"É urgente reenergizar relação com Brasil", diz chefe da diplomacia da UE
Para além do Brasil, o Alto Representante da União Europeia para as Relações Exteriores, Josep Borrell, defendeu apoio europeu aos países latino-americanos
AFP
Publicado em 20 de outubro de 2020 às 11h15.
Última atualização em 20 de outubro de 2020 às 11h16.
A União Europeia (UE) deve mostrar sua solidariedade e apoiar a recuperação da América Latina, que enfrenta uma enorme recessão e é duramente afetada pela pandemia de coronavírus -- afirmou o chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrell, nesta terça-feira, 20.
Em um artigo publicado em seu blog oficial, o alto representante da UE para as Relações Exteriores defendeu que é necessário "mostrar nossa solidariedade com seus 665 milhões de habitantes. Apoiar a região em uma recuperação verde, digital, sustentável e inclusiva é um interesse mútuo".
Na visão do chefe da diplomacia europeia, a pandemia "deteriorou a situação" na América Latina e conduziu a um "alarmante crescimento da pobreza e da desigualdade".
De acordo com Borrell, antes mesmo do início da pandemia, era evidente uma frustração generalizada na região latino-americana, à medida que os "progressos de desenvolvimento obtidos em décadas recentes começaram a retroceder".
Borrell recordou que Europa e América Latina não organizam uma reunião de cúpula desde 2015 e acrescentou que as missões diplomáticas da UE "enviam relatórios de um crescente sentimento de abandono", enquanto os Estados Unidos mantêm contato permanente "e os investimentos da China se multiplicaram por 10 em uma década" na região.
Para Borrell, é "urgente reenergizar as relações da UE com México e Brasil, nossos principais associados estratégicos na região. Devemos nos movimentar rapidamente em direção a reuniões em 2021".
Borrell também indicou que a ratificação do acordo entre a UE e o Mercosul pode ser uma ferramenta importante na reaproximação, mas advertiu que as preocupações europeias com o impacto ambiental são "legítimas".
"É legítimo que os cidadãos europeus hesitem em assinar um tratado com países que rejeitam o Acordo de Paris, cujas políticas na Amazônia geram importantes preocupações ambientais", escreveu.
Ele destacou, no entanto, que "o custo político e econômico do fracasso seria considerável: depois de 20 anos de negociações, virou uma questão de credibilidade para a Europa na região".
Na visão de Borrell, o acordo UE-Mercosul não deve ser visto como um mero entendimento de comércio, e sim como uma "ferramenta que permita às duas regiões reagir de maneira melhor ao crescente confronto entre Estados Unidos e China".
O cenário de confronto entre Washington e Pequim -- advertiu Borrell -- pode deixar América Latina e Europa "em uma posição de subordinação estratégica".