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Em Israel, Milei anuncia plano para transferir embaixada da Argentina para Jerusalém

Declaração foi feita ao ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, que o recebeu na pista do aeroporto Ben Gurion

Javier Milei, presidente eleito da Argentina (Tomas Cuesta/Getty Images)

Javier Milei, presidente eleito da Argentina (Tomas Cuesta/Getty Images)

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 6 de fevereiro de 2024 às 13h08.

Última atualização em 6 de fevereiro de 2024 às 13h27.

O presidente argentino, Javier Milei, anunciou nesta terça-feira o seu plano para transferir a embaixada do seu país — atualmente baseada em Tel-Aviv — para Jerusalém, logo após desembarcar em Israel. A declaração foi feita ao ministro das Relações Exteriores Israel Katz, que o recebeu no aeroporto Ben Gurion, próximo à capital do Estado Judeu.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, felicitou Milei pela decisão e por ter cumprido a promessa de campanha. Jerusalém é alvo de um conflito histórico travado há décadas entre judeus e palestinos, que reivindicam a região.

"Obviamente, meu plano é transferir a embaixada [da Argentina] para Jerusalém Ocidental", disse o líder argentino.

Em resposta, Katz agradeceu o presidente ultraliberal por ter "reconhecido Jerusalém como capital de Israel" e pelo anúncio da transferência, segundo a nota oficial do governo, divulgada pela agência de notícias italiana Ansa. Netanyahu também felicitou Milei pela decisão. Os líderes devem se reunir na próxima quarta-feira.

O Hamas, grupo palestino que controla a Faixa de Gaza desde 2007, condenou "veementemente" o anúncio de Milei, afirmando que considera a mudança "uma violação dos direitos do nosso povo palestino à sua terra e uma violação das regras do direito internacional, considerando Jerusalém como terra palestina ocupada".

O movimento islâmico palestino trava uma guerra em Gaza contra Israel, que eclodiu após o ataque terrorista contra o Estado judeu em 7 de outubro, que deixou 1,2 mil mortos e fez 250 reféns, segundo a autoridades israelenses. O Hamas alegou, na época, que a agressão era uma forma de "pôr fim a todos os crimes da ocupação [israelense]". Netanyahu prometeu aniquilar o grupo. Desde então, mais de 27 mil pessoas foram mortas, em sua maioria mulheres e menores de idade, segundo o Ministério da Saúde do enclave.

Promessa de campanha

A promessa da transferência foi feita quando Milei ainda estava concorrendo à Presidência. Como justificativa, o então candidato do partido A Liberdade Avança teria afirmado que "quando o UNO [como se refere a Deus] ordenou a Moisés para quebrar as primeiras tábuas da lei, a primeira palavra que pronunciou foi Jerusalém, onde o rei Davi estabeleceu a capital."

Em 2017, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já havia anunciado a transferência da embaixada do país para Jerusalém, após ter reconhecido a região como capital do Estado judeu. O empresário também teria ressaltado que estava cumprindo uma promessa de campanha. A inauguração da embaixada ocorreu em maio de 2018.

Atualmente, a maior parte dos países mantém suas embaixadas em Tel-Aviv, capital reconhecida internacionalmente, localizada próxima ao litoral. Apenas a Guatemala, Honduras e Kosovo, além dos EUA, transferiram suas embaixadas para Jerusalém, pontuou a Ansa. O ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, manifestou interesse na transferência, mas recuou.

A Argentina abriga a maior comunidade judaica da América Latina — são cerca de 300 mil pessoas. No passado, o país foi vítima de dois graves atentados com bomba, um contra a embaixada de Israel, em 1992, e o outro em 1994, contra a Associação Mutual Israelense Argentina — o ataque mais sério de sua História.

Disputa histórica

Jerusalém é alvo de uma disputa histórica entre Israel e a Palestina. Israel, reivindica que a região seja a sua capital, ao passo que os palestinos reivindicam que Jerusalém Oriental — que faz parte da Cisjordânia, atualmente governada pela Autoridade Nacional Palestina (ANP), mas sob controle militar israelense — seja a capital de um estado independente.

Os povos vivem em conflito há décadas — o mais duradouro do planeta. Nesse contexto, o anúncio de Milei ocorre durante a guerra entre Israel e o Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007. O conflito, contudo, tem aumentado a tensão no Oriente Médio, incluindo a Cisjordânia, com aumento de mortes e prisões de palestinos durante incursões israelenses.

Sagrada para judeus, muçulmanos e cristãos, Jerusalém é um dos principais alvos de conflitos seculares na região. Com seus 150 km², a cidade é considerada um dos berços dessas religiões, com importantes marcos para as narrativas desses povos.

Para os cristãos, por exemplo, Jerusalém é central por ter sido palco da paixão e morte de Jesus Cristo. A cidade antiga, ainda dentro dos limites da moderna, foi o local em que Cristo foi sepultado — o Monte Calvário, ou Gólgota. Já para os muçulmanos, ali foi o local em que o profeta Maomé ascendeu aos céus.

Por sua vez, os judeus consideram que Jerusalém é a cidade declarada pelo rei Davi como capital do seu povo. O templo da Arca da Aliança e as tábuas dos Dez Mandamentos também estariam abrigadas lá.

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