Exame Logo

'Decretaço' de Milei emperra no Congresso por falta de apoio; entenda

Em dezembro, assim que tomou posse, Milei enviou ao Congresso uma "Lei Ônibus" com mais de 600 artigos, reformando centenas de leis e normas do sistema econômico e político argentino

A "Lei Ônibus" é complementada por um megadecreto de 366 artigos emitido por Milei com mais desregulamentações (Luis ROBAYO / AFP/Getty Images)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 30 de janeiro de 2024 às 18h07.

Última atualização em 30 de janeiro de 2024 às 18h52.

Um polêmico pacote de reformas econômicas e de ajuste fiscal proposto pelo presidente ultraliberal Javier Milei estava emperrado nesta terça-feira, 30, no Congresso argentino, devido à falta de apoio político de forças parlamentares e de várias províncias.

Em dezembro, assim que tomou posse, Milei enviou ao Congresso, onde seu partido A Liberdade Avança (LLA) tem apenas 38 dos 257 deputados, uma "Lei Ônibus" com mais de 600 artigos reformando centenas de leis e normas do sistema econômico e político argentino.

Veja também

A rejeição da oposição peronista—maioria no Congresso—, de forças afins de centro-direita, de governos provinciais e de diferentes setores sociais, como ciência e cultura, levou o governo a desistir de quase metade dos artigos do texto.

Mudanças no sistema de partilhas

Na segunda-feira, vários governadores de centro-direita de províncias afetadas pelo ajuste fiscal propuseram novas mudanças no sistema de partilha de impostos com o governo federal, o que colocou novamente em dúvida o debate sobre a lei.

"O que os deputados do 'bloco de extorsão' realmente querem é continuar vivendo do negócio da política", comentou o líder de direita Joaquín de la Torre no X, em postagem republicada na segunda-feira por Milei, que tem sido muito ativo nas redes sociais nos últimos dias.

O governo já havia retirado na sexta-feira o cerne fiscal do projeto, que incluía, entre outras coisas, moratórias fiscais, mudanças nos impostos sobre patrimônio, altos rendimentos e exportações, e modificações no cálculo do aumento das aposentadorias.

Corte de gastos

O texto original da "Lei Ônibus" garantia a Milei um corte nos gastos públicos de cerca de 5% do PIB, o que agora só poderá ser alcançado com outras medidas de ajuste.

O ministro da Economia, Luis Caputo, alertou que manteria inalterada sua meta de atingir o "déficit zero" em 2024, através de outros cortes de despesas, como transferências de fundos com as quais as províncias financiam suas despesas correntes.

O peronismo, que governou até dezembro, e forças de centro-direita continuam questionando as propostas de privatização de cerca de 40 empresas estatais, assim como a tomada de dívida em moeda estrangeira e, principalmente, a concessão de "faculdades delegadas" discricionárias a Milei para adotar medidas sem controle do Congresso.

A "Lei Ônibus" é complementada por um mega decreto de 366 artigos emitido por Milei com mais desregulamentações, que foi parcialmente suspenso por vários tribunais e que também deve ser considerado por uma comissão bicameral do Congresso.

Acompanhe tudo sobre:Javier MileiArgentina

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame