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Opositora da Venezuela quer ser ouvida na América Latina

María Corina foi convidada por deputados da oposição brasileiros a falar no Congresso sobre a repressão aos protestos antigovernamentais no país venezuelano

Deputada venezuelana, Maria Corina Machado, participa de audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado (José Cruz/Agência Brasil)
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Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2014 às 18h08.

São Paulo - Embora tenha sido destituída pelo governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro , a dirigente oposicionista María Corina Machado distribuiu nesta semana no Brasil cartões pessoais com o logo da Assembleia Nacional que a mostram ainda como deputada.

María Corina, expulsa do Parlamento controlado pelo Partido Socialista, de Maduro, foi convidada por deputados da oposição brasileiros a falar no Congresso sobre a repressão aos protestos antigovernamentais que ela lidera há quase dois meses na Venezuela.

"Todos ficaram de pé e começaram a aplaudir e dizer: 'Venezuela! Liberdade! Democracia!'", disse ela à Reuters na quinta-feira à noite durante uma entrevista em um hotel de São Paulo. "E eu pensava: no dia anterior me impediram pela força de entrar no meu Congresso".

"Ter este apoio eu creio que é muito revelador, porque a comunidade internacional tem sido um dos principais pilares que endossaram e deram legitimidade ao regime durante os últimos 15 anos", explicou.

Os oposicionistas venezuelanos acusam o falecido presidente Hugo Chávez e seu sucessor, Maduro, de tentar perpetuar-se no poder com truques populistas financiados com a enorme renda petrolífera da Venezuela.

Chávez venceu com folga todas as eleições às quais se candidatou desde 1999. E seu discípulo Maduro também se impôs nas urnas no ano passado, embora por uma margem muito estreita.

A viagem de María Corina ao Brasil é parte de uma campanha internacional depois de perder sua cadeira na Assembleia Nacional e se transformar em alvo de uma investigação criminal que poderá levá-la à prisão, como ocorreu com outros opositores.


O governo socialista de Maduro a acusa de fomentar a violência para provocar um golpe de Estado. Pelo menos 39 pessoas morreram desde o início das manifestações em fevereiro, entre as quais manifestantes e também militares.

Mas María Corina diz que as mortes são consequência da repressão, não dos protestos. Na terça-feira, a polícia usou gás lacrimogêneo para impedir a opositora de chegar até a Assembleia Nacional. Agentes de inteligência, garante ela, a acompanharam "até a porta do avião" que a trouxe ao Brasil.

Nas últimas semanas, ela viajou aos Estados Unidos e ao Peru. Em Washington, usou o assento do Panamá na Organização dos Estados Americanos para denunciar a repressão, algo que depois lhe custou a destituição da Assembleia Nacional.

"Maduro Cruxou a Linha Vermelha"

A viagem desta semana tem, no entanto, um significado especial: o Brasil é um dos principais aliados de Maduro e tem um papel-chave nos bastidores do apoio que a maioria da América Latina dá a seu jovem governo.

"Sabemos que por razões econômicas, geopolíticas ou ideológicas houve posições que vão desde a indiferença até a cumplicidade", disse María Corina, de 46 anos, engenheira, vestida de jeans e uma blusa azul.

"Maduro cruzou um linha vermelha com a repressão brutal e com ações como no meu caso", acrescentou.

A Reuters informou na semana passada que a presidente Dilma Rousseff estava descontente com a forma como Maduro lidou com os protestos e a deterioração da economia.


Mas María Corina disse que não recebeu até agora nenhum sinal do governo brasileiro. Sua visita, de fato, foi ignorada pelas autoridades em Brasília.

Em um ano eleitoral, a oposição foi muito mais receptiva. María Corina se reuniu com Aécio Neves, presidente do PSDB e pré-candidato à Presidência nas eleições deste ano. E antes de embarcar nesta sexta-feira de volta a Caracas, ela vai se encontrar com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O movimento dela, Vente Venezuela, é uma força muito pequena dentro da fragmentada oposição venezuelana. Mas María Corina se tornou popular entre alguns manifestantes que se sentem abandonados por opositores mais moderados como Henrique Capriles.

Maduro lembra, contudo, que María Corina apoiou em 2002 um breve golpe de Estado contra Chávez, que recebeu financiamento dos EUA e até tirou foto com George W. Bush no Salão Oval da Casa Branca.

Leopoldo López, outro líder da oposição na mesma frequência que ela, está preso sob acusações de incitar protestos, e dois prefeitos opositores estão atrás das grades por não removerem as barricadas de suas cidades.

"Sinto que às vezes o mundo não entende a profundidade desta luta que estamos travando na Venezuela", disse ela. "Isso já não é mais pela falta de comida ou porque o salário não é suficiente. Nem sequer pela insegurança. É uma questão de dignidade." A crise na Venezuela, disse, deve ser resolvida pelos venezuelanos, sem interferências externas.

