Mundo

Dilma dá novos conselhos para a Europa sair da crise

A presidente destacou a estabilidade e o crescimento brasileiros, deu conselhos sobre desenvolvimento e ouviu os presidentes do Conselho Europeu e da Comissão Europeia

Dilma afirmou que a economia global enfrenta a "segunda fase da crise" (Roberto Stuckert Filho/PR)

Dilma afirmou que a economia global enfrenta a "segunda fase da crise" (Roberto Stuckert Filho/PR)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de outubro de 2011 às 10h31.

Bruxelas - Atravessando conjunturas econômicas opostas, líderes políticos do Brasil e da Europa viveram na manhã de hoje, em Bruxelas, uma inédita inversão de papeis na cúpula da União Europeia - Brasil. Em visita oficial, a presidente Dilma Rousseff destacou a estabilidade e o crescimento brasileiros, deu conselhos sobre desenvolvimento e ouviu garantias dos presidentes do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, de que a Europa vai controlar a sua crise e estabilizar a sua moeda.

Dilma chegou à sede do Conselho Europeu com meia hora de atraso para participar da reunião de duas horas, que foi o encontro mais importante da agenda da chefe de Estado brasileira em Bruxelas. A nova edição da cúpula, a quinta desde 2007, tinha como objetivo a assinatura acordos de cooperação nas áreas de clima e meio ambiente, pesquisa acadêmica e desenvolvimento que aprofundam a "parceria estratégica" entre o bloco e o Brasil.

No final da manhã, as três autoridades falaram aos jornalistas, sem abrir espaço para perguntas. E aí a diferença de discursos se fez notar. Dilma reiterou a necessidade de parceria com a UE para assuntos de política externa como a Primavera Árabe e o meio ambiente, mas ressaltou a pauta econômica. A presidente afirmou que o G-20 de Londres, em 2009, evitou o colapso do sistema financeiro e reduziu os efeitos da recessão, mas não trouxe o crescimento sustentável e a redução do desemprego. "É preciso ter claro que a ausência de regulação do sistema financeiro está na origem de todo esse processo", analisou.

Dilma afirmou que a economia global enfrenta a "segunda fase da crise". "A política de socorro ao sistema financeiro levou a um elevado endividamento público na grande maioria dos países desenvolvidos", opinou. "Estamos agora diante de um aumento do risco soberano e é fundamental a coordenação política entre os países para fazer face a esse momento internacional."

Pelo segundo dia consecutivo, Dilma colocou-se na posição de exemplo à Europa. "O Brasil e outros países emergentes têm demonstrado nos últimos anos que crescimento, geração de renda, aumento do emprego e da produtividade são compatíveis com responsabilidade e equilíbrio fiscal", disse, observada por Barroso e Rompuy. "Nossa região, que foi durante mais de 20 anos sinônimo de crise, é hoje uma das que mais cresce no mundo."


A presidente ainda se colocou à disposição para auxiliar o parceiro. "O êxito da UE é extremamente importante não apenas para os europeus, mas para a humanidade. O Brasil será sempre uma voz solidária à UE."

Já os dois líderes europeus fizeram o discurso inverso e multiplicaram as garantias de que o bloco vai contornar a crise das dívidas soberanas. Porta-voz dos chefes de Estado e de governo da UE, Rompuy foi o mais enfático. "Eu sublinhei à presidente a determinação da UE de manter a estabilidade da zona do euro e assegurar crescimento econômico e produtividade", relatou. "A Europa vai continuar a trabalhar para reduzir tensões no mercado de dívidas soberanas e reforçar os fundamentos da união monetária", assegurou

Além disso, o Rompuy elogiou o crescimento e o grau de estabilidade alcançado pelo Brasil em meio à crise e pediu a colaboração do país no G-20 de Cannes, a ser realizado em novembro, para que avanços sejam obtidos na reforma da economia mundial. "Uma ação coordenada será necessária para evitar que a economia global mergulhe na recessão. E a UE e o Brasil vão cooperar em proximidade para atuar na cúpula do G20."

Acompanhe tudo sobre:BélgicaCrise econômicaCrises em empresasDilma RousseffDiplomaciaEuropaPaíses ricosPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos TrabalhadoresUnião Europeia

Mais de Mundo

Missão da SpaceX foi ao resgate de astronautas presos na ISS

Após morte de Nasrallah, Netanyahu afirma que “trabalho ainda não está concluído”

Bombardeio israelense atinge arredores do aeroporto de Beirute

Morte de Nasrallah é golpe contra Hezbollah, mas impactos são incertos