Para especialistas, Marina Silva deixa disputa com futuro promissor
Chances da candidata do PV dependem de fortalecimento do partido por meio de alianças
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h37.
São Paulo - A candidata à Presidência da República pelo PV, Marina Silva, confirmou as expectativas reveladas nas pesquisas eleitorais. Longe de ser um retrocesso na história política da candidata, seu desempenho (ela teve 19,33% dos votos válidos) dá origem a perspectivas otimistas. Segundo a cientista política Vera Chaia, da PUC-SP, Marina tem a possibilidade de usar os próximos anos para crescer e voltar às próximas eleições "com traquejo" e chances de ser eleita.
"Foi um grande avanço para ela, que conseguiu esta margem de votos sem ser conhecida nacionalmente, vinda de um pequeno estado", diz a professora. Para ela, tanto Marina quanto o PV mostraram aos outros partidos sua viabilidade eleitoral. Estas características tornam as perspectivas para a candidata bem diferentes, por exemplo, do rumo trilhado pela candidata do PSOL às eleições de 2006, Heloísa Helena.
Àquela época, Heloísa ganhou destaque ao concorrer com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB) pela presidência. A candidata foi derrotada no primeiro turno, quando conseguiu cerca de 6% dos votos. Nos anos seguintes, Heloísa perdeu projeção e força no cenário político nacional. Chegou a ser eleita vereadora de Maceió (AL) e, neste ano, concorre ao Senado por Alagoas.
Por outro lado, segundo especialistas, Marina tem uma agenda com mais chances de crescer frente ao eleitorado do que a representada por Heloisa Helena. A candidata do PSOL representava uma esquerda mais radical e que não vislumbrava temas que de grande repercussão com os eleitores.
"Marina Silva traz propostas que são globais. Esta questão de sustentabilidade hoje é uma preocupação geral, o que ajuda a candidata a aparecer. Isto é importante para que ela e o partido tenham exposição a temas emblemáticos. Embora já se falasse em desenvolvimento sustentável, quem trouxe este assunto com mais força no cenário político foi a Marina", diz a professora Maria Sousa Braga, cientista política da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar).
Musculatura
Para as duas pesquisadoras, a consistência de Marina Silva e sua preocupação tanto com questões sociais quanto com as ambientais ajudam a candidata a ficar em evidência até as próximas eleições. Entretanto, caso queira ter chances, ela deve buscar, junto com o PV, crescer no cenário político nacional.
"Agora começou uma etapa de ganho de musculatura. O PV conseguiu entrar em lugares onde não eram conhecidos. Mas o partido tem obrigação de atrair novos partidos e novos grupos políticos. Se mantiverem esta estrutura fechada, não chegarão à presidência. Foi o que o PT fez ao longo das últimas quatro eleições presidenciais", diz Maria Sousa Braga, da Ufscar.
O consenso é que o partido terá de fazer alianças e pensar em suas estratégias para ser um centro aglutinador, como fazem PT e PSDB. Além disso, as cientistas políticas defendem que Marina Silva deve continuar diversificando sua pauta de propostas.
"Ela começou falando de sustentabilidade, mas enriqueceu o discurso, e isto é bom para ela. Com uma reestruturação no PV e a manutenção desta postura por parte da Marina, ela terá condições de se fortalecer", afirma Vera Chaia, da PUC-SP.
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