Crise na periferia ameaça recuperação europeia, diz FMI
Diretor-gerente disse que o FMI não está atualmente negociando um segundo programa de resgate com a Grécia
Da Redação
Publicado em 20 de junho de 2011 às 16h12.
Washington - A crise de dívida nos países da periferia da zona do euro está ameaçando a recuperação econômica da região e pode causar uma ruptura financeira global se não for interrompida, disse o diretor-gerente interino do Fundo Monetário Internacional (FMI), John Lipsky.
Nos comentários feitos durante entrevista coletiva de imprensa em paralelo ao encontro de ministros das Finanças europeus para discutir a dívida da Grécia, Lipsky acrescentou que "as implicações podem ser mais sérias se (a crise de dívida nos países da periferia) houver consequências sobre o sistema financeiro de economias principais".
"A ampla e sólida recuperação prossegue, mas a crise soberana na periferia pode se sobrepor a esse cenário favorável e muito ainda tem de ser feito para garantir uma união monetária dinâmica e resistente", disse o fundo, em comentários sobre um relatório das políticas adotadas na zona do euro.
"A falta de uma ação decisiva pode rapidamente ampliar a tensão para a área central da zona do euro e ter um efeito global maior", disse Lipsky. "O impacto direto da crise de dívida nas nações da periferia da zona do euro sobre a economia global é relativamente menor", em razão do pequeno tamanho de países como a Grécia, Portugal e Irlanda, afirmou Lipsky. As declarações são as mais fortes feitas até agora pelo FMI sobre a crise de dívida da Grécia.
Lipsky disse que o FMI não está atualmente negociando um segundo programa de resgate com a Grécia. Ao contrário, afirmou Lipsky, o fundo quer ter certeza de que o primeiro programa de austeridade da Grécia está em correto andamento e pode ser totalmente financiado. Somente se essas duas condições tiverem sido cumpridas, o FMI poderá contribuir com sua parte na quinta-feira do empréstimo de 110 bilhões de euros concedidos à Grécia no ano passado.
Segundo Lipsky, estar com o programa em correto andamento implica aprovação pelo Parlamento de uma série de medidas de austeridade. Ele acrescentou que o fundo deve também obter garantias dos países da zona do euro de que o plano de austeridade será totalmente financiado - sugerindo que o FMI está ansioso por ver algum progresso dos governos da zona do euro na questão da partilha com os credores privados dos prejuízos da dívida grega.
Lipsky observou ainda que a "posição inicial" da Grécia era "excessivamente difícil", mesmo antes de o país obter o primeiro pacote de resgate. "Nessas circunstâncias, é compreensível que haja uma correção no meio da trajetória", acrescentou.
O FMI fez críticas veladas ao governo da Alemanha, que mais fortemente deu demonstrações de relutância para financiar qualquer pacote adicional de ajuda. O FMI disse ser "essencial encerrar rapidamente o debate improdutivo sobre reescalonamento da dívida ou reestruturação, e se evitar qualquer impressão de que por meio do Mecanismo de Estabilidade Europeu o apoio financeiro será condicionado à reestruturação da dívida".
Ao mesmo tempo, o FMI disse que os países que receberam ajuda - como a Grécia, Irlanda e Portugal - devem continuar mostrando "compromisso determinado" aos seus programas de ajuste, com todos exigindo cortes dolorosos nos gastos públicos.
Por outro lado, o FMI também pediu aos credores oficiais para não abandonarem a periferia, alertando que o "apoio financeiro contínuo de outros países membros da zona do euro é também essencial".
O FMI particularmente destacou a necessidade de os membros da zona do euro ampliarem a Linha de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês) e de ampliarem suas operações para compras de bônus problemáticos no mercado. O FMI também sugeriu que o EFSF garanta uma linha de financiamento de médio prazo para possivelmente ser operada pelo Banco Central Europeu (BCE).
"Uma linha de financiamento condicional para ativos privados sem liquidez, possivelmente operada pelo BCE (Banco Central Europeu), mas com apoio explícito dos países da zona do euro, poderia suavizar a transição, protegendo ao mesmo tempo a independência e a flexibilidade do BCE, e reforçando os incentivos para corrigir os problemas bancários na raiz", disse o FMI, acrescentando que os bancos da zona do euro precisam "fortalecer fundamentalmente" suas posições de capital.
O fundo argumentou que o BCE deveria continuar "normalizando" as taxas de juro "gradualmente, mantendo ao mesmo tempo a segurança de suas medidas de política monetária não convencionais até que as tensões no mercado financeiro diminuam".
O FMI disse ainda que a região deveria continuar reduzindo seu déficit orçamentário, com os países que crescem mais rápido tirando vantagem de qualquer crescimento inesperado para antecipar suas metas fiscais, ao mesmo tempo dando aos países em crise mais tempo para que haja redução de seus déficits. As informações são da Dow Jones.
