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Crianças nepalesas são vendidas para atuar em circos da Índia

Tráfico infantil entre os dois países é lucrativo e era quase desconhecido fora da região

Segundo ONG, muitas crianças que vão ao circo sofrem "violência física e psicológica" (Manan Vatsyayana/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 12 de março de 2012 às 07h12.

Katmandu - O Nepal é um dos países mais pobres do mundo e sua fronteira com a Índia facilita que, em paralelo à emigração legal, floresça um lucrativo tráfico de menores para servir de mão de obra nos circos da potência vizinha.

Sarwati Adhikari é um caso paradigmático: com oito anos foi vendida a um circo indiano para fazer malabarismo, com 14 foi forçada a se casar e há dois, depois de ter ficado viúva, começou a ser maltratada pelos irmãos e pela família de seu ex-marido.

A jovem só recebeu ajuda por causa da organização Esther Benjamin Trust, com sede em Londres, que desde 2002 trabalha para reabilitar as menores empregadas em circos da Índia, onde centenas de meninas nepalesas vivem em condições deploráveis, após serem vendidas por seus pais.

Segundo o promotor da ONG, o britânico Phillips Holmes, cerca de 350 meninas já foram resgatadas entre 2004 e 2011. Essas vítimas só conseguiram ser resgatadas depois da realização de uma série de inspeções em mais de 30 circos do norte da Índia.

'As meninas são um alvo fácil para os traficantes, já que na maioria dos casos elas pertencem a famílias desestruturadas e com sérias dificuldades financeiras', afirma Holmes à Agência Efe em uma de suas frequentes viagens à capital nepalesa.

De acordo com Homes, apesar de existir uma ampla documentação sobre a venda de meninas nepalesas a prostíbulos, o tráfico de menores destinados à Índia, onde existe uma grande tradição circense, era quase desconhecido.

Depois de receber a denúncia de que meninas nepalesas estavam trabalhando em circos de Calcutá, Holmes se encarregou de realizar um estudo para avaliar o caso e descobriu que as menores vendidas aos circos tinham em média oito anos de idade no momento da transação.

'As meninas de pele clara e vestidas com pouca roupa possuem um aspecto muito exótico na Índia', afirma Holmes, ressaltando que as meninas são 'compradas' ainda crianças para facilitar seus treinamentos, já que os donos dos circos acham que os corpos das meninas 'ficam rígidos demais quando elas ultrapassam os 13 anos'.

Segundo o promotor da ONG, muitas sofrem 'violência física e psicológica'. A situação é muito diferente do que os compradores apresentam aos pais das meninas, geralmente iletrados. Eles são convencidos a assinar contratos ilegais que garantem um futuro de fama e prosperidade para suas filhas.


Essa é a realidade que a organização Esther Benjamin Trust visa combater. Atualmente, a ONG acolhe aproximadamente 400 menores em Makwanpur, no sul do Nepal, e Katmandu. Entre elas, existem meninas que são encontradas na rua e outras que, após sua liberação, recebem aulas por profissionais do circo.

'Trata-se de uma experiência mágica e muito especial', diz à Agência Efe a artista circense britânica Maeleine McGowan, revelando que sempre se surpreende com a energia e a alegria que transbordam dessas jovens.

Em particular, Maeleine ressalta a trajetória daquelas que escolhem de maneira voluntária voltar a atuar em eventos privados, como a própria Sarwati, que diz: 'Agora faço por diversão e por interesse. Eu gosto'.

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Katmandu - O Nepal é um dos países mais pobres do mundo e sua fronteira com a Índia facilita que, em paralelo à emigração legal, floresça um lucrativo tráfico de menores para servir de mão de obra nos circos da potência vizinha.

Sarwati Adhikari é um caso paradigmático: com oito anos foi vendida a um circo indiano para fazer malabarismo, com 14 foi forçada a se casar e há dois, depois de ter ficado viúva, começou a ser maltratada pelos irmãos e pela família de seu ex-marido.

A jovem só recebeu ajuda por causa da organização Esther Benjamin Trust, com sede em Londres, que desde 2002 trabalha para reabilitar as menores empregadas em circos da Índia, onde centenas de meninas nepalesas vivem em condições deploráveis, após serem vendidas por seus pais.

Segundo o promotor da ONG, o britânico Phillips Holmes, cerca de 350 meninas já foram resgatadas entre 2004 e 2011. Essas vítimas só conseguiram ser resgatadas depois da realização de uma série de inspeções em mais de 30 circos do norte da Índia.

'As meninas são um alvo fácil para os traficantes, já que na maioria dos casos elas pertencem a famílias desestruturadas e com sérias dificuldades financeiras', afirma Holmes à Agência Efe em uma de suas frequentes viagens à capital nepalesa.

De acordo com Homes, apesar de existir uma ampla documentação sobre a venda de meninas nepalesas a prostíbulos, o tráfico de menores destinados à Índia, onde existe uma grande tradição circense, era quase desconhecido.

Depois de receber a denúncia de que meninas nepalesas estavam trabalhando em circos de Calcutá, Holmes se encarregou de realizar um estudo para avaliar o caso e descobriu que as menores vendidas aos circos tinham em média oito anos de idade no momento da transação.

'As meninas de pele clara e vestidas com pouca roupa possuem um aspecto muito exótico na Índia', afirma Holmes, ressaltando que as meninas são 'compradas' ainda crianças para facilitar seus treinamentos, já que os donos dos circos acham que os corpos das meninas 'ficam rígidos demais quando elas ultrapassam os 13 anos'.

Segundo o promotor da ONG, muitas sofrem 'violência física e psicológica'. A situação é muito diferente do que os compradores apresentam aos pais das meninas, geralmente iletrados. Eles são convencidos a assinar contratos ilegais que garantem um futuro de fama e prosperidade para suas filhas.


Essa é a realidade que a organização Esther Benjamin Trust visa combater. Atualmente, a ONG acolhe aproximadamente 400 menores em Makwanpur, no sul do Nepal, e Katmandu. Entre elas, existem meninas que são encontradas na rua e outras que, após sua liberação, recebem aulas por profissionais do circo.

'Trata-se de uma experiência mágica e muito especial', diz à Agência Efe a artista circense britânica Maeleine McGowan, revelando que sempre se surpreende com a energia e a alegria que transbordam dessas jovens.

Em particular, Maeleine ressalta a trajetória daquelas que escolhem de maneira voluntária voltar a atuar em eventos privados, como a própria Sarwati, que diz: 'Agora faço por diversão e por interesse. Eu gosto'.

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