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Detratores de Chávez abrem champanhe e torcem por nova era

Em 14 anos de governo, Chávez polarizou o país com críticos o descrevendo como um déspota que arruinou a economia e intimidou adversários

Figura inflável de Hugo Chávez na Venezuela: de Caracas a Miami alguns antichavistas estouraram champanhes para comemorar morte do presidente (Jorge Dan Lopez/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 8 de março de 2013 às 10h36.

Caracas - Enquanto centenas de milhares de venezuelanos fazem fila para se despedir do presidente Hugo Chávez , os oponentes dele rezam para que a "revolução bolivariana" morra junto com o seu criador, e há até quem tenha estourado champanhe para celebrar.

Caminhando por um parque arborizado no bairro mais rico de Caracas, longe da comoção que cerca o velório de Chávez, o documentarista aposentado Cesar Caballero suspirou com profundo alívio ao falar da morte do presidente.

"Às vezes a natureza intervém e elimina coisas que simplesmente não são boas", disse Caballero, de 66 anos, que vestia um boné de beisebol com a palavra "Kansas".

"Ele causou mais dano à Venezuela do que qualquer um. O país se quebrou em duas partes, cada uma odeia a outra. Chávez fez isso." O presidente, que morreu na terça-feira, aos 58 anos, após quase dois anos de luta contra um câncer, era amado pelos venezuelanos pobres por causa do seu jeito simples, da sua retórica antiamericana e acima de tudo pelos generosos programas sociais bancados com dividendos do petróleo.

Em cenas intensamente emotivas, uma multidão passa incessantemente diante do corpo de Chávez num academia militar de Caracas. Crianças e idosas desmaiavam no calor da fila, e um telão mostrava a reação das pessoas nos breves instantes em que podiam ficar diante do caixão --prestando continência, erguendo o punho, persignando-se e, em alguns casos, perdendo os sentidos.

"Ele não se foi, ele vai viver por meio de nós", gritava uma multidão formada por jovens, idosas e mulheres com filhos sobre os ombros.

Mas Chávez polarizou a Venezuela em seus 14 anos de governo, e críticos o descrevem como um déspota que arruinou a economia, intimidou adversários e colocou investidores e famílias de classe média em fuga.

De Caracas a Miami --reduto do autoexílio venezuelano--, alguns antichavistas estouraram champanhes para comemorar a morte dele.

"Podem me chamar de não-religiosa, ofensiva, o que quiserem, mas abri uma garrafa de champanhe com a minha família quando eu soube da notícia", disse a esposa de um rico empresário de Caracas, pedindo anonimato. "Deus me perdoe pelo que estou dizendo, mas juro que ele fez tanto mal a este país que mereceu isso." Mas as expectativas de fim do chavismo podem ser precipitadas. Pela Constituição, uma nova eleição deverá ser convocada em breve, e ela provavelmente contraporá o presidente interino Nicolás Maduro --apontado em vida por Chávez como seu herdeiro político-- ao governador oposicionista Henrique Capriles, que foi derrotado por Chávez na última eleição presidencial, em outubro passado.

Analistas preveem um amplo favoritismo para Maduro.

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Caracas - Enquanto centenas de milhares de venezuelanos fazem fila para se despedir do presidente Hugo Chávez , os oponentes dele rezam para que a "revolução bolivariana" morra junto com o seu criador, e há até quem tenha estourado champanhe para celebrar.

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"Ele causou mais dano à Venezuela do que qualquer um. O país se quebrou em duas partes, cada uma odeia a outra. Chávez fez isso." O presidente, que morreu na terça-feira, aos 58 anos, após quase dois anos de luta contra um câncer, era amado pelos venezuelanos pobres por causa do seu jeito simples, da sua retórica antiamericana e acima de tudo pelos generosos programas sociais bancados com dividendos do petróleo.

Em cenas intensamente emotivas, uma multidão passa incessantemente diante do corpo de Chávez num academia militar de Caracas. Crianças e idosas desmaiavam no calor da fila, e um telão mostrava a reação das pessoas nos breves instantes em que podiam ficar diante do caixão --prestando continência, erguendo o punho, persignando-se e, em alguns casos, perdendo os sentidos.

"Ele não se foi, ele vai viver por meio de nós", gritava uma multidão formada por jovens, idosas e mulheres com filhos sobre os ombros.

Mas Chávez polarizou a Venezuela em seus 14 anos de governo, e críticos o descrevem como um déspota que arruinou a economia, intimidou adversários e colocou investidores e famílias de classe média em fuga.

De Caracas a Miami --reduto do autoexílio venezuelano--, alguns antichavistas estouraram champanhes para comemorar a morte dele.

"Podem me chamar de não-religiosa, ofensiva, o que quiserem, mas abri uma garrafa de champanhe com a minha família quando eu soube da notícia", disse a esposa de um rico empresário de Caracas, pedindo anonimato. "Deus me perdoe pelo que estou dizendo, mas juro que ele fez tanto mal a este país que mereceu isso." Mas as expectativas de fim do chavismo podem ser precipitadas. Pela Constituição, uma nova eleição deverá ser convocada em breve, e ela provavelmente contraporá o presidente interino Nicolás Maduro --apontado em vida por Chávez como seu herdeiro político-- ao governador oposicionista Henrique Capriles, que foi derrotado por Chávez na última eleição presidencial, em outubro passado.

Analistas preveem um amplo favoritismo para Maduro.

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