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Como as tarifas anunciadas por Trump afetam a economia do México?

Donald Trump anunciou a decisão de aplicar tarifas de 5% sobre produtos importados do México, o que deve prejudicar a economia do país latino

Cerca separa México e Estados Unidos, na cidade de Tijuana; taxação de produtos foi retaliação à suposta ineficiência do México em conter migração (Jorge Duenes/Reuters)
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EFE

Publicado em 31 de maio de 2019 às 20h18.

Cidade do México — O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na noite de quinta-feira a decisão de aplicar tarifas de 5% sobre produtos importados do México se o país vizinho não tomar medidas para conter a imigração, mas como a medida, que entra em vigor no próximo dia 10, pode afetar a economia mexicana? Entenda o caso em cinco tópicos.

Quais são os efeitos da ameaça tarifária feita por Trump?

O subsecretário para a América do Norte da Secretaria de Relações Exteriores do México, Jesús Seade, considerou que a medida é "gravíssima" para a economia mexicana e teria um forte impacto.

Já o presidente do Banco do México, Alejandro Díaz de Léon, projetou que as tarifas afetariam o Produto Interno Bruto (PIB) do país, que já avança em ritmo lento e deve crescer 1,5% em 2019.

Considerando que as taxas serão aplicadas pelos EUA sobre todos os produtos importados do México, a BBVA Bancomer reduziu nesta sexta-feira as previsões de crescimento da economia do país em 2019 em 0,4 ponto percentual, de 1,4% para 1%.

Qual é a importância do comércio entre os dois países?

O EUA são o principal parceiro comercial do México. O país exportou US$ 328 bilhões aos americanos entre janeiro e novembro de 2018, o que representa 79,4% do total vendido pelo país ao exterior.

Os americanos compram do México principalmente alimentos e bens relacionados à indústria automotiva, já que fábricas de várias marcas se instalaram no país vizinho, perto da fronteira com os EUA.

Na sequência, estão bens industrializados, como refrigeradores e aquecedores, materiais elétricos, aparelhos de reprodução de som e máquinas de processamento de dados.

A dependência que o México tem das exportações para os EUA é histórica. Nos últimos dez anos, as vendas aos americanos representaram entre 77,5% e 81% do total vendido pelo país ao exterior, de acordo com o Ministério da Economia.

Desde 2008, o embarque de produtos mexicanos para o vizinho cresceu 40%, registrando uma série de altas consecutivas. No período, só houve recuo nas exportações em dois anos - 2009 e 2016.

Qual é a posição do governo mexicano?

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, disse estar confiante em que os EUA voltarão atrás e desistirão das tarifas.

"O México não merece um tratamento como esse que querem aplicar", afirmou López Obrador em discurso no Palácio Nacional.

Na entrevista coletiva que concede diariamente, o presidente reiterou que o México não entrará em qualquer tipo de provocação e que não responderá à "desesperada" decisão de Trump.

Ontem, López Obrador enviou uma carta a Trump na qual pediu diálogo e não confronto. E ressaltou que não acredita na Lei de Talião, que prega "olho por olho, dente por dente".

No entanto, o secretário de Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard, recebeu ordens para viajar a Washington e conversar o mais rápido possível sobre o caso com o governo dos EUA.

Como empresas e mercado estão reagindo?

O anúncio de Trump provocou reação no mercado financeiro. Os principais indicadores da Bolsa de Valores de Nova York caíram após as declarações do presidente americano. O mesmo ocorreu na Europa e no próprio México. Já o peso mexicano caiu 2,99% ante ao dólar.

Qual é a realidade migratória do México?

Durante o mandato de López Obrador, que assumiu o poder em 1º de dezembro de 2018, 43.301 pessoas foram deportadas até abril de 2019, de acordo com o Instituto Nacional de Migração (Inami).

O número de deportações foi especialmente alto em abril, com 14.970, quase triplicando os 5.717 imigrantes enviados de volta aos países de origem no primeiro mês do novo governo. A maioria deles vem de países da América Central.

López Obrador tem um plano de desenvolvimento para a América Central e quer o apoio de Trump. O presidente mexicano garantiu que está lidando com os fluxos migratórios que chegam ao país e defendeu o respeito aos direitos humanos dos migrantes.

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