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Conselho de Segurança se reúne na Suécia dividido sobre a Síria

O recurso às armas químicas é "um crime de guerra", acrescentou o secretário-geral da ONU

Conselho de Segurança da ONU: França solicitou "sem demora" um acesso humanitário na zona de Ghouta Oriental, no leste de Damasco (Mike Segar/Reuters)

Karin Salomão

Publicado em 21 de abril de 2018 às 15h56.

Backåkra (Suécia) - O Conselho de Segurança da ONU se instala neste fim de semana em uma reserva natural sueca, uma novidade que acontece em um contexto tenso entre potências ocidentais e a Rússia no âmbito do conflito sírio.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, chegou no fim da manhã para participar do retiro informal celebrado todos os anos, geralmente nos arredores de Nova York.

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Seu enviado especial para a Síria , Staffan de Mistura, é esperado no domingo.

"Ainda enfrentamos uma profunda divisão neste assunto (Síria), realmente devemos encontrar uma solução para a violação do direito internacional que constitui o uso de armas químicas", declarou Guterres na chegada.

O recurso às armas químicas é "um crime de guerra", acrescentou.

Os 15 membros do Conselho de Segurança vão se reunir em Backakra, residência de campo de Dag Hammarskjöld, segundo secretário-geral da história da ONU, morto em 1961 em um acidente de avião na África em circunstâncias nunca explicadas.

Na ala sul da casa, construída em meio a uma reserva natural próxima do mar Báltico, no extremo sul da Suécia, serve de casa de veraneio para os acadêmicos suecos que oferecem o prêmio Nobel de Literatura.

A milhares de quilômetros de Nova York e de Damasco, os membros do Conselho estudarão "os meios de reforçar e tornar mais eficazes as missões de manutenção da paz das Nações Unidas", apontou o governo sueco.

Sem excesso de otimismo

A ministra sueca de Relações Exteriores, Margot Wallström, comemorou a mudança do Conselho para a Suécia - país membro não permanente, mas "onde perdura uma longa tradição de prevenção e de resolução pacíficas dos conflitos".

Mas ela também alertou, na chegada a Backakra, na manhã deste sábado, para não criar esperanças excessivas de que o problema sírio será resolvido neste fim de semana.

"Imaginamos que há novas ideias sobre a mesa em relação aos seguintes assuntos: a situação humanitária, as armas químicas", disse.

 

A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, lamentou "o impasse" do Conselho de Segurança sobre o assunto sírio.

"Retiros como esse são importantes para sair de Nova York de vez em quando e discutir esses assuntos para realmente tentar encontrar uma solução", afirmou.

Acesso da OPAQ

Os bombardeios por parte de Estados Unidos, França e Reino Unido em 14 de abril foram dirigidos a três locais vinculados ao programa de armamento químico sírio do regime de Bashar al Assad, acusado do ataque com supostos gases tóxicos de 7 de abril em Duma, então o último bastião rebelde perto de Damasco.

O regime de Assad e seu aliado russo desmentiram toda a responsabilidade neste ataque que, segundo os socorristas, deixou mais de 40 mortos. Para os ocidentais, o poder sírio ultrapassou os limites.

Esses ataques, decididos sem resolução do Conselho, trouxeram à tona as tensões já existentes com a Rússia - membro permanente, ao lado de EUA, França, Grã-Bretanha e China.

Moscou usou seu veto no Conselho 12 vezes desde 2011.

Uma missão de investigação da Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ) se encontra em Damasco.

"Seria bom encontrar os meios de permitir à OPAQ trabalhar e ter acesso para inspecionar e determinar as responsabilidades" do ataque, apontou Wallström neste sábado.

Alguns países não membros criticaram a viagem à Suécia. Com os conflitos que têm à mesa, não é normal o Conselho ir para tão longe neste momento, denuncia um embaixador sob anonimato. "Como vai ser se acontecer algo sério?", indaga.

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