Enviado da ONU destaca avanço no processo para reunificar Chipre
O enviado da ONU disse que "é o momento no qual os cipriotas poderão superar todos os assuntos internos"
EFE
Publicado em 11 de janeiro de 2017 às 14h48.
Última atualização em 11 de janeiro de 2017 às 14h48.
Genebra - O enviado especial da ONU para o Chipre , Espen Barth Eide, afirmou nesta quarta-feira que a conferência multilateral de amanhã entre greco-cipriotas e turco-cipriotas e Turquia, Grécia e Reino Unido "não será o fim" do processo de paz, mas espera que seja um "bom começo".
"O que ocorrerá amanhã é histórico, qualquer que seja o resultado, porque é a primeira vez que Turquia, o Reino Unido e Grécia se reúnem com os cipriotas para abordar este problema muito complicado, especialmente a estrutura inteira de segurança" que será criada no Chipre reunificado, afirmou Eide.
O enviado da ONU disse que "é o momento no qual os cipriotas poderão superar todos os assuntos internos" e fixar uma estrutura de segurança de um Chipre reunificado, apesar de "um acordo político global ainda levar algum tempo", dado o trabalho jurídico pela frente, como as emendas na Constituição.
Eide também confirmou que para amanhã é esperada a presença em Genebra dos ministros das Relações Exteriores do Reino Unido, Boris Johnson, da Turquia, Mevlüt Çavusoglu, e da Grécia, Nikos Kotzias, representando os países fiadores da independência e soberania do Chipre.
Os líderes greco e turco-cipriota, Nicos Anastasiades e Mustafá Akinci, respectivamente, aproveitaram os três dias de diálogo e adiantar as negociações de paz no Palácio das Nações da ONU.
Eide explicou que as duas partes abordaram todos os aspectos controversos, como a governabilidade, a propriedade e a segurança e as garantias. "Resolvemos vários assuntos e estamos perto de resolver outros pontos", explicou o enviado especial da ONU em entrevista coletiva antes da troca de mapas entre Anastasiades e Akinci, programada para esta noite.
Os mapas definirão os limites administrativos e as porcentagens do território e da costa que cada Estado constituinte do Chipre reunificado passará a controlar.
Após conseguir a independência do Reino Unido em 1960, os conflitos étnicos entre a minoria turca (18% da população) e a maioria grega no Chipre culminaram em um golpe de Estado, apoiado pela junta militar em Atenas, em 1974.
A Turquia interveio em defesa de sua minoria e acabou instaurando uma ocupação com 35 mil soldados, até que em 1983 foi proclamada a República Turca do Norte do Chipre, não reconhecida pela ONU.
Desde então, 36,2% do território do país ficou sob domínio turco, e entre 140 mil e 160 mil greco-cipriotas fugiram da região.
Por sua vez, 45 mil turco-cipriotas que viviam no sul da ilha se deslocaram em direção ao norte.
A parte greco-cipriota pede o retorno a suas terras de 100 mil cidadãos expulsos do norte em 1974 e a devolução da cidade de Morfu.