Cristina Fernández, de revés político e drama pessoal à vitória arrasadora
Presidente reeleita da Argentina soube aguentar com integridade o drama pessoal da morte de seu marido e antecessor, Néstor Kirchner
Da Redação
Publicado em 24 de outubro de 2011 às 05h54.
Buenos Aires - Cristina Fernández de Kirchner , que conseguiu neste domingo uma vitória arrasadora para se manter na presidência argentina por mais quatro anos, soube reverter o duro revés eleitoral que recebeu há apenas dois anos e aguentar com integridade o drama pessoal da morte de seu marido e antecessor, Néstor Kirchner, há um ano.
A governante argentina foi reeleita com 53% dos votos, o maior nível de adesão popular conseguido em uma eleição presidencial desde o retorno da Argentina à democracia, em 1983, segundo os primeiros dados provisórios.
Embora com estilo próprio, a dirigente peronista, de 58 anos, cumpriu a promessa de aprofundar um modelo político e econômico, com acertos e erros, criado por Néstor Kirchner, que morreu de um ataque cardíaco no dia 27 de outubro de 2010.
Sem abandonar seu rigoroso luto, Cristina enfrentou com integridade a morte de seu marido, embora em certos momentos não tenha ocultado tristeza e cansaço.
'Ele', como Cristina chama Kirchner sem quase nunca mencioná-lo em atos públicos por seu nome e sobrenome, esteve 'presente' nesta campanha, como lembrança de um legado que, para os kirchneristas, apenas Cristina e nenhum outro sucessor pode perpetuar por enquanto.
A governante confessou que, com a morte de Kirchner, uma parte dela 'se foi com ele', o 'companheiro' de toda sua vida, como gostava de chamá-lo e com quem se casou em 1975, um ano após se conhecerem na universidade, onde estudavam Direito, e após seis meses de namoro.
Desde a morte do ex-presidente, Cristina se agarrou a seus filhos, Máximo, de 34 anos, e Florença, de 21, nascidos em Río Gallegos, capital da província de Santa Cruz, terra natal de Kirchner e onde está enterrado.
Herdeira da chefia política do governante Partido Justicialista, no qual milita desde sua juventude, Cristina se apoiou nos setores juvenis e no kirchnerista Frente para a Vitória, atenta às históricas divisões dentro do peronismo e às crescentes escaramuças dentro dos círculos sindicais justicialistas.
Após duas décadas de uma trajetória política que soube construir graças a um destacado trabalho legislativo e uma forte vocação de poder, Cristina se transformou em 2007 na primeira mulher a ser escolhida para ocupar a Presidência argentina.
Nas presidenciais daquele ano obteve uma enxurrada de votos, 45,29% do total, quase o dobro dos que tinha obtido Kirchner em 2003, e assumiu o Governo com uma imagem positiva de 51%.
Uma das conquistas de sua gestão foi manter o ritmo de crescimento econômico, até frente à crise global em 2008, e transmitiu um sinal aos mercados ao reabrir em 2010 a milionária troca de dívida com credores privados fechada em 2005, mas tomou outras medidas polêmicas como utilizar reservas excedentes do Banco Central para pagar dívidas soberanas do país.
Outros pontos controvertidos são o manejo questionado dos dados oficiais de inflação e uma política monetária expansiva que alimenta a escalada de preços.
A Cristina também é atribuído o fato de não ter calculado os custos econômicos e políticos do conflito com o setor agrário que explodiu em março de 2008, quando o Governo tentou impor impostos para as exportações de grãos.
No campo político, a decisão do vice-presidente argentino, o radical Julio Cobos, de se opor a essa iniciativa representou que passasse a ser um líder opositor.
Além disso, o conflito com o campo abriu um rombo na imagem positiva de Cristina, processo que derivou em uma dura derrota eleitoral para o Governo nas eleições legislativas de 2009, pela qual perdeu sua maioria absoluta no Parlamento.
No entanto, após essas eleições a oposição não conseguiu se consolidar e, graças a um estilo menos agressivo e ajudada pela bonança econômica, Cristina voltou a ganhar popularidade, um processo que se acelerou com a morte de Kirchner e que se confirmou nas primárias de agosto passado, quando ficou com 50,24% dos votos.
