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Desempregados inventam atividades no aeroporto de Madri

Espanhóis vendem bolsas para aliviar excesso de bagagem, alugam laptops e trabalham como carregadores, entre outros

Aeroporto de Madri: marfinense desempregado toca música e faz bico de carregador (Jasper Juinen/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 4 de fevereiro de 2011 às 10h34.

Madri - A crise estimulou a criatividade de desempregados na Espanha, que decidiram "tentar a vida" no aeroporto de Madri-Barajas, onde inventaram atividades como vender bolsas para aliviar o excesso de bagagem, alugar laptops ou trabalhar como carregadores.

Os carregadores aguardam pelos passageiros de voos de longas distâncias e pelos mais apressados com carrinhos nas vias do lado de fora da área de embarque.

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Seus principais clientes são os viajantes com muito peso, que têm sua bagagem descarregada do porta-malas do carro e levada até os guichês de check-in em troca de uma gorjeta.

Um destes carregadores é Patrick, da Costa do Marfim, que explica que desempenha este trabalho há três meses, além de entreter os passageiros com seus cantos de "blues e soul".

O homem diz que está há mais de 20 anos na Espanha, onde trabalhou em diferentes empregos, como monitor de academia e vigilante de segurança.

Segundo o marfinense, a ideia de acompanhar e levar as malas dos viajantes passou por sua cabeça enquanto se despedia de um amigo há alguns meses, e desde então se transformou em seu emprego fixo.

"Me dou bem com todos no aeroporto e eles me dizem o horário dos voos com mais fluxo de pessoas", comenta, enquanto relata que costuma começar sua tarefa ao meio-dia e terminá-la no meio da tarde.


Patrick não é o único que desempenha esta função, mas ele não se preocupa com a "concorrência", pois tem uma boa relação com os companheiros. "Cada um tem sua maneira de trabalhar e ninguém atrapalha o outro", revela.

Sem dúvida, a sua forma é diferente da dos demais e por isso ganhou o apelido de "cantor" entre os trabalhadores de Barajas, que sabem perfeitamente quando Patrick está no aeroporto "porque dá para ouvi-lo de todos os lugares".

De uma maneira mais silenciosa, um jovem trabalhava no aeroporto por "algum dinheiro" no último verão europeu. Seu "escritório" foi situado ao lado de um dos terminais de internet do Barajas, que, segundo explicou, "quase nunca funciona".

Por essa deficiência, alugava seu laptop aos passageiros ansiosos por checar seus e-mails ou que desejavam realizar alguma mudança em suas reservas de passagens.

Além disso, a cada vez mais restritiva política de check-in de bagagens das companhias aéreas fez aparecer há alguns meses os vendedores de bolsas para aliviar o sobrepeso.

"Antes não havia este problema, já que as companhias aéreas eram mais permissivas com as bagagens, mas desde que começaram a limitar o peso e o volume, criaram muitos problemas aos viajantes", explicou à Agência Efe um trabalhador do aeroporto.

Foi quando apareceram os vendedores das malas dobráveis, compradas "nas lojas chinesas", segundo detalha um deles, que revelou que costumam cobrar cerca de cinco euros pelas bolsas.

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