Corte Constitucional de Moçambique confirma vitória do partido governista nas eleições
Daniel Chapo é declarado presidente com 65% dos votos, mas oposição denuncia fraude e mortes em protestos
Agência de notícias
Publicado em 23 de dezembro de 2024 às 14h19.
Nesta segunda-feira (23), o Conselho Constitucional de Moçambique confirmou a vitória da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) nas eleições realizadas em outubro. O partido, que governa o país desde a independência em 1975, enfrentou acusações de fraude e protestos que resultaram em mais de 100 mortos.
O candidato da Frelimo, Daniel Chapo, foi declarado vencedor com 65% dos votos, após uma revisão dos resultados iniciais que apontavam 71%. Seu principal rival, Venancio Mondlane, recebeu 24,19% dos votos, um aumento em relação aos primeiros números divulgados. Mondlane, entretanto, afirma ter obtido 53% dos votos com base em uma apuração paralela que denunciou irregularidades no processo eleitoral.
Oposição rejeita resultado
Venancio Mondlane, ex-analista político atualmente exilado, rejeitou qualquer acordo com o governo. Ele alertou que a decisão do Conselho poderia levar Moçambique ao “caos”. Segundo a ONG Plataforma Decide, os confrontos entre manifestantes e forças de segurança resultaram em 130 mortes, a maioria causada por disparos contra civis.
A situação nas ruas reflete a tensão no país. Nesta segunda-feira, Maputo estava praticamente paralisada, com barricadas bloqueando estradas e cordões policiais em frente ao palácio presidencial e à sede do Conselho Constitucional.
Histórico de poder da Frelimo
A Frelimo, que teve inspiração marxista durante a guerra de independência e a guerra civil que se encerrou em 1990, governa Moçambique há quase meio século. Apesar de sua longevidade no poder, o país continua sendo um dos mais pobres e desiguais do mundo.
A oposição convocou a população a paralisar o país, ampliando a pressão sobre um governo que enfrenta críticas internacionais por irregularidades no processo eleitoral.