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Eletrobras fica de fora e Abengoa vence leilão de energia

A espanhola Abengoa foi a principal vencedora do primeiro leilão de transmissão de energia de 2013, arrematando três dos seis lotes negociados


	Abengoa: apenas seis dos 10 lotes oferecidos foram arrematados e o deságio oferecido pelas empresas ficou bem abaixo do deságio médio de todos os leilões realizados anteriormente
 (Divulgação/Divulgação)

Abengoa: apenas seis dos 10 lotes oferecidos foram arrematados e o deságio oferecido pelas empresas ficou bem abaixo do deságio médio de todos os leilões realizados anteriormente (Divulgação/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 16 de julho de 2013 às 19h38.

São Paulo - A espanhola Abengoa foi a principal vencedora do primeiro leilão de transmissão de energia de 2013, arrematando três dos seis lotes negociados, inclusive o principal do certame, no qual as tradicionais transmissoras de energia do país não arremataram nada.

Apenas seis dos 10 lotes oferecidos foram arrematados e o deságio oferecido pelas empresas ficou bem abaixo do deságio médio de todos os leilões realizados anteriormente, indicando um menor apetite dos investidores.

A estatal Eletrobras, que sempre foi ativa nos leilões realizados pelo governo desde 1999 e quase sempre arrematou algum lote, não levou nada no leilão, apesar de ter participar em 10 dos 11 consórcios cadastrados na competição.

Os outros três lotes foram arrematados pela também espanhola Isolux, a Neoenergia e um consórcio formado pelas empresas Bimetal Indústria Metalúrgica e Engeglobal Construções.

Vence a disputa quem oferece o maior deságio sobre a chamada Receita Anual Permitida, que é a receita máxima que a transmissora tem direito pela prestação do serviço..

O deságio médio do leilão foi de 11,96 %, ante deságio médio de 26,4 % nos outros leilões de transmissão. A expectativa da Associaciação das Grandes Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate) era de que o leilão tivesse uma taxa de deságio em linha com a média dos leilões anteriores.

O diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Julião Coelho, disse que a agência já esperava que não houvesse interesse em dois lotes que não tiveram ofertas.

Segundo ele, os lotes D, E, F e J não receberam propostas por motivos distintos.

No lote D, o problema foi a receita máxima anual de 2,5 milhões de reais, considerada pequena, o que exigiria maiores ganhos de sinergia com outros empreendimentos para compensar investimento. Já os lotes E, F e J teriam problemas fundiários.


"Não identifico o fato de esses lotes terem dado vazio como (consequência) de qualquer tipo de ação governamental, mas um problema das regiões e no caso do lote de (receita) de 2,5 milhões de reais, um problema de escala", disse Coelho durante coletiva de imprensa ao ser questionado sobre possível influência de mudanças regulatórias na atitude de investidores.

Este foi o primeiro leilão de transmissão depois de efetivada a renovação antecipada e condicionada das concessões de transmissão e geração de energia, que implicou redução de receita para as elétricas.

A taxa de remuneração sobre o capital investido (WACC) vem caído nos leilões de transmissão e, segundo o diretor da Aneel, não por interferência do governo.

"Nós temos parâmetros bastante objetivos e transparentes, não há espaço para que uma ação de governo, uma vontade do governo, faça com que a gente encolha ou aumente a taxa de retorno", disse o diretor da Aneel. Um dos parâmetros utilizados para a definição do WACC é o risco País, que vem caindo.

Representantes da Isolux e da Neoenergia presentes na coletiva de imprensa disseram que as taxas de retorno praticadas nos lotes que venceram no leilão foram "adequadas".

Além de Eletrobras, outras brasileiras tradicionais do setor, que foram habilitadas a participar do certame, também não arremataram nada. São elas a Taesa, empresa de transmissão da estatal mineira Cemig, e Copel, do governo do Estado do Paraná.

Empreendimentos

A espanhola Abengoa levou os lotes "B", "C" e "I", garantindo uma receita total anual de cerca de 292 milhões de reais, quando os empreendimentos entrarem em operação.

A empresa já tinha sido a principal vencedora do último leilão realizado em dezembro de 2012, quando voltou a participar de forma mais agressiva das rodadas de transmissão.


O grupo de engenharia e energia renovável, que não participou da coletiva de imprensa após o leilão e não estava disponível para comentar imediatamente, ficou com o maior lote da disputa - formado por uma subestação e cinco linhas num total de cerca de 1.760 quilômetros.

A receita garantida só com esse lote, que é parte do sistema de conexão das hidrelétricas da região Norte, é de cerca de 197 milhões de reais -- lance que representou um deságio de 5,02 % em relação ao faturamento máximo anual permitido.

A também espanhola Isolux ofereceu deságio de 15 % e ficou com o lote "H", garantindo receita anual de 52,75 milhões de reais. O lote, outro entre os principais do leilão, também faz parte da integração das hidrelétricas de grande porte da região Norte ao sistema e é localizado no Pará e Tocantins.

O diretor da Isolux Energia, Javier Casaseca, disse que o lote é composto de sistemas que têm integração com linhas que a empresa já tem no Pará.

"É uma linha muito interessantes para nós... une duas linhas que temos", disse ele.

Já a Neoenergia, em que a espanhola Iberdrola tem participação de 40 %, obteve o lote "G" --que promoverá o escoamento de energia de usinas eólicas da região Nordeste e reforçará a rede de transmissão elétrica local. A empresa ofereceu deságio de 6,29 % sobre a receita máxima permitida e garantiu uma receita anual de 18,79 milhões de reais quando o empreendimento entrar em operação.

"É uma linha muito importante dentro da estratégia empresarial da Neoenergia", disse o superintendente jurídico da empresa, Roberto Federici. A linha será a primeira em 500 kV, da empresa.

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