Washington - A crise de dívida nos países da periferia da zona do euro está ameaçando a recuperação econômica da região e pode causar uma ruptura financeira global se não for interrompida, disse o diretor-gerente interino do Fundo Monetário Internacional (FMI), John Lipsky.
Nos comentários feitos durante entrevista coletiva de imprensa em paralelo ao encontro de ministros das Finanças europeus para discutir a dívida da Grécia, Lipsky acrescentou que "as implicações podem ser mais sérias se (a crise de dívida nos países da periferia) houver consequências sobre o sistema financeiro de economias principais".
"A ampla e sólida recuperação prossegue, mas a crise soberana na periferia pode se sobrepor a esse cenário favorável e muito ainda tem de ser feito para garantir uma união monetária dinâmica e resistente", disse o fundo, em comentários sobre um relatório das políticas adotadas na zona do euro.
"A falta de uma ação decisiva pode rapidamente ampliar a tensão para a área central da zona do euro e ter um efeito global maior", disse Lipsky. "O impacto direto da crise de dívida nas nações da periferia da zona do euro sobre a economia global é relativamente menor", em razão do pequeno tamanho de países como a Grécia, Portugal e Irlanda, afirmou Lipsky. As declarações são as mais fortes feitas até agora pelo FMI sobre a crise de dívida da Grécia.
Lipsky disse que o FMI não está atualmente negociando um segundo programa de resgate com a Grécia. Ao contrário, afirmou Lipsky, o fundo quer ter certeza de que o primeiro programa de austeridade da Grécia está em correto andamento e pode ser totalmente financiado. Somente se essas duas condições tiverem sido cumpridas, o FMI poderá contribuir com sua parte na quinta-feira do empréstimo de 110 bilhões de euros concedidos à Grécia no ano passado.
Segundo Lipsky, estar com o programa em correto andamento implica aprovação pelo Parlamento de uma série de medidas de austeridade. Ele acrescentou que o fundo deve também obter garantias dos países da zona do euro de que o plano de austeridade será totalmente financiado - sugerindo que o FMI está ansioso por ver algum progresso dos governos da zona do euro na questão da partilha com os credores privados dos prejuízos da dívida grega.
Lipsky observou ainda que a "posição inicial" da Grécia era "excessivamente difícil", mesmo antes de o país obter o primeiro pacote de resgate. "Nessas circunstâncias, é compreensível que haja uma correção no meio da trajetória", acrescentou.
O FMI fez críticas veladas ao governo da Alemanha, que mais fortemente deu demonstrações de relutância para financiar qualquer pacote adicional de ajuda. O FMI disse ser "essencial encerrar rapidamente o debate improdutivo sobre reescalonamento da dívida ou reestruturação, e se evitar qualquer impressão de que por meio do Mecanismo de Estabilidade Europeu o apoio financeiro será condicionado à reestruturação da dívida".
Ao mesmo tempo, o FMI disse que os países que receberam ajuda - como a Grécia, Irlanda e Portugal - devem continuar mostrando "compromisso determinado" aos seus programas de ajuste, com todos exigindo cortes dolorosos nos gastos públicos.
Por outro lado, o FMI também pediu aos credores oficiais para não abandonarem a periferia, alertando que o "apoio financeiro contínuo de outros países membros da zona do euro é também essencial".
O FMI particularmente destacou a necessidade de os membros da zona do euro ampliarem a Linha de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês) e de ampliarem suas operações para compras de bônus problemáticos no mercado. O FMI também sugeriu que o EFSF garanta uma linha de financiamento de médio prazo para possivelmente ser operada pelo Banco Central Europeu (BCE).
"Uma linha de financiamento condicional para ativos privados sem liquidez, possivelmente operada pelo BCE (Banco Central Europeu), mas com apoio explícito dos países da zona do euro, poderia suavizar a transição, protegendo ao mesmo tempo a independência e a flexibilidade do BCE, e reforçando os incentivos para corrigir os problemas bancários na raiz", disse o FMI, acrescentando que os bancos da zona do euro precisam "fortalecer fundamentalmente" suas posições de capital.
O fundo argumentou que o BCE deveria continuar "normalizando" as taxas de juro "gradualmente, mantendo ao mesmo tempo a segurança de suas medidas de política monetária não convencionais até que as tensões no mercado financeiro diminuam".
O FMI disse ainda que a região deveria continuar reduzindo seu déficit orçamentário, com os países que crescem mais rápido tirando vantagem de qualquer crescimento inesperado para antecipar suas metas fiscais, ao mesmo tempo dando aos países em crise mais tempo para que haja redução de seus déficits. As informações são da Dow Jones.