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Em Tel Aviv, Blinken critica pressão de ministros de Israel para saída de palestinos de Gaza

Principal diplomata de Washington, Antony Blinken está em turnê pelo Oriente Médio na tentativa de evitar que o conflito em Gaza evolua para uma crise regional

Blinken: Eles nem devem e nem podem ser pressionados a deixar Gaza (Rodrigo Oropeza/Getty Images)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 8 de janeiro de 2024 às 11h05.

Em turnê pelo Oriente Médio na tentativa de acalmar as tensões regionais pela guerra entre Israel e Hamas em Gaza , o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, desembarca em Tel Aviv, nesta segunda-feira, após voltar a criticar o plano de ministros israelenses para reassentar palestinos deslocados pelo conflito fora do enclave.

O diplomata, que embarcou no fim da semana passada para uma viagem com nove paradas pela região, afirmou, durante um encontro com o primeiro-ministro do Catar, no domingo, que os civis palestinos deveriam ser autorizados a retornar a suas casas "assim que as condições permitissem" e que não deveriam ser "pressionados a deixar Gaza".

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— Eles nem devem e nem podem ser pressionados a deixar Gaza — afirmou Blinken, em uma coletiva de imprensa no domingo, ao lado do premier Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, em Doha.

O comentário do responsável pela política externa americana ocorreu após declarações de integrantes radicalizados do Gabinete de Benjamin Netanyahu. Na semana passada, Itamar Ben-Gvir (ministro da Segurança Nacional) e Bezalel Smotrich (ministro das Finanças), defenderam a promoção de uma "solução para incentivar" a emigração dos residentes de Gaza e o restabelecimento de assentamentos israelenses no enclave palestino.

As declarações de Ben-Gvir e Smotrich ocorreram em um momento particularmente sensível do conflito, após o assassinato do "número 2" da ala política do Hamas em um ataque à capital do Líbano enfurecer o Hezbollah, movimento libanês com capacidades militares superior aos palestinos. Na avaliação de especialistas, o incidente poderia ser o fator a desencadear uma entrada de fato do Hezbollah no conflito — até o momento limitada a bombardeios ao norte de Israel e escaramuças na fronteira — agravando ainda mais o conflito. Nesta segunda, um ataque israelense matou um comandante militar do grupo libanês.

O posicionamento da ala mais radical do governo também cria uma mensagem truncada da cúpula política israelense, uma vez que as autoridades do Gabinete de crise montado por Netanyahu, que efetivamente toma as decisões sobre os desdobramentos da guerra, tentaram acenar para uma saída dialogada com o Hezbollah, evitando um aprofundamento das hostilidades na fronteira norte.

Na avaliação de Washington, um agravamento da crise com o Hezbollah seria um cenário negativo para Israel, seu principal aliado na região, que teria que lidar com uma guerra em duas frentes (no Líbano e em Gaza), a medida que se torna alvo de cada vez mais críticas pelo mundo em razão do impacto civil da guerra no enclave palestino. Apesar disso, autoridades na administração Biden temem que o recrudescimento de um discurso polarizado na política interna de Israel influenciem o cálculo estratégico de Netanyahu, levando-o a aceitar uma ampliação do conflito para reforçar sua posição de poder.

Paradas no caminho

Blinken deve chegar no fim da tarde (horário de Israel) a Tel Aviv, reunindo-se com autoridades israelenses apenas na terça-feira. Antes de chegar ao Estado judeu, contudo, o secretário de Estado tem uma parada programada na Arábia Saudita, outro país estratégico para os EUA na região, para uma conversa com o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman.

A conversa com o líder saudita terá como pauta central os ataques dos rebeldes Houthis, do Iêmen, contra embarcações mercantes no Mar Vermelho — uma das principais implicações da guerra em Gaza para a comunidade internacional. Os Houthis, aliados do Irã, são adversários da coalizão internacional liderada por Riad na Guerra do Iêmen.

De acordo com autoridades americanas ouvidas pela AFP, a mensagem a ser transmitida em território saudita é que a extensão do conflito teria consequências severas para a região, além da tentativa de retomar as conversas de normalização diplomática entre o país e Israel, que foi suspensa após o início da guerra em Gaza.

Antes de voar para al-Ula, uma cidade oásis histórica no Oeste da Arábia Saudita, Blinken fez uma parada, nesta segunda, em Abu Dhabi, onde se encontrou com o presidente dos Emirados Árabes Mohamed bin Zayed Al Nahyan. De acordo com um comunicado da diplomacia americana, o secretário “enfatizou a importância de evitar uma maior propagação do conflito”. (Com AFP e NYT).

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