Aleppo: mais de 430 pessoas morreram nestes ataques nesta zona da cidade desde o início da operação (Abdalrhman Ismail/Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de outubro de 2016 às 12h09.
Dezenas de civis morreram nesta segunda-feira em novos bombardeios do regime sírio e de seu aliado, Rússia, contra os bairros rebeldes de Aleppo (norte da Síria), ao mesmo tempo em que a União Europeia (UE) estudava novas sanções contra Damasco.
Antiga capital econômica do país, Aleppo é atualmente uma cidade devastada pelos intensos bombardeios e ataques das forças do governo de Bashar al-Assad, que buscam se apoderar da parte leste da cidade, que não controlam há quatro anos.
A Rússia, que apoia a partir do ar a ofensiva de Damasco, é acusada de possíveis crimes de guerra e podem recair sobre ela sanções.
Os principais países envolvidos no conflito perseveravam nesta segunda-feira em seus esforços diplomáticos do fim de semana para colocar fim a este conflito.
O último bombardeio, contra o bairro rebelde de Marje, custou a vida de 13 civis, entre eles 9 crianças, o que eleva a 46 o número de mortos nesta zona da cidade em 24 horas, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Segundo um correspondente da AFP, os Capacetes Brancos, os socorristas da defesa civil nas zonas insurgentes, trabalhavam incansavelmente desde sábado para resgatar dezenas de pessoas dos escombros no bairro de Qaterji, onde, segundo o OSDH, 17 civis morreram.
"A aviação russa cometeu um massacre em Qaterji ao bombardear um edifício de cinco ou seis andares", afirmou Abu Mohamad, um motorista de ambulâncias.
"Ainda há famílias inteiras entre os escombros. Encontramos sete ou oito corpos e dezenas de feridos. Os hospitais estão lotados. É um desastre", lamentou.
Os aviões russos e sírios bombardeiam diariamente Aleppo em apoio à grande ofensiva das forças do regime para conquistar os bairros rebeldes.
Mais de 430 pessoas morreram nestes ataques nesta zona da cidade desde o início da operação, em 22 de setembro, segundo o OSDH.
Por sua vez, 82 habitantes perderam a vida por disparos de rebeldes contra as regiões governamentais no oeste da metrópole, informou esta ONG.
Como resposta a esta ofensiva sangrenta, os Estados Unidos e a Grã-Bretanha ameaçaram neste fim de semana com várias sanções econômicas contra a Síria e a Rússia.
"Propomos muitas medidas, incluindo algumas suplementares contra o regime e quem o apoia", afirmou o ministro das Relações Exteriores britânico, Boris Johnson.
A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, descartou, no entanto, nesta segunda-feira sanções contra a Rússia, antes de iniciar uma reunião em Luxemburgo dos 28 chanceleres europeus centrada no conflito sírio.
Em relação ao regime sírio, a União Europeia pode, no entanto, decidir aplicar novas sanções, que se somariam às já impostas por Bruxelas contra pessoas próximas ao presidente sírio, acrescentou.
No sábado em Lausanne, na Suíça, Estados Unidos e Rússia, assim como os países vizinhos da Síria, a metade dos quais apoia o regime e a outra os rebeldes sírios, se reuniram para discutir o conflito. Mas o encontro terminou sem avanços concretos.
No domingo em Londres, Estados Unidos e seus aliados europeus voltaram a se reunir. O secretário de Estado americano, John Kerry, abordou a ideia de pressionar o presidente russo, Vladimir Putin, para tentar convencê-lo de que um cessar-fogo beneficiaria a Rússia.
O conflito sírio, que começou em 2011 com a repressão do regime de Bashar al-Assad às manifestações a favor da democracia, deixou mais de 300.000 mortos, além de milhões de deslocados e refugiados.