Há muito mais pessoas que tem medo dos crimes do que são vítimas dos crimes", disse por telefone à Reuters.
Um tema que permeia os oito estudos apresentados é que as mulheres, crianças e famílias em geral sofrem mais com a criminalidade e a violência.
O BID observa que a região apresenta algumas das maiores taxas mundiais de homicídios e que nela ficam 20 das cidades mais violentas do planeta.
No entanto, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a região da América Latina e Caribe crescerá 3,6 por cento neste ano, mais do que o dobro do 1,4 por cento previsto para as economias avançadas, e acima da média mundial de 3,5 por cento. Esse tipo de crescimento mascara parcialmente o impacto da criminalidade e da violência sobre as economias da região.
MORADIA
No estudo de Vetter, o custo habitacional no Brasil é inflado em 13,6 bilhões de dólares, levando em conta "a forte e significativa relação entre o aluguel mensal e a sensação de segurança no lar." Elevar a sensação de segurança doméstica de 40,9 por cento para 59 por cento (ou um desvio padrão) aumentaria o valor dos imóveis em 757 dólares, se o valor fosse dividido por todas as 18 milhões de residências da área estudada.
"As implicações da criminalidade sobre o bem estar da região são potencialmente muito maiores. A violência não vitimiza só indivíduos, ela abala a confiança nas instituições públicas", disse em nota Ana Corbacho, economista da divisão de Instituições para o Desenvolvimento do BID.
O BID solicitou estudos acadêmicos para mensurar o custo da criminalidade e recebeu 117 propostas de 19 países. Os autores de oito dos nove estudos financiados estão apresentando seus resultados em um seminário nesta quinta e sexta-feira na sede do BID, em Washington.
"Os cidadãos da América Latina e Caribe citam a criminalidade e a violência como sua maior preocupação, acima do desemprego, da saúde e de outras questões", disse o BID em nota.
Grande parte da violência na região pode ser atribuída ao narcotráfico.
No México, a atual "guerra às drogas" levou a um declínio da atividade econômica em municípios onde a violência relacionada ao narcotráfico é mais acentuada, segundo outro estudo.
No mês passado, o procurador-geral mexicano, Jesús Murillo, estimou que 70 mil pessoas tenham morrido por causa da violência associada às drogas durante o governo de Felipe Calderón (2006-12), sendo que cerca de 9.000 cadáveres não foram identificados.
Um tema comum a todos os estudos focados na saúde e questões sociais é o impacto significativo da violência e da criminalidade sobre mulheres e crianças, e os efeitos geracionais de longo prazo sobre a saúde, a educação e os gastos com medicamentos.
Um estudo no Brasil mostrou que grávidas com pouca escolaridade e vivendo em áreas de grande criminalidade têm mais chances de parir crianças abaixo do peso ideal.
"Isso sugere que a violência contribui com mecanismos que afetam a transmissão do status socioeconômico entre os pais e sua prole", escreveram pesquisadores da Universidade de Leicester e da Universidade Queen Mary, de Londres.