Ministro da Justiça filipino diz que criminosos não são humanos
Afirmação foi feita em resposta ao relatório da Anistia Internacional, que acusou a polícia do país de crimes contra a humanidade
AFP
Publicado em 1 de fevereiro de 2017 às 14h11.
Última atualização em 1 de fevereiro de 2017 às 14h11.
O ministro da Justiça filipino disse que os criminosos não são humanos, em reação a um relatório da Anistia Internacional que acusou a polícia de crimes contra a humanidade por ter matado milhares de traficantes ou consumidores de drogas.
No texto publicado nesta quarta-feira, a Anistia Internacional acusou a polícia filipina de ter matado ou ordenado a morte de supostos delinquentes como parte da guerra contra as drogas do presidente Rodrigo Duterte e considerou que estes assassinatos podem se equiparar a crimes contra a humanidade.
O ministro da Justiça defendeu a política do governo, negando o status de humanos aos abatidos pela polícia: "Os criminosos, os barões da droga, os narcotraficantes não são a humanidade", disse o ministro Vitaliano Aguirre.
"Em outras palavras, como é possível que, quando a guerra é dirigida apenas contra os barões da droga, os viciados em drogas, os traficantes, os considerem (parte da) humanidade? Eu não", declarou.
A Anistia acusa os policiais de uma série de crimes, como matar pessoas indefesas, forjar provas, pagar assassinos para eliminar os viciados em drogas ou roubar as vítimas.
A ONG acrescenta que os comandos policiais pagam aos agentes para matar e afirma ter encontrado vítimas muito jovens, algumas de oito anos.
Desde a posse de Duterte, em junho, a polícia anunciou ter matado 2.555 pessoas e outras 4.000 morreram em circunstâncias inexplicáveis, segundo números oficiais.
No passado, Duterte fez comentários similares aos de seu ministro da Justiça, pedindo que os policiais matassem os viciados em drogas e os narcotraficantes.
Nesta quarta-feira, a polícia e a presidência publicaram comunicados nos quais rejeitam vários aspectos do relatório da Anistia.
A polícia "sempre respeitou e fez os direitos humanos serem respeitados", afirma.
O chefe da polícia nacional, Ronald Dela Rosa, nega que os oficiais recebam prêmios para matar supostos traficantes de drogas. Declarou que apenas 2% dos policiais são corruptos.
Mas o presidente Duterte havia dito na segunda-feira que a polícia era "corrupta até a medula" e ordenou que parasse com todas as atividades relacionadas à luta antidrogas, em benefício de um papel mais destacado do exército.