Elizabeth II envia mensagem aos políticos sobre o Brexit: parem de brigar
Mesmo sem citar diretamente o Brexit, que será votado nos próximos dias, a monarca falou sobre convergência e diálogo
Reuters
Publicado em 25 de janeiro de 2019 às 10h18.
Última atualização em 25 de janeiro de 2019 às 10h19.
Londres - A rainha Elizabeth , do Reino Unido, enviou uma mensagem delicadamente codificada à classe política britânica sobre o Brexit, pedindo que parlamentares busquem pontos de convergência e observem a visão geral para solucionar a crise.
Com a aproximação do dia 29 de março, a data estabelecida por lei para a saída do Reino Unido da União Europeia, Londres está em sua mais profunda crise política em meio século à medida que enfrenta dificuldades para determinar como, ou até se, irá deixar o projeto europeu a qual aderiu em 1973.
Apesar de Elizabeth, de 92 anos, não ter mencionado o Brexit explicitamente em discurso anual feito em sua organização Women's Institute em Norfolk, a monarca disse que todas as gerações enfrentam “novos desafios e oportunidades”.
“À medida que buscamos novas respostas na era moderna, eu prefiro as receitas experimentadas e testadas, como falar bem uns dos outros e respeitar diferentes pontos de vista; se reunir para buscar pontos de convergência; e nunca perder de vista a visão geral”, disse a rainha.
Embora impregnados com a linguagem convencional que a rainha tornou sua marca registrada, os comentários, no contexto da crise britânica, são um sinal para que políticos solucionem a instabilidade que tem levado a quinta maior economia do mundo à beira de um desastre.
“Ela tem sido uma excelente monarca por quase 67 anos e esse é um momento particularmente bom, acho que é muito importante o que ela disse e como ela disse”, disse o historiador Peter Hennessy.
O Palácio de Buckingham se recusou a comentar, mas a mídia britânica foi clara sobre o significado dos comentários. A manchete do jornal Times dizia: “Acabem com rixa do Brexit, diz rainha a políticos em confronto”.
Como chefe de Estado, a rainha se mantém neutra em questões políticas em público e não é capaz de votar, embora antes do referendo de 2014 sobre a independência da Escócia a monarca tenha pedido que os escoceses pensassem com cuidado sobre o seu futuro.
O futuro do Brexit permanece imprevisível, com opções variando de uma saída desordenada, que preocuparia investidores por todo o mundo, até um novo referendo que poderia reverter o processo.
A primeira-ministra, Theresa May, está envolvida em uma última tentativa de angariar apoio para um alterado acordo de retirada, depois que os termos originais foram rejeitados pelo Parlamento neste mês, na pior derrota da história moderna britânica.