"Mas, sim, precisamos da solidariedade do mundo chamando as coisas por seu nome. O que pedimos aos governos? Que chamem as coisas por seu nome. Na Venezuela não existe democracia." (Reportagem adicional de Eyanir Chinea)

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São Paulo - Embora tenha sido destituída pelo governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro , a dirigente oposicionista María Corina Machado distribuiu nesta semana no Brasil cartões pessoais com o logo da Assembleia Nacional que a mostram ainda como deputada.

María Corina, expulsa do Parlamento controlado pelo Partido Socialista, de Maduro, foi convidada por deputados da oposição brasileiros a falar no Congresso sobre a repressão aos protestos antigovernamentais que ela lidera há quase dois meses na Venezuela.

"Todos ficaram de pé e começaram a aplaudir e dizer: 'Venezuela! Liberdade! Democracia!'", disse ela à Reuters na quinta-feira à noite durante uma entrevista em um hotel de São Paulo. "E eu pensava: no dia anterior me impediram pela força de entrar no meu Congresso".

"Ter este apoio eu creio que é muito revelador, porque a comunidade internacional tem sido um dos principais pilares que endossaram e deram legitimidade ao regime durante os últimos 15 anos", explicou.

Os oposicionistas venezuelanos acusam o falecido presidente Hugo Chávez e seu sucessor, Maduro, de tentar perpetuar-se no poder com truques populistas financiados com a enorme renda petrolífera da Venezuela.

Chávez venceu com folga todas as eleições às quais se candidatou desde 1999. E seu discípulo Maduro também se impôs nas urnas no ano passado, embora por uma margem muito estreita.

A viagem de María Corina ao Brasil é parte de uma campanha internacional depois de perder sua cadeira na Assembleia Nacional e se transformar em alvo de uma investigação criminal que poderá levá-la à prisão, como ocorreu com outros opositores.


O governo socialista de Maduro a acusa de fomentar a violência para provocar um golpe de Estado. Pelo menos 39 pessoas morreram desde o início das manifestações em fevereiro, entre as quais manifestantes e também militares.

Mas María Corina diz que as mortes são consequência da repressão, não dos protestos. Na terça-feira, a polícia usou gás lacrimogêneo para impedir a opositora de chegar até a Assembleia Nacional. Agentes de inteligência, garante ela, a acompanharam "até a porta do avião" que a trouxe ao Brasil.

Nas últimas semanas, ela viajou aos Estados Unidos e ao Peru. Em Washington, usou o assento do Panamá na Organização dos Estados Americanos para denunciar a repressão, algo que depois lhe custou a destituição da Assembleia Nacional.

"Maduro Cruxou a Linha Vermelha"

A viagem desta semana tem, no entanto, um significado especial: o Brasil é um dos principais aliados de Maduro e tem um papel-chave nos bastidores do apoio que a maioria da América Latina dá a seu jovem governo.

"Sabemos que por razões econômicas, geopolíticas ou ideológicas houve posições que vão desde a indiferença até a cumplicidade", disse María Corina, de 46 anos, engenheira, vestida de jeans e uma blusa azul.

"Maduro cruzou um linha vermelha com a repressão brutal e com ações como no meu caso", acrescentou.

A Reuters informou na semana passada que a presidente Dilma Rousseff estava descontente com a forma como Maduro lidou com os protestos e a deterioração da economia.


Mas María Corina disse que não recebeu até agora nenhum sinal do governo brasileiro. Sua visita, de fato, foi ignorada pelas autoridades em Brasília.

Em um ano eleitoral, a oposição foi muito mais receptiva. María Corina se reuniu com Aécio Neves, presidente do PSDB e pré-candidato à Presidência nas eleições deste ano. E antes de embarcar nesta sexta-feira de volta a Caracas, ela vai se encontrar com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O movimento dela, Vente Venezuela, é uma força muito pequena dentro da fragmentada oposição venezuelana. Mas María Corina se tornou popular entre alguns manifestantes que se sentem abandonados por opositores mais moderados como Henrique Capriles.

Maduro lembra, contudo, que María Corina apoiou em 2002 um breve golpe de Estado contra Chávez, que recebeu financiamento dos EUA e até tirou foto com George W. Bush no Salão Oval da Casa Branca.

Leopoldo López, outro líder da oposição na mesma frequência que ela, está preso sob acusações de incitar protestos, e dois prefeitos opositores estão atrás das grades por não removerem as barricadas de suas cidades.

"Sinto que às vezes o mundo não entende a profundidade desta luta que estamos travando na Venezuela", disse ela. "Isso já não é mais pela falta de comida ou porque o salário não é suficiente. Nem sequer pela insegurança. É uma questão de dignidade." A crise na Venezuela, disse, deve ser resolvida pelos venezuelanos, sem interferências externas.

"Mas, sim, precisamos da solidariedade do mundo chamando as coisas por seu nome. O que pedimos aos governos? Que chamem as coisas por seu nome. Na Venezuela não existe democracia." (Reportagem adicional de Eyanir Chinea)

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