Soldado sul-coreano patrulha cerca próximo à zona desmilitarizada que separa as duas Coreias em Paju, ao norte de Seul (REUTERS / Kim Hong-Ji)
Da Redação
Publicado em 9 de junho de 2013 às 10h45.
São Paulo - As duas Coreias se reuniram neste domingo na cidade de fronteira de Panmunjom para preparar futuras negociações de alto nível, nos primeiros contatos bilaterais em vários anos e após meses de tensões militares alimentadas pelas ambições nucleares da Coreia do Norte.
As conversações, organizadas no local preciso em que foi assinado o armistício que acabou com a Guerra da Coreia (1950-1953), duraram duas horas. Os chefes das delegações voltaram a se reunir à tarde para novas consultas.
"A atmosfera geral foi tranquila e a discussão aconteceu sem obstáculos", declarou o porta-voz do ministério sul-coreano da Unificação, Kim Hyung-Seok.
Os delegados debateram o local e o calendário para um primeiro encontro a nível ministerial, o primeiro desde 2007, que pode acontecer na próxima quarta-feira em Seul.
A agenda deve priorizar a restauração das relações comerciais bilaterais suspensas, incluindo a reabertura do complexo industrial intercoreano de Kaesong, 10 km ao norte da fronteira, que foi fechado por Pyongyang em abril, quando a tensão na península atingiu o ponto máximo.
Os contatos em Panmunjon aconteceram poucas horas depois do fim da reunião entre o presidente americano Barack Obama e seu colega chinês Xi Jinping na Califórnia.
Os dois governantes constataram uma convergência sobre a situação norte-coreana e afirmaram estar "plenamente de acordo com o objetivo" de acabar com o programa nuclear da península, destacou o conselheiro de Segurança Nacional americano, Tom Donillon.
A China é o único aliado de peso da Coreia do Norte, mas expressou irritação com a agressividade dos últimos meses do jovem ditador norte-coreano, Kim Jong-Un.
Pequim, quem ajuda economicamente Pyongyang, votou a favor das últimas sanções contra o regime norte-coreano na ONU.
A mudança radical e inesperada da Coreia do Norte, que na quinta-feira propôs o início de um diálogo com o Sul, foi recebida de maneira favorável, mas alguns analistas pedem prudência.
"A oferta norte-coreana é característica da diplomacia de Pyongyang, que convida a Coreia do Sul a resolver e a pagar pelos problemas que o Norte provocou", destacou Stephan Haggard do Peterson Institute for International Economics.
Para Yang Moo-Jin, professor da Universidade de Estudos Norte-Coreanos de Seul, os contatos de domingo, "apenas preparatórios", não antecipam o tom dos debates futuros.
"Na quarta-feira poderemos ter uma ideia melhor das intenções norte-coreanas", disse à AFP.
Os analistas também destacam que a proposta do Norte foi feita de maneira oportuna, na véspera do encontro entre Obama e Xi. Pyongyang já havia rejeitado vários pedidos de negociação do Sul.
Depois da proposta do Norte, a Coreia do Sul respondeu rapidamente e ofereceu uma reunião interministerial em Seul, mas na sexta-feira Pyongyang apresentou uma contraproposta, com a sugestão de um encontro prévio em seu território, antes da reunião no país vizinho.
Os dois países terminaram por concordar com a reunião preliminar em Panmunjom.