Buenos Aires - Cristina Fernández de Kirchner , que conseguiu neste domingo uma vitória arrasadora para se manter na presidência argentina por mais quatro anos, soube reverter o duro revés eleitoral que recebeu há apenas dois anos e aguentar com integridade o drama pessoal da morte de seu marido e antecessor, Néstor Kirchner, há um ano.
A governante argentina foi reeleita com 53% dos votos, o maior nível de adesão popular conseguido em uma eleição presidencial desde o retorno da Argentina à democracia, em 1983, segundo os primeiros dados provisórios.
Embora com estilo próprio, a dirigente peronista, de 58 anos, cumpriu a promessa de aprofundar um modelo político e econômico, com acertos e erros, criado por Néstor Kirchner, que morreu de um ataque cardíaco no dia 27 de outubro de 2010.
Sem abandonar seu rigoroso luto, Cristina enfrentou com integridade a morte de seu marido, embora em certos momentos não tenha ocultado tristeza e cansaço.
'Ele', como Cristina chama Kirchner sem quase nunca mencioná-lo em atos públicos por seu nome e sobrenome, esteve 'presente' nesta campanha, como lembrança de um legado que, para os kirchneristas, apenas Cristina e nenhum outro sucessor pode perpetuar por enquanto.
A governante confessou que, com a morte de Kirchner, uma parte dela 'se foi com ele', o 'companheiro' de toda sua vida, como gostava de chamá-lo e com quem se casou em 1975, um ano após se conhecerem na universidade, onde estudavam Direito, e após seis meses de namoro.
Desde a morte do ex-presidente, Cristina se agarrou a seus filhos, Máximo, de 34 anos, e Florença, de 21, nascidos em Río Gallegos, capital da província de Santa Cruz, terra natal de Kirchner e onde está enterrado.
Herdeira da chefia política do governante Partido Justicialista, no qual milita desde sua juventude, Cristina se apoiou nos setores juvenis e no kirchnerista Frente para a Vitória, atenta às históricas divisões dentro do peronismo e às crescentes escaramuças dentro dos círculos sindicais justicialistas.
Após duas décadas de uma trajetória política que soube construir graças a um destacado trabalho legislativo e uma forte vocação de poder, Cristina se transformou em 2007 na primeira mulher a ser escolhida para ocupar a Presidência argentina.
Nas presidenciais daquele ano obteve uma enxurrada de votos, 45,29% do total, quase o dobro dos que tinha obtido Kirchner em 2003, e assumiu o Governo com uma imagem positiva de 51%.
Uma das conquistas de sua gestão foi manter o ritmo de crescimento econômico, até frente à crise global em 2008, e transmitiu um sinal aos mercados ao reabrir em 2010 a milionária troca de dívida com credores privados fechada em 2005, mas tomou outras medidas polêmicas como utilizar reservas excedentes do Banco Central para pagar dívidas soberanas do país.
Outros pontos controvertidos são o manejo questionado dos dados oficiais de inflação e uma política monetária expansiva que alimenta a escalada de preços.
A Cristina também é atribuído o fato de não ter calculado os custos econômicos e políticos do conflito com o setor agrário que explodiu em março de 2008, quando o Governo tentou impor impostos para as exportações de grãos.
No campo político, a decisão do vice-presidente argentino, o radical Julio Cobos, de se opor a essa iniciativa representou que passasse a ser um líder opositor.
Além disso, o conflito com o campo abriu um rombo na imagem positiva de Cristina, processo que derivou em uma dura derrota eleitoral para o Governo nas eleições legislativas de 2009, pela qual perdeu sua maioria absoluta no Parlamento.
No entanto, após essas eleições a oposição não conseguiu se consolidar e, graças a um estilo menos agressivo e ajudada pela bonança econômica, Cristina voltou a ganhar popularidade, um processo que se acelerou com a morte de Kirchner e que se confirmou nas primárias de agosto passado, quando ficou com 50,24% dos votos.