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Eleições americanas: o que esperar da votação nos 15 estados em disputa na Super Terça

Trump é amplo favorito e um resultado expressivo pode levar Nikki Haley, sua última rival no partido, a desistir da candidatura

Trump: em 2016, a Super Terça foi o momento em que o ex-presidente realmente passou a liderar e mostrar sua força nas primárias republicanas. (Saul Loeb/AFP)

Publicado em 5 de março de 2024 às 05h37.

Última atualização em 5 de março de 2024 às 10h57.

Esta terça-feira já seria um dia especial no longo calendário das eleições americanas , quando os eleitores de 15 estados terão votações primárias para presidente. Mas a votação esquentou ainda mais depois de a Suprema Corte dos Estados Unidos decidir, ontem, que o ex-presidente Donald Trump não pode ser barrado da disputa eleitoral.

É uma decisão que dá fôlego extra a Trump, amplamente favorito na disputa republicana. Um resultado expressivo, como se espera para esta terça-feira, pode fazer sua principal adversária, a ex-governadora Nikki Haley, abandonar a disputa. Do lado democrata, as votações serão mais uma oportunidade de confirmar a candidatura do atual presidente, Joe Biden.

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A Super Terça foi destrinchada no mais novo episódio do podcast "O Caminho para a Casa Branca", um programa co-produzido pela Exame e pela Gauss Capital. Mauricio Moura, professor da Universidade George Washington, junto com os jornalistas da EXAME Luciano Pádua e Rafael Balago, detalham o cenário eleitoral em cada um dos estados: Alabama, Alasca, Arkansas, Califórnia, Colorado, Maine, Massachusetts, Minnesota, Carolina do Nortes, Oklahoma, Tennessee, Texas, Utah, Vermont, Virgínia, além de Samoa Americana e Iowa (onde apenas os democratas vão às urnas).

Para além das urnas, o dia deve trazer novos sinais e novos capítulos numa eleição sui generis, em que o mais importante acontece fora das urnas. Pode ser na Justiça, ou nos corredores do partido democrata.

"Seria muito mais fácil para os democratas ter um candidato que não fosse o Biden. Por que aí a eleição seria exclusivamente sobre o Trump, e não um duelo de narrativas", diz Moura. "Mesmo quem votou no Biden em 2020, 76% acha que ele não deveria ser candidato. A única forma de mudança seria o Biden levantar a mão e dizer: não quero".

Ainda faltam 8 longos meses para o novo presidente americano ser conhecido.

Estados que votam na Super Terça (Arte Exame)

O desempenho de Biden e Trump em Super terças anteriores

Em 2016, a Super Terça foi o momento em que Trump realmente passou a liderar e mostrar sua força nas primárias republicanas. Trumpvenceu sete das 11 disputas, embora tenha perdido no Texas, segundo colégio eleitoral mais importante para o partido nas prévias.

Já em 2024, Trump venceu quase todas as disputas antes da Super terça -só perdeu para Nikki Haley na capital Washington. O candidato republicano precisa de 1.215 delegados para ser indicado à Presidência. Só na Super terça republicana estão em jogo 854 delegados.Trump já tem 273.

Do lado democrata, em 2020, Biden venceu 10 das 14 disputas da Super Terça. Como Trump, ele não enfrentou nenhuma competição séria dentro do partido neste ano e espera-se, como é tradicional para o presidente que busca a reeleição, que vença todas as disputas na terça-feira. Biden precisa de 1.968 dos 3.934 delegados. Ele tem 206.

Apesar do amplo favoritismo, nem Trump nem Biden conseguirão a nomeação oficial  na Super Terça com os delegados em disputa. Pelos cálculos, os dois só poderiam ser confirmados como candidatos a partir de meados de março: Trump em 12 de março e Biden, dia 19. No entanto, a Super Terça pode fazer com que seus poucos rivais desistam da campanha, deixando o caminho livre. Trump tem apenas Nikki Haley como competidora no partido, e Biden enfrenta só o deputado Dean Philips.

Como surgiu a Super Terça?

O sistema atual das primárias foi adotado a partir dos anos 1970. Nas primárias, eleitores decidem qual deve ser o candidato do partido. Elas são realizadas ao longo do primeiro semestre do ano eleitoral, mas as datas de votação em cada estado costuma mudar.

O sistema atual das primárias foi adotado a partir dos anos 1970. O nome "Super Terça" foi sendo adotado como apelido para a data que concentra mais votações em um mesmo dia. Seu peso foi variando ao longo do tempo, assim como sua data no calendário. No começo dos anos 1980, a Super Terça era o apelido da última terça com votações, em junho.

Em 1988, 21 estados, a maioria do Sul, realizaram primárias na mesma data. Os democratas nos estados do Sul, querendo um candidato moderado, programaram suas primárias para conseguir mais poder no processo. O então governador de Massachusetts, Michael Dukakis, um liberal, ganhou em boa parte das primárias da Super Terça daquele ano. Quatro anos depois, o então governador do Arkansas, Bill Clinton, conquistou todos os estados do Sul na Super Terça de 1992. O sucesso dos dois em levar a nomeação em seus respectivos anos ajudou a criar a narrativa de que a Super Terça é uma data definidora das eleições.

No entanto, em 2008, Barack Obama e Hillary Clinton dividiram os delegados em disputa naquela ocasião, e a definição ocorreu mais à frente. Já pelo lado republicano, o senador John McCain teve um desempenho decisivo para tirar o ex-governador de Massachusetts, Mitt Romney, da corrida republicana. No pleito seguinte, em 2012, Romney conseguiu impulso para sedimentar sua candidatura após um bom desempenho na Super Terça. Ele obteve a nomeação, mas perdeu para Obama na votação final.

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