Câmara inicia processo de impeachment contra Trump; presidente reage
A presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, deu início ao processo de impeachment contra Donald Trump após escândalo envolvendo a Ucrânia
Reuters
Publicado em 24 de setembro de 2019 às 16h49.
Última atualização em 24 de setembro de 2019 às 18h49.
São Paulo — A presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos , Nancy Pelosi, anunciu nesta terça-feira (24) que a Câmara está abrindo um processo de impeachment contra Donald Trump , o presidente norte-americano.
"As ações de hoje do presidente mostram que ele violou a nossa Constituição", disse a presidente da Câmara em pronunciamento. "Ele admitiu ter pedido ao presidente da Ucrânia que tomasse medidas que iriam beneficiá-lo", continuou.
Para Pelosi, a atitude de Trump "traiu a integridade das eleições", o que justifica o início de um processo de impeachment . "O presidente precisa ser responsabilizado. Ninguém está acima da lei", finalizou.
Segundo sondagem da rede de notícias CNN, 161 dos 235 democratas na Câmara dos Representantes já se manifestaram a favor do impeachment. A casa reúne 435 assentos e é hoje controlada pelos democratas.
Repercussão
O presidente Donald Trump publicou uma série de tuítes raivosos momentos depois da fala de Pelosi. Chamando o ato de "assédio presidencial", negou que houvesse qualquer tipo de gravação da ligação que ele teria feito com o presidente da Ucrânia, na qual o teria pressionado a envolver o filho de Joe Biden em um escândalo de corrupção. Biden é o líder da corrida presidencial do lado dos democratas e seu potencial rival em 2020.
"É uma caça às bruxas", publicou em outra mensagem. "Um dia tão importante nas Nações Unidas, tanto trabalho e tanto sucesso e os democratas propositalmente precisam arruína-lo com mais caça às bruxas. Tão ruim para nosso país". Veja abaixo as mensagens:
Por fim, Trump tuítou uma imagem sobre o que alega ser a aprovação do seu governo, 53%, segundo dados da empresa de pesquisas Rasmussen Reports referentes ao dia 24 de setembro. Na mesma sondagem, 45% dos americanos desaprovaram a sua gestão.
Os números obtidos por essa pesquisa divergem de outra, conduzida pela consultoria Gallup. De acordo com os dados mais recentes, do dia 15 de setembro, a reprovação de Trump era de 54% e a aprovação de 43%.
O caso que pode levar ao impeachment de Donald Trump
O pedido de impeachment acontece após alegações de que Donald Trump teria pressionado o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a investigar seu adversário político, Joe Biden, candidato que lidera a corrida democrata e pode se consolidar como seu rival nas eleições americanas de 2020 .
Congressistas republicanos têm se mantido em silêncio em meio a relatos sobre as ações do presidente ao mesmo tempo em que a Casa Branca reteve o envio de US$ 250 milhões em ajuda para os países do Leste Europeu. No primeiro dia da Assembleia Geral da ONU em Nova York, Trump entrou em contradição.
Primeiro, reconheceu a ligação e disse que não enviaria nenhuma ajuda à Ucrânia por corrupção. “Por que você daria dinheiro a um país que você acha que é corrupto?”, disse. Questionado mais tarde se o presidente ucraniano receberia o dinheiro em troca da investigação, negou. “Eu não fiz isso. Se você vir a ligação (transcrição), ficará muito surpreso”, disse ele a repórteres.
Seus comentários deram margem a questionamentos sobre se o seu gabinete teria pressionado outro governo estrangeiro para obter vantagem em sua campanha de reeleição. Trump tem buscado, sem evidências, implicar Biden e seu filho em um amplo esquema de corrupção que há tempos assombra a Ucrânia.
Hunter Biden integrou a diretoria de uma companhia de gás ucraniana ao mesmo tempo em que seu pai foi vice-presidente dosEUA e coordenava as relações diplomáticas com Kiev sob o governo Obama. Apesar das denúncias, não há nenhuma evidência de qualquer crime cometido por Biden ou o filho.
Como é o processo de impeachment nos Estados Unidos?
Pedidos de impeachment nos Estados Unidos se iniciam na Câmara dos Representantes, onde necessitam da maioria simples dos 435 representantes para ser aprovado (hoje, a casa é controlada por uma maioria democrata, 235). Uma vez isso tenha acontecido, o processo vai para o Senado, no qual acontece o julgamento político sobre os atos do presidente. Dois terços do Senado precisam votar do impeachment para que ele se consolide.