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Começa diálogo entre Ortega e opositores na Nicarágua

O conferência reúne os setores estudantil, empresarial e da sociedade civil para superar a grave crise marcada por protestos que deixaram cerca de 58 mortos

Nicarágua: a Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN) acontece após quase um mês de protestos contra o governo (Oswaldo Rivas/Reuters)

Nicarágua: a Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN) acontece após quase um mês de protestos contra o governo (Oswaldo Rivas/Reuters)

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AFP

Publicado em 16 de maio de 2018 às 15h32.

A Igreja Católica abriu nesta quarta-feira um diálogo na Nicarágua para superar uma grave crise marcada por quase um mês de protestos que deixaram 58 mortos, e em que o presidente Daniel Ortega pediu que não se derramasse sangue entre irmãos.

"Bem-vindos à sessão de abertura do diálogo nacional", anunciou um representante da Igreja na cerimônia inaugural.

A Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN), presidida pelo cardeal Leopoldo Brenes, media as negociações, em que os setores estudantil, empresarial e da sociedade civil que se opõem ao governo buscam uma democratização e mesmo a renúncia do presidente.

"O sangue dos irmãos na Nicarágua não deve continuar a correr" e "a polícia tem ordens para não atirar" nos manifestantes, declarou Ortega ao abrir o diálogo, que acontece no seminário de Nossa Senhