Especialistas consideram inevitável queda de cidade curda
Especialistas militares concordam que os ataques aéreos não são suficientes, independentemente do poder de fogo
Da Redação
Publicado em 7 de outubro de 2014 às 17h38.
Paris - Apesar da forte resistência dos combatentes curdos, a tomada da cidade síria de Kobane pelos extremistas do Estado Islâmico ( EI ) parece inevitável, devido às decisões estratégicas da coalizão internacional e à hesitação da Turquia , segundo especialistas.
Os ataques do Estado Islâmico estão sendo acompanhados com apreensão em todo o mundo através das imagens captadas por redes de televisão do outro lado da fronteira, em território turco, que evidenciam a ineficácia dos bombardeios dos Estados Unidos e de seus aliados.
"Já é tarde para salvar Kobane. Este avanço do EI prova que a campanha de ataques da coalizão não alcançou seu objetivo de destruir a capacidade de organização militar da organização", explica Mario Abu Zeid, analista do centro americano Carnegie, em Beirute.
Os jihadistas, conscientes da atenção mundial, logo exibiram a bandeira negra do EI em uma colina no leste da cidade desta conhecida também por seu nome árabe Ain Al-Arab, sem que tivesse qualquer reposta aérea.
Todos os especialistas militares concordam que os ataques aéreos não são suficientes, independentemente do poder de fogo, e os ocidentais parecem ter abandonado à própria sorte uma cidade que é símbolo de resistência aos jihadistas.
"Quando se utiliza cobertura aérea, é preciso poder identificar claramente os combatentes para não haver disparos contra nossos amigos e contra a população. Nos arredores de Kobane existe esse problema", comenta Jean-Claude Allard, diretor de pesquisas do Instituto de Relações Internacionais e Estratégias (IRIS) em Paris.
Em terra, os combatentes curdos estão mal equipados, pouco organizados e desconhecem as tecnologias que permitem orientar os pilotos dos aviões ocidentais a disparar.
Enfrentam um inimigo bem armado, ágil e difícil de ser detectado porque estão misturados com a população.
Seria necessário utilizar helicópteros para bombardear de perto os jihadistas, mas a vulnerabilidade dessas aeronaves é muito maior. "Temos gente que sabe disparar contra helicópteros e que têm meios para atingi-los. Os ocidentais não vão utilizá-los por enquanto na Síria", prevê Allard.
A ambiguidade dos turcos
Para inverter realmente a situação em Kobani, são necessárias tropas de infantaria árabes e turcas, mas essa opção não parece viável a curto prazo.
A Turquia repete com insistência que não permitirá a queda de Kobane. Nesta terça-feira, seu presidente Recep Tayyip Erdogan pediu uma operação terrestre com urgência, mas ainda não é possível constatar deslocamentos em terra.
"A Turquia hesita porque teme que, a longo prazo, os curdos aproveitem a situação e obtenham sua autonomia regional. Talvez outros países do Oriente Médio devam tomar a frente", explica Erin Marie Saltman, especialista do centro de reflexão Quilliam de Londres.
Já para os ocidentais existem outras prioridades, apesar da comoção que Kobane desperta e de seus milhares de refugiados. "O ponto-chave é Badgá, não Kobane", afirmou uma fonte do governo francês.
Caso se concentre em Kobane, a comunidade internacional corre o risco de deixar o campo livre para o EI em outras cidades importantes, principalmente Bagdá. O grupo já se aproximou muito e está de olho no aeroporto", explica Saltman.
Paris - Apesar da forte resistência dos combatentes curdos, a tomada da cidade síria de Kobane pelos extremistas do Estado Islâmico ( EI ) parece inevitável, devido às decisões estratégicas da coalizão internacional e à hesitação da Turquia , segundo especialistas.
Os ataques do Estado Islâmico estão sendo acompanhados com apreensão em todo o mundo através das imagens captadas por redes de televisão do outro lado da fronteira, em território turco, que evidenciam a ineficácia dos bombardeios dos Estados Unidos e de seus aliados.
"Já é tarde para salvar Kobane. Este avanço do EI prova que a campanha de ataques da coalizão não alcançou seu objetivo de destruir a capacidade de organização militar da organização", explica Mario Abu Zeid, analista do centro americano Carnegie, em Beirute.
Os jihadistas, conscientes da atenção mundial, logo exibiram a bandeira negra do EI em uma colina no leste da cidade desta conhecida também por seu nome árabe Ain Al-Arab, sem que tivesse qualquer reposta aérea.
Todos os especialistas militares concordam que os ataques aéreos não são suficientes, independentemente do poder de fogo, e os ocidentais parecem ter abandonado à própria sorte uma cidade que é símbolo de resistência aos jihadistas.
"Quando se utiliza cobertura aérea, é preciso poder identificar claramente os combatentes para não haver disparos contra nossos amigos e contra a população. Nos arredores de Kobane existe esse problema", comenta Jean-Claude Allard, diretor de pesquisas do Instituto de Relações Internacionais e Estratégias (IRIS) em Paris.
Em terra, os combatentes curdos estão mal equipados, pouco organizados e desconhecem as tecnologias que permitem orientar os pilotos dos aviões ocidentais a disparar.
Enfrentam um inimigo bem armado, ágil e difícil de ser detectado porque estão misturados com a população.
Seria necessário utilizar helicópteros para bombardear de perto os jihadistas, mas a vulnerabilidade dessas aeronaves é muito maior. "Temos gente que sabe disparar contra helicópteros e que têm meios para atingi-los. Os ocidentais não vão utilizá-los por enquanto na Síria", prevê Allard.
A ambiguidade dos turcos
Para inverter realmente a situação em Kobani, são necessárias tropas de infantaria árabes e turcas, mas essa opção não parece viável a curto prazo.
A Turquia repete com insistência que não permitirá a queda de Kobane. Nesta terça-feira, seu presidente Recep Tayyip Erdogan pediu uma operação terrestre com urgência, mas ainda não é possível constatar deslocamentos em terra.
"A Turquia hesita porque teme que, a longo prazo, os curdos aproveitem a situação e obtenham sua autonomia regional. Talvez outros países do Oriente Médio devam tomar a frente", explica Erin Marie Saltman, especialista do centro de reflexão Quilliam de Londres.
Já para os ocidentais existem outras prioridades, apesar da comoção que Kobane desperta e de seus milhares de refugiados. "O ponto-chave é Badgá, não Kobane", afirmou uma fonte do governo francês.
Caso se concentre em Kobane, a comunidade internacional corre o risco de deixar o campo livre para o EI em outras cidades importantes, principalmente Bagdá. O grupo já se aproximou muito e está de olho no aeroporto", explica Saltman.