Em cúpula do G7, Lula e Milei dividem primeira agenda internacional de forma discreta
Principais líderes sul-americanos não foram fotografados juntos durante sessão sobre IA; não há previsão de encontro bilateral entre eles
Agência de notícias
Publicado em 14 de junho de 2024 às 15h26.
Última atualização em 14 de junho de 2024 às 17h33.
Entre os representantes do Sul Global convidados para a cúpula do G7, os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva , e da Argentina, Javier Milei, mantiveram uma distância discreta na primeira agenda internacional compartilhada pelos líderes dos dois maiores países sul-americanos. Lula e Milei devem retornar da Europa sem uma audiência pessoal entre os dois.
Os dois presidentes participaram, na manhã desta sexta-feira, da sessão sobre Inteligência Artificial e Energia, a mesma em que o Papa Francisco discursou pela proibição de "armas autônomas letais". Fotografados com outros líderes mundiais, Lula e Milei não posaram juntos para fotos. Durante a audiência que participaram, ficaram separados pelo presidente dos EUA, Joe Biden, que sentou ao lado de Milei, e pelos líderes de Turquia, Jordânia e Argélia.
A imprensa italiana especulou sobre o possível primeiro encontro entre Lula e Milei no país, antes do início do evento. De acordo com as fontes italianas, o encontro era uma expectativa pessoal da premier da Itália, Giorgia Meloni. À agência francesa AFP, o Itamaraty afirmou que “não houve solicitação” da Argentina para um encontro bilateral.
Lula e Milei evitam aproximações, ao passo que seus governos mantém uma relação institucional e diplomática de alto-nível, entre dois importantes parceiros regionais. Durante as eleições argentinas, o entorno do presidente expressou apoio direto ao candidato derrotado, Sergio Massa, enquanto Milei manteve contato direto com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Na posse do presidente argentino, Lula não viajou a Buenos Aires — Bolsonaro, sim.
Lula e Milei foram convidados dos líderes ocidentais como parte do diálogo com o Sul Global, que inclui amplamente a América Latina, África e grande parte do Oriente Médio e da Ásia. Meloni disse que os convites aos líderes externos ao bloco tinham objetivo da "fortalecer o diálogo com as nações" do Sul Global.
Em texto publicado no New York Times, os analistas Steven Erlanger e Mark Landler afirmaram que o foco a líderes não-ocidentais, mencionando nominalmente primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e o presidente Lula seria um "reconhecimento de que o Ocidente é menos dominante demograficamente e economicamente no mundo do que no passado".