Cruz Vermelha é autorizada a distribuir ajuda humanitária na Venezuela
ONG diz que não aceitará "interferência" de Nicolás Maduro ou Juan Guaidó. Apoio chega em até 15 dias
AFP
Publicado em 29 de março de 2019 às 16h13.
Última atualização em 29 de março de 2019 às 16h22.
A Cruz Vermelha começará em 15 dias a distribuir ajuda humanitária para 650 mil pessoas na Venezuela , informou a instituição, advertindo que não aceitará "interferência" política em meio à luta entre o governo de Nicolás Maduro e o líder parlamentar da oposição Juan Guaidó.
"Em um período de aproximadamente 15 dias, estaremos preparados para oferecer ajuda (...) Esperamos ajudar a 650 mil pessoas a princípio", disse Francesco Rocca, presidente da Federação Internacional da Cruz Vermelha, em entrevista coletiva em Caracas.
Rocca ressaltou que a organização agirá de acordo com seus princípios de "imparcialidade, neutralidade e independência", "sem aceitar a interferência de ninguém".
Expressou, ainda, a disposição por parte da Cruz Vermelha de trabalhar com essa ajuda acumulada nas fronteiras da Colômbia e do Brasil com a Venezuela, mas sob as regras da instituição. "Essa é uma questão muito politizada... Se essa ajuda estiver de acordo com nossas regras e nossos protocolos, é claro que estamos dispostos a distribuí-la", concluiu.
Crise na Venezuela
Em meio à escassez aguda de alimentos básicos e medicamentos, a entrada da ajuda humanitária tornou-se um dos elementos centrais da luta pelo poder entre Maduro e Guaidó, reconhecido como presidente encarregado da Venezuela por mais de 50 países, liderados pelos Estados Unidos.
Em 23 de fevereiro, os carregamentos de alimentos e suprimentos médicos administrados por Guaidó e enviados por Washington para a Colômbia e o Brasil foram bloqueados pelo governo chavista em meio a tumultos que deixaram cerca de sete mortos e dezenas de feridos. Maduro alegou que essas acusações eram uma "desculpa" para uma intervenção militar com o objetivo de derrubá-lo.