Comunidade internacional aumenta pressão sobre Síria
Em uma declaração final, o grupo de 60 países pediu ao governo sírio o "fim imediato de toda forma de violência" para permitir o ingresso de ajuda humanitária
Da Redação
Publicado em 24 de fevereiro de 2012 às 19h53.
Túnis - Países árabes e ocidentais intensificaram a pressão sobre o regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, pedindo o fim imediato da violência no país e a adoção de novas sanções contra Damasco, ao final da conferência internacional dos "Amigos da Síria ", nesta sexta-feira, na Tunísia.
Em uma declaração final, o grupo de 60 países pediu ao governo sírio o "fim imediato de toda forma de violência" para permitir o ingresso de ajuda humanitária e se comprometeu a "tomar medidas para aplicar e reforçar as sanções contra o regime".
Os participantes do encontro prometeram "tomar medidas para aplicar e reforçar as restrições e sanções sobre o regime como uma mensagem clara para o governo sírio de que não pode atacar civis impunemente".
Também reconheceram o principal grupo opositor, o Conselho Nacional Sírio (CNS), como "um legítimo representante dos sírios que buscam uma mudança democrática pacífica".
Por outro lado, a declaração se limitou a "tomar nota do pedido da Liga Árabe para que o Conselho de Segurança da ONU emita uma resolução para formar uma força de paz conjunta árabe e das Nações Unidas (...), e decidiu continuar as discussões sobre as condições de deslocamento de uma força tal".
Em um primeiro indício de que o aumento da pressão pode estar dando certo, ambulâncias da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho entraram no distrito sitiado de Baba Amr, em Homs, e retiraram sete sírios feridos em bombardeios das forças do regime.
"Três ambulâncias entraram em Baba Amr e partiram. Até agora foram evacuados sete civis sírios feridos", disse à AFP Saleh Dabbakeh, porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, em Damasco.
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton (E), reúne-se com o chanceler saudita, Saud bin Faisal, em Túnis
Segundo ele, as ambulâncias ainda não retiraram do local dois jornalistas ocidentais feridos e os corpos de outros dois repórteres mortos durante a cobertura do conflito.
A jornalista americana Marie Colvin e o fotógrafo francês Remi Ochlik foram mortos na quarta-feira, quando a casa onde funcionava um centro de imprensa improvisado foi atingido em um bombardeio a Baba Amr.
A repórter francesa Edith Bouvier e o fotógrafo britânico Paul Conroy sofreram ferimentos nas pernas no mesmo ataque.
"As negociações continuam com as autoridades sírias e a oposição na tentativa de evacuar todas as pessoas, sem exceção, que precisam de ajuda urgente", acrescentou.
Cerca de 40 pessoas foram mortas em novos atos de violência nesta sexta-feira, dois dias antes de os sírios votarem uma nova Constituição que poderá por um fim a 50 anos de dominação do Partido Baath, embora mantenha poderes amplos para o presidente.
O país sede do encontro, a Tunísia, pediu o envio de uma força de paz árabe à Síria para ajudar a por um fim à matança e que Assad tenha garantia de imunidade para convencê-lo a deixar o poder.
"A situação atual exige uma intervenção árabe no âmbito da Liga, uma força árabe para manter a paz e a segurança para acompanhar os esforços diplomáticos para convecer Bashar (al-Assad) a partir", afirmou o presidente tunisiano, Moncef Marzouki.
"Uma solução política precisa ser encontrada, como a garantia de imunidade judicial ao presidente sírio, sua família e membros de seu regime, bem como um lugar de refúgio, que a Rússia poderia oferecer", acrescentou.
O ministro de Relações Exteriores do Qatar, xeque Hamad bin Jassim al-Thani, apoiou o pedido de tropas de paz. Segundo ele, esta força seria necessária para manter a segurança, abrir corredores humanitários e implementar as decisões da Liga Árabe sobre a crise.
Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, mais de 7.600 pessoas foram mortas desde o início do levante contra o governo de Assad, em março passado.
Rússia e China se destacaram pela ausência no encontro desta sexta-feira, reforçando a dificuldade em se construir um consenso internacional na Síria.
Ambos os países frustraram os esforços para controlar o regime de Assad, inclusive vetando resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
Segundo a secretária americana de Estado, Hillary Clinton, é preciso "mudar a atitude de russos e chineses". "Eles precisam entender que estão se posicionando contra as aspirações, não só do povo sírio, mas de toda a Primavera Árabe".
Clinton também advertiu que Assad "pagará um alto preço" por ignorar a vontade da comunidade internacional ao reprimir violentamente a oposição, e que a reunião em Túnis "aumentou a pressão sobre o regime sírio e aprofundou seu isolamento".
O principal grupo opositor ao regime de Assada, o Conselho Nacional Sírio, alertou que a intervenção militar pode ser a "única opção" para por um fim à crise.
No entanto, os países árabes e do Ocidente até agora recusaram a ideia de uma missão estrangeira como a operação que ajudou a derrubar o regime do ditador líbio Muamar Kadhafi.
Mas o ministro saudita das Relações Exteriores, príncipe Saud al-Faisal, apoiou a ideia de se armar a oposição síria.
"Penso que é uma excelente ideia porque eles precisam se proteger", afirmou, antes de iniciar uma reunião com Hillary Clinton.
Na véspera, Hillary já tinha descrito o Conselho Nacional Sírio como um "representante confiável" que demonstraria que "há uma alternativa" ao regime de Assad.
O chanceler francês, Alain Juppé, também endossou o CNS como um "representante legítimo da oposição síria, o pólo em torno do qual a oposição deve se organizar".
Enquanto a reunião começava na Tunísia, policiais usaram cassetetes para atacar dzenas de manifestantes que tentavam entrar no local do encontro cantando palavras de ordem contra a realização da conferência.
Túnis - Países árabes e ocidentais intensificaram a pressão sobre o regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, pedindo o fim imediato da violência no país e a adoção de novas sanções contra Damasco, ao final da conferência internacional dos "Amigos da Síria ", nesta sexta-feira, na Tunísia.
Em uma declaração final, o grupo de 60 países pediu ao governo sírio o "fim imediato de toda forma de violência" para permitir o ingresso de ajuda humanitária e se comprometeu a "tomar medidas para aplicar e reforçar as sanções contra o regime".
Os participantes do encontro prometeram "tomar medidas para aplicar e reforçar as restrições e sanções sobre o regime como uma mensagem clara para o governo sírio de que não pode atacar civis impunemente".
Também reconheceram o principal grupo opositor, o Conselho Nacional Sírio (CNS), como "um legítimo representante dos sírios que buscam uma mudança democrática pacífica".
Por outro lado, a declaração se limitou a "tomar nota do pedido da Liga Árabe para que o Conselho de Segurança da ONU emita uma resolução para formar uma força de paz conjunta árabe e das Nações Unidas (...), e decidiu continuar as discussões sobre as condições de deslocamento de uma força tal".
Em um primeiro indício de que o aumento da pressão pode estar dando certo, ambulâncias da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho entraram no distrito sitiado de Baba Amr, em Homs, e retiraram sete sírios feridos em bombardeios das forças do regime.
"Três ambulâncias entraram em Baba Amr e partiram. Até agora foram evacuados sete civis sírios feridos", disse à AFP Saleh Dabbakeh, porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, em Damasco.
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton (E), reúne-se com o chanceler saudita, Saud bin Faisal, em Túnis
Segundo ele, as ambulâncias ainda não retiraram do local dois jornalistas ocidentais feridos e os corpos de outros dois repórteres mortos durante a cobertura do conflito.
A jornalista americana Marie Colvin e o fotógrafo francês Remi Ochlik foram mortos na quarta-feira, quando a casa onde funcionava um centro de imprensa improvisado foi atingido em um bombardeio a Baba Amr.
A repórter francesa Edith Bouvier e o fotógrafo britânico Paul Conroy sofreram ferimentos nas pernas no mesmo ataque.
"As negociações continuam com as autoridades sírias e a oposição na tentativa de evacuar todas as pessoas, sem exceção, que precisam de ajuda urgente", acrescentou.
Cerca de 40 pessoas foram mortas em novos atos de violência nesta sexta-feira, dois dias antes de os sírios votarem uma nova Constituição que poderá por um fim a 50 anos de dominação do Partido Baath, embora mantenha poderes amplos para o presidente.
O país sede do encontro, a Tunísia, pediu o envio de uma força de paz árabe à Síria para ajudar a por um fim à matança e que Assad tenha garantia de imunidade para convencê-lo a deixar o poder.
"A situação atual exige uma intervenção árabe no âmbito da Liga, uma força árabe para manter a paz e a segurança para acompanhar os esforços diplomáticos para convecer Bashar (al-Assad) a partir", afirmou o presidente tunisiano, Moncef Marzouki.
"Uma solução política precisa ser encontrada, como a garantia de imunidade judicial ao presidente sírio, sua família e membros de seu regime, bem como um lugar de refúgio, que a Rússia poderia oferecer", acrescentou.
O ministro de Relações Exteriores do Qatar, xeque Hamad bin Jassim al-Thani, apoiou o pedido de tropas de paz. Segundo ele, esta força seria necessária para manter a segurança, abrir corredores humanitários e implementar as decisões da Liga Árabe sobre a crise.
Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, mais de 7.600 pessoas foram mortas desde o início do levante contra o governo de Assad, em março passado.
Rússia e China se destacaram pela ausência no encontro desta sexta-feira, reforçando a dificuldade em se construir um consenso internacional na Síria.
Ambos os países frustraram os esforços para controlar o regime de Assad, inclusive vetando resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
Segundo a secretária americana de Estado, Hillary Clinton, é preciso "mudar a atitude de russos e chineses". "Eles precisam entender que estão se posicionando contra as aspirações, não só do povo sírio, mas de toda a Primavera Árabe".
Clinton também advertiu que Assad "pagará um alto preço" por ignorar a vontade da comunidade internacional ao reprimir violentamente a oposição, e que a reunião em Túnis "aumentou a pressão sobre o regime sírio e aprofundou seu isolamento".
O principal grupo opositor ao regime de Assada, o Conselho Nacional Sírio, alertou que a intervenção militar pode ser a "única opção" para por um fim à crise.
No entanto, os países árabes e do Ocidente até agora recusaram a ideia de uma missão estrangeira como a operação que ajudou a derrubar o regime do ditador líbio Muamar Kadhafi.
Mas o ministro saudita das Relações Exteriores, príncipe Saud al-Faisal, apoiou a ideia de se armar a oposição síria.
"Penso que é uma excelente ideia porque eles precisam se proteger", afirmou, antes de iniciar uma reunião com Hillary Clinton.
Na véspera, Hillary já tinha descrito o Conselho Nacional Sírio como um "representante confiável" que demonstraria que "há uma alternativa" ao regime de Assad.
O chanceler francês, Alain Juppé, também endossou o CNS como um "representante legítimo da oposição síria, o pólo em torno do qual a oposição deve se organizar".
Enquanto a reunião começava na Tunísia, policiais usaram cassetetes para atacar dzenas de manifestantes que tentavam entrar no local do encontro cantando palavras de ordem contra a realização da conferência.