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Em meio a eleições, como avança a questão nuclear no Irã?

Autoridades dos EUA se dividem sobre qual linha o regime dos aiatolás vai seguir

Teerã conseguiu aumentar sua capacidade de desenvolvimento nuclear nos últimos meses (Sir Francis Canker Photography/Getty Images)

Teerã conseguiu aumentar sua capacidade de desenvolvimento nuclear nos últimos meses (Sir Francis Canker Photography/Getty Images)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 28 de junho de 2024 às 07h15.

Uma questão importante a respeito da eleição presidencial iraniana que acontece nesta sexta-feira no Irã é: qual a real capacidade nuclear do país dos aiatolás?

Com boa parte do mundo direcionando para as guerras em Gaza e na Ucrânia, o Irã aproximou-se mais do que nunca da capacidade de produzir armas nucleares, aumentando nas últimas semanas a velocidade com que pode produzir combustível nuclear. Isso tudo dentro de uma instalação praticamente imune a ataques que possam atingir o bunker, segundo o New York Times.

Esse desenvolvimento tecnológico caminha com um fator preocupante, de acordo com o jornal: pela primeira vez, membros da elite do governo de Teerã estão para abandonar o discurso proferido há décadas de que o programa nuclear do país é pacífico. Em vez disso, começaram a abraçar a linha de pensamento que que justifica a posse da bomba como um elemento de dissuasão muitos mais poderosos contra Israel, por exemplo.

Autoridades americanas ouvidas pelo NYT estão divididas sobre quais os próximos passos do Irã: ser vai mesmo assumir esse lado "atômico ofensivo" ou se vai permanecer no lado mais seguro e que todos conhecem - o país à beira de conseguir a bomba atômica, mas sem abandonar seus compromisso como um signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear.

Essas mesmas autoridades disseram que, embora o Irã possa agora produzir combustível suficiente para três ou mais bombas nucleares em questão de dias ou semanas, isso ainda levaria algo em torno de 18 meses para Teerã transformar esse combustível numa ogiva que pudesse ser lançada em mísseis como aqueles usados contra Israel em abril.

A última vez que Washington sentiu que enfrentava uma verdadeira crise nuclear com o Irã foi em 2013, quando o presidente Barack Obama despachou William Burns, então um alto funcionário do Departamento de Estado, e Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional do vice-presidente Joe Biden, para explorarem as possibilidades de um acordo com o recém-eleito presidente iraniano, Hassan Rouhani. Hoje Burns é diretor da CIA e Sullian tem o mesmo cargo, mas com Biden na Casa Branca.

De acordo com o NYTU, os iranianos estão conscientes de que os Estados Unidos estão determinados a evitar um alargamento do conflito no Médio Oriente, e tem havido mensagens secretas entre Washington e Teerã para destacar esses perigos. Os próprios iranianos, disse um alto funcionário do governo, sabem o quanto têm a perder se a guerra se espalhar.

No entanto, como afirmou um diplomata europeu envolvido em discussões com Teerã, se os iranianos tivessem enriquecido urânio aos níveis atuais há apenas alguns anos, quando a região não era um barril de pólvora, Israel certamente iria considerar opções militares para atacar a central nuclear iraniana

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