Apesar de casos na Casa Branca, governo dos EUA defende reabertura
Após alguns casos confirmados na Casa Branca, três membros da linha de frente da unidade de crise da presidência decidiram entrar em quarentena preventiva
AFP
Publicado em 11 de maio de 2020 às 06h51.
Última atualização em 11 de maio de 2020 às 17h01.
Dois conselheiros econômicos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump , defenderam neste domingo a necessidade de uma rápida reabertura econômica, apesar do fato de a pandemia ainda estar ativa e até ter entrado na Casa Branca.
Os comentários do secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, e do assessor econômico da presidência, Larry Kudlow, acontecem apenas dois dias após o registro de um recorde de desemprego, com a perda de 20,5 milhões de postos de trabalho em abril e com os casos do novo o coronavírus ainda aumentando em vários estados.
Além disso, nos últimos dias, dois funcionários da "ala oeste", onde está localizado o Salão Oval - um militar a serviço do presidente e a porta-voz do vice-presidente Mike Pence - deram positivo para a covid-19, apesar das rigorosas precauções de saúde tomadas pela Casa Branca.
Após esses casos, três membros da linha de frente da unidade de crise da presidência encarregada de coordenar a luta contra a doença decidiram entrar em quarentena preventiva por sua possível exposição ao vírus.
Entre eles estão o epidemiologista Anthony Fauci, que assessora Trump diariamente, além do diretor dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Robert Redfield, e Stephen Hahn, chefe da Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA).
As pessoas que se aproximam do presidente e do vice-presidente são continuamente testadas.
Confiar nas empresas
O assunto tem sido dominante nos noticiários deste domingo na televisão americana. Se nessas condições de vigilância sanitária a presidência ficou exposta ao vírus, como um americano comum pode retomar o trabalho sem medo de ser contaminado?
"A Casa Branca é um contexto enorme, de pelo menos 500 pessoas, provavelmente muito mais", disse Kudlow à ABC.
"Os que deram positivo são apenas uma pequena parte", insistiu, sem especificar um número.
Em seguida, ele defendeu a vontade presidencial de "reabrir a economia" para lidar com os números "horríveis" do desemprego.
"Por que não confiar nas empresas?", continuou Kudlow. "Elas sabem, por seu lado, que as pessoas devem ser protegidas" e, "por outro lado, é necessário reativar o mais rápido possível para enfrentar o problema econômico, a recessão devido à pandemia", afirmou.
As recomendações federais e estaduais, aliadas à inovação no setor privado, devem permitir uma reabertura relativamente segura, argumentou Kudlow, embora tenha alertado sobre taxas de desemprego futuras que podem exceder 20% neste mês ou no próximo.
O vírus "não vai sumir"
Por outro lado, Mnuchin disse à Fox que acredita que há "risco considerável se a atividade econômica não for reiniciada".
"Estamos falando sobre o que seria um dano econômico permanente para os americanos e vamos reabrir de uma maneira muito ponderada, que fará as pessoas voltarem a trabalhar em segurança", afirmou.
Sobre a possibilidade de um novo pacote de ajuda, o secretário do Tesouro enfatizou a necessidade de ter cautela.
"Nós apenas queremos ter certeza de que, antes de gastar alguns bilhões a mais de dinheiro dos contribuintes novamente, faremos isso com cuidado", acrescentou.
Trump repetiu esta semana que acredita que o vírus simplesmente vai "desaparecer", mesmo sem uma vacina.
O dr. Tom Inglesby, diretor do Centro de Saúde e Segurança da Universidade Johns Hopkins, criticou neste domingo a avaliação do presidente.
"Não, esse vírus não desaparece", disse à Fox, acrescentando que continuará sendo "um grande problema" nos Estados Unidos e no resto do mundo até que uma vacina seja desenvolvida.
O Instituto de Medidas e Avaliações em Saúde (IHME), que prepara projeções para o novo coronavírus, elevou esta semana sua previsão sobre o número de mortes que a pandemia causará nos Estados Unidos.
Segundo sua estimativa, haverá 137 mil mortos a partir de 4 de agosto, número que responde a um aumento "explosivo" da mobilidade em vários estados, de acordo com o diretor do instituto, Christopher Murray.
A maioria dos estados americanos começou, mesmo que provisoriamente, com a reabertura de empresas e negócios, o que implica inevitavelmente maior deslocamento e maior risco de contágio.