Estátua do presidente da Turquia causa milhares de reações na Alemanha
As reações a estátua, que faz parte de uma bienal, demonstram a tensão entre os dois países, que aumentou depois da repressão ao golpe militar de 2016
EFE
Publicado em 28 de agosto de 2018 às 12h37.
Berlim - Uma estátua dourada do presidente da Turquia, Recep Tayyp Erdogan , erigida no centro de Wiesbaden no marco de um festival de arte, suscitou todos os tipos de reações e obrigou o próprio prefeito desta cidade no oeste da Alemanha a tomar as rédeas no assunto.
A efígie, de cerca de quatro metros de altura, foi descoberta na noite de segunda-feira no meio da Praça da Unidade Alemã, com a ovação de alguns dos presentes, comentou nesta terça-feira o jornal local "Wiesbadener Kurier".
Os organizadores da bienal de Wiesbaden, que neste ano é realizada sob o lema de "Bad News" e que aposta em parte pela provocação, alcançaram seu objetivo pois as reações foram diversas.
Já ontem à noite circulavam pelas redes sociais imagens e vídeos da estátua de Erdogan, algumas também com bandeiras turcas, e com reações dos usuários que vão desde nojo ao desconcerto.
A efígie amanheceu com um pênis desenhado na perna esquerda e mensagens como "Fuck you" e "Turkish Hitler".
O prefeito de Wiesbaden, Sven Gerich, expressou hoje no Facebook surpresa pela instalação.
"Estou a caminho da praça, quero ver primeiro de perto. A assembleia deliberará a respeito durante a manhã. Pedi a meus colegas da assembleia que me informem sobre a situação no relativo à autorização", escreveu.
Segundo uma porta-voz da Câmara Municipal, citada pelo jornal "Bild", "a cidade autorizou a instalação de uma estátua e de um contêiner", mas "o que não estava claro é que se tratava de uma efígie de Erdogan".
A polícia também se mostrou surpresa, "da mesma forma que o resto de Wiesbaden", declarou um porta-voz das forças de segurança, informou o "Wiesbadener Kurier".
"Conhecemos o caso e vamos ver como se desenvolve ao longo do dia. Por enquanto não foi registrado nenhum crime" em relação com esta instalação artística, disse a polícia, citada pelo "Bild".
Berlim e Ancara vivem um período de tensão, em particular desde que o Parlamento alemão reconheceu em 2015 como genocídio os massacres contra os armênios cometidos há mais de um século pelo Império Otomano e também depois, com o golpe militar fracassado na Turquia em 2016 ao qual Erdogan respondeu com uma onda de repressão.
A detenção na Turquia de vários cidadãos alemães por razões políticas, entre eles o correspondente germânico-turco Deniz Yücel, a jornalista e tradutora germânica-turca Mesale Tolu - ambos já de volta na Alemanha, mas à espera de julgamento -, e o ativista alemão de direitos humanos Peter Steudtner - também livre -, solaparam de maneira importante as relações bilaterais.
Segundo o "Bild", Erdogan deve realizar em setembro uma visita de Estado a Berlim que o departamento de imprensa do Governo alemão não quis confirmar por enquanto.
A sua última visita aconteceu em 2014, quando foi recebido pela chanceler, Angela Merkel, em qualidade de primeiro-ministro.