Comitê de analistas critica resposta inicial ao desastre de Fukushima
Tudo indica que os operadores da usina e os funcionários do quartel central não tinham conhecimento suficiente sobre o equipamento, aponta o relatório
Da Redação
Publicado em 26 de dezembro de 2011 às 10h31.
Tóquio - A resposta inicial da Tepco, operadora da central de Fukushima , ao acidente nuclear decorrente do tsunami de março foi cercada de problemas e incluiu situações "extremamente inapropriadas", segundo as investigações de um painel independente divulgadas nesta segunda-feira.
O comitê, integrado por uma dezena de analistas e acadêmicos, divulgou nesta segunda um relatório provisório que aponta que muitos dos problemas observados na usina nuclear depois do tsunami estavam relacionados com a falta de medidas de prevenção de acidentes.
Em 11 de março, ondas de mais de dez metros produzidas por um forte terremoto de 9 graus na escala Richter atingiram a usina nuclear, que fica às margens do Pacífico, e cortaram a provisão elétrica.
Segundo os analistas, no momento imediatamente posterior ao desastre, em meio ao caos, os operários da Tepco interpretaram e administraram de forma incorreta a situação nos reatores 1 e 3, que sofreram uma fusão de seus núcleos, da mesma forma que o reator 2.
No caso da unidade 1, os funcionários dos serviços de emergência da usina avaliaram erroneamente que o condensador de isolamento (um dos sistemas para refrigerar o núcleo) estava funcionando corretamente, o que atrasou a decisão de utilizar água para esfriá-lo.
Tudo indica que os operadores da usina e os funcionários do quartel central não tinham conhecimento suficiente sobre o equipamento, uma situação "extremamente inadequada", aponta o relatório.
"A Tepco não esperava uma situação na qual fosse cortada a provisão elétrica de todos os reatores ao mesmo tempo por um desastre natural muito grave, e não tinha proporcionado suficiente treinamento e preparação para responder a essa situação", critica.
No caso do reator 3, alguns funcionários pararam um sistema de refrigeração de emergência sem comunicar ao escritório central da usina, o que fez com que ficasse sete horas sem que fosse injetada água.
Segundo os dez analistas do painel independente, liderado pelo investigador Yotaro Hatamura, professor emérito da Universidade de Tóquio, uma resposta mais rápida com as medidas adequadas teria permitido que o núcleo dos reatores 1 e 3 ficasse menos danificado e, portanto, emitisse menos radioatividade.
A investigação também avalia o governo do Japão e afirma que sua resposta inicial foi "problemática", devido a uma comunicação insuficiente entre os diferentes escritórios.
Os funcionários do Ministério de Indústria e da Agência de Segurança Nuclear se viram "muito frustrados pela falta de rapidez ao receber informações" por parte da Tepco, mas, apesar disso, não enviaram pessoal aos quartéis da usina para obter dados diretos.
Além disso, a ordem de evacuação emitida aos moradores nos arredores de Fukushima foi confusa, de acordo com os especialistas, e chegou a dar a impressão de que a única coisa que deveriam fazer era "correr" e se afastar dali a todo custo.
Em alguns casos, houve moradores que foram encaminhados a lugares nos quais o material radioativo tinha se espalhado, detalha o painel, que tem entre seus membros um prefeito da província de Fukushima.
O relatório ainda é provisório, já que para completá-lo o comitê precisa interrogar muitos funcionários do governo relacionados à resposta ao acidente, incluindo o ex-primeiro-ministro Naoto Kan, que renunciou em setembro diante da avalanche de críticas por sua gestão da crise.
Até meados de dezembro, os analistas tinham mantido cerca de 900 horas de entrevistas com 456 pessoas, o que se traduziu em um documento provisório de cerca de 500 páginas. Já o relatório completo deve ser divulgado em meados de 2012.
No último dia 16, o governo japonês declarou que os reatores de Fukushima se encontram em "parada fria", o que significa que se mantêm de forma estável abaixo dos 100 graus centígrados.
Isso permitiu fechar a segunda fase do plano para controlar a crise e iniciar a terceira, que inclui extensos trabalhos de limpeza em torno da usina afetada, incluindo a zona de exclusão de um raio de 20 quilômetros.
Tóquio - A resposta inicial da Tepco, operadora da central de Fukushima , ao acidente nuclear decorrente do tsunami de março foi cercada de problemas e incluiu situações "extremamente inapropriadas", segundo as investigações de um painel independente divulgadas nesta segunda-feira.
O comitê, integrado por uma dezena de analistas e acadêmicos, divulgou nesta segunda um relatório provisório que aponta que muitos dos problemas observados na usina nuclear depois do tsunami estavam relacionados com a falta de medidas de prevenção de acidentes.
Em 11 de março, ondas de mais de dez metros produzidas por um forte terremoto de 9 graus na escala Richter atingiram a usina nuclear, que fica às margens do Pacífico, e cortaram a provisão elétrica.
Segundo os analistas, no momento imediatamente posterior ao desastre, em meio ao caos, os operários da Tepco interpretaram e administraram de forma incorreta a situação nos reatores 1 e 3, que sofreram uma fusão de seus núcleos, da mesma forma que o reator 2.
No caso da unidade 1, os funcionários dos serviços de emergência da usina avaliaram erroneamente que o condensador de isolamento (um dos sistemas para refrigerar o núcleo) estava funcionando corretamente, o que atrasou a decisão de utilizar água para esfriá-lo.
Tudo indica que os operadores da usina e os funcionários do quartel central não tinham conhecimento suficiente sobre o equipamento, uma situação "extremamente inadequada", aponta o relatório.
"A Tepco não esperava uma situação na qual fosse cortada a provisão elétrica de todos os reatores ao mesmo tempo por um desastre natural muito grave, e não tinha proporcionado suficiente treinamento e preparação para responder a essa situação", critica.
No caso do reator 3, alguns funcionários pararam um sistema de refrigeração de emergência sem comunicar ao escritório central da usina, o que fez com que ficasse sete horas sem que fosse injetada água.
Segundo os dez analistas do painel independente, liderado pelo investigador Yotaro Hatamura, professor emérito da Universidade de Tóquio, uma resposta mais rápida com as medidas adequadas teria permitido que o núcleo dos reatores 1 e 3 ficasse menos danificado e, portanto, emitisse menos radioatividade.
A investigação também avalia o governo do Japão e afirma que sua resposta inicial foi "problemática", devido a uma comunicação insuficiente entre os diferentes escritórios.
Os funcionários do Ministério de Indústria e da Agência de Segurança Nuclear se viram "muito frustrados pela falta de rapidez ao receber informações" por parte da Tepco, mas, apesar disso, não enviaram pessoal aos quartéis da usina para obter dados diretos.
Além disso, a ordem de evacuação emitida aos moradores nos arredores de Fukushima foi confusa, de acordo com os especialistas, e chegou a dar a impressão de que a única coisa que deveriam fazer era "correr" e se afastar dali a todo custo.
Em alguns casos, houve moradores que foram encaminhados a lugares nos quais o material radioativo tinha se espalhado, detalha o painel, que tem entre seus membros um prefeito da província de Fukushima.
O relatório ainda é provisório, já que para completá-lo o comitê precisa interrogar muitos funcionários do governo relacionados à resposta ao acidente, incluindo o ex-primeiro-ministro Naoto Kan, que renunciou em setembro diante da avalanche de críticas por sua gestão da crise.
Até meados de dezembro, os analistas tinham mantido cerca de 900 horas de entrevistas com 456 pessoas, o que se traduziu em um documento provisório de cerca de 500 páginas. Já o relatório completo deve ser divulgado em meados de 2012.
No último dia 16, o governo japonês declarou que os reatores de Fukushima se encontram em "parada fria", o que significa que se mantêm de forma estável abaixo dos 100 graus centígrados.
Isso permitiu fechar a segunda fase do plano para controlar a crise e iniciar a terceira, que inclui extensos trabalhos de limpeza em torno da usina afetada, incluindo a zona de exclusão de um raio de 20 quilômetros.