Shinzo Abe: Uma revista japonesa informou recentemente que o primeiro-ministro cuspiu sangue no início de julho (Issei Kato/Reuters)
AFP
Publicado em 24 de agosto de 2020 às 07h27.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, afirmou nesta segunda-feira (24) que passou por exames médicos em um hospital de Tóquio, pela segunda vez em oito dias, o que provocou novos boatos sobre um possível agravamento de seu estado de saúde.
"Cuidando da minha saúde, quero continuar trabalhando duro pelo país", afirmou à imprensa Abe, de 65 anos e que está no poder desde 2012, ao retornar para a residência oficial depois de passar várias horas no hospital.
"Hoje recebi os resultados detalhados de meus exames da semana passada e fiz testes adicionais", acrescentou, antes de prometer revelar detalhes sobre sua saúde em "outra oportunidade".
Antes da declaração, o canal Nippon TV, citando fontes próximas ao Partido Liberal Democrata (PLD), a formação de Abe, afirmou que o primeiro-ministro recebeu na segunda-feira passada tratamento para uma doença que já havia sofrido antes e que a visita ao hospital não seria um simples controle médico.
Uma revista japonesa informou recentemente que Abe cuspiu sangue no início de julho. A imprensa destacou que o chefe de Governo não concedeu nenhuma entrevista coletiva importante nas últimas semanas.
A família do primeiro-ministro afirmou que ele precisava descansar.
O mandato de Abe como líder do PLD vai até setembro de 2021 e ele não tem um sucessor designado.
O porta-voz do governo, Yoshihide Suga, afirmou nesta segunda-feira que os exames médicos adicionais de Abe têm como objetivo determinar se ele pode permanecer no posto até a data prevista.
Suga disse que não observou "nenhuma mudança" no estado de saúde de Abe durante os encontros diários.
"Parece que o governo esperava que, com uma pausa, Abe conseguiria se recuperar e evitar uma eventual crise política", declarou à AFP Tobias Harris, analista em política japonesa do centro de estudos Teneo.
Mas após a segunda visita ao hospital "será cada vez mais difícil para o governo evitar divulgar informações mais transparentes" sobre a saúde de Abe, opinou Harris.
O analista, no entanto, considera que o PLD deve fazer todo o possível para "evitar o caos" que seria provocado por uma saída antecipada.
Abe bateu nesta segunda-feira o recorde de longevidade no cargo de primeiro-ministro do Japão no mesmo mandato (2.799 dias consecutivos). Ele já havia superado a marca em novembro do ano passado, mas contando sua primeira passagem à frente do país, muito mais efêmera (um ano entre 2006 e 2007).
Entre os motivos alegados para sua renúncia na época, Abe citou uma doença inflamatória crônica do intestino, da qual se declarou curado.
A popularidade do primeiro-ministro caiu nos últimos meses e registrou o menor nível desde que retornou ao poder em 2012, criticado por sua gestão na pandemia de coronavírus, com 62.000 contágios e 1.200 mortes no país. O número de casos aumenta desde o início de julho.
Com a crise provocada pela pandemia, o sonho de Abe para um crescimento econômico sustentável acabou, depois que o Japão entrou em recessão.