Depois da primavera, o inverno
Quando a população do Egito marchou contra o governo de Hosni Mubarak, ditador por 30 anos, o inverno egípcio parecia mesmo que estava chegando ao fim. Hoje, seis anos depois dos eventos que ficaram conhecidos como Primavera Árabe, desencadeando na tomada da Praça Tahrir no Cairo, logo depois de insurreições na Tunísia, a voz democrática […]
Da Redação
Publicado em 25 de janeiro de 2017 às 05h38.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h09.
Quando a população do Egito marchou contra o governo de Hosni Mubarak, ditador por 30 anos, o inverno egípcio parecia mesmo que estava chegando ao fim. Hoje, seis anos depois dos eventos que ficaram conhecidos como Primavera Árabe, desencadeando na tomada da Praça Tahrir no Cairo, logo depois de insurreições na Tunísia, a voz democrática que surgiu no Oriente Médio está calada.
O governo militar de Mubarak foi deposto dias depois e eleições parlamentares foram realizadas em novembro. Em junho de 2012, o candidato islâmico Mohamed Morsi, da Irmandade Muçulmana, foi o primeiro presidente civil e muçulmano democraticamente eleito do país. Morsi nomeou o chefe de inteligência militar Abdel Fattah al-Sisi como ministro da Defesa, apenas para ser retirado do poder por Sisi em 2013, que também parou a constituição islâmica que se formava.
Quando a população do Egito marchou contra o governo de Hosni Mubarak, ditador por 30 anos, o inverno egípcio parecia mesmo que estava chegando ao fim. Hoje, seis anos depois dos eventos que ficaram conhecidos como Primavera Árabe, desencadeando na tomada da Praça Tahrir no Cairo, logo depois de insurreições na Tunísia, a voz democrática que surgiu no Oriente Médio está calada.
O governo militar de Mubarak foi deposto dias depois e eleições parlamentares foram realizadas em novembro. Em junho de 2012, o candidato islâmico Mohamed Morsi, da Irmandade Muçulmana, foi o primeiro presidente civil e muçulmano democraticamente eleito do país. Morsi nomeou o chefe de inteligência militar Abdel Fattah al-Sisi como ministro da Defesa, apenas para ser retirado do poder por Sisi em 2013, que também parou a constituição islâmica que se formava.
Desde a Primavera Árabe, o Egito teve seis eleições parlamentares, dois pleitos presidenciais, três referendos constitucionais, um golpe de Estado e cerca de 40.000 pessoas estão presas pelo governo de Sisi — que matou mais de 800 em uma única noite em repressão a protestos a seu governo. Sisi insiste que o Egito está no caminho da democracia, mas a realidade é bem distante. O país é um lugar repressivo, com críticos do governo e jornalistas constantemente encarcerados e dissidentes políticos, como a Irmandade Muçulmana, considerados como terroristas.
Na segunda-feira, Donald Trump, recém empossado presidente dos Estados Unidos, ligou para Sisi para reiterar as relações bilaterais dos dois países e dizer que “aprecia a maneira como Sisi vem lidando com a ‘guerra ao terror’”. Há seis anos, iniciou-se o processo que culminaria na retirada de Mubarak do poder. Mas a ordem política que ele representa continua intacta. Depois da primavera, os egípcios só podem esperar que o inverno que a sucedeu chegue ao fim.