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Discrição de Tillerson não dá pistas sobre política dos EUA

Permanecendo quase mudo, ele tem sua postura posta em contraste com a loquacidade de seu antecessor democrata, John Kerry

Rex Tillerson: o secretário se negou a responder aos jornalistas que o questionavam em suas muitas idas e vindas (Brendan Smialowski/Pool/Reuters)
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AFP

Publicado em 17 de fevereiro de 2017 às 14h14.

A reunião do G20 deveria servir para que a diplomacia americana esclarecesse o rumo da administração Trump, mas o novo secretário de Estado, Rex Tillerson, permaneceu quase mudo, deixando dúvidas no ar.

"Onde está Rex Tillerson? O chefe da diplomacia segue se mantendo 'low profile'", afirmou o jornal New York Times. "Tillerson permanece em silêncio sobre a política externa americana", relatou, por sua vez, o alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ).

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Extremamente discreto em Washington desde que chegou ao Departamento de Estado, no fim de janeiro, Tillerson deixa a Casa Branca ditar o tom sobre os assuntos internacionais, e este homem, que foi presidente da ExxonMobil, não modificou seu estilo em Bonn nos últimos dois dias.

Em sua viagem à Europa, só aceitou que o acompanhassem a partir dos Estados Unidos poucos jornalistas e praticamente não lhes dirigiu a palavra, em linha com sua conduta em casa, onde até agora fez apenas um breve discurso para sua equipe de trabalho e não realizou nenhuma coletiva de imprensa.

O contraste com a loquacidade de seu antecessor democrata John Kerry é palpável.

Esquivo com os jornalistas

Apesar de ter emendado encontros com seus colegas das principais potências mundiais quase em modo "speed dating", Tillerson não disse praticamente nada em público, deixando seus interlocutores explicarem o ocorrido nas entrevistas.

Também se negou a responder aos jornalistas que o questionavam em suas muitas idas e vindas, parecendo inclusive se divertir com este jogo de gato e rato.

À pergunta do ministro das Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, sobre se estavam sendo gravados por jornalistas que estavam próximos, Tillerson respondeu: "Nunca desistem".

O secretário de Estado, que chegou ao G20 apoiado por um diplomata de carreira que já tinha um posto relevante no governo de Barack Obama, Thomas Shannon, se contentou em publicar dois comunicados sobre Coreia do Norte e China.

Em dois dias só se apresentou diante das câmeras para ler uma breve declaração sobre um tema: as relações com a Rússia.

Nela, Tillerson oferecia cooperação a Moscou, mas apenas se servir aos interesses americanos, e convocava o Kremlin a fazer os acordos de paz na Ucrânia serem respeitados.

Este engenheiro texano de 64 anos, amador na política e na diplomacia, tem fama de homem forte.

Também é considerado próximo a Moscou: em 2012 recebeu das mãos de Vladimir Putin a ordem russa da Amizade e se pronunciou contra as sanções à Rússia quando trabalhava para a ExxonMobil, em 2014.

"Kremlinologia"

Seus colegas do G20 pareciam lutar para entender as posições confusas dos Estados Unidos sobre temas como a questão nuclear com o Irã ou o conflito israelense-palestino.

O ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault, afirmou depois de se reunir com Tillerson que era necessária "mais precisão em muitos assuntos; até o momento é tudo muito geral".

Mas o que Tillerson busca com sua discrição? "Para os diplomatas ocidentais, a razão de sua prudência é clara - sua credibilidade desaparecia rapidamente se tivesse que ajustar sua postura o tempo todo para encaixar com a última linha proveniente da Casa Branca", afirmou o Frankfurter Allgemeine Zeitung.

As chancelarias especulam sobre a influência real de Rex Tillerson e o fato de saber se fala em nome de Donald Trump. "O futuro dirá", afirma Jean-Marc Ayrault.

"Tentar avaliar a relação de forças na administração americana atual é como o que nos tempos da União Soviética chamávamos de Kremlinologia", brincou um diplomata europeu.

Questionado sobre o que havia obtido deste encontro do G20, Tillerson manteve sua concisão habitual: "Conheci muita gente, fiz muitos amigos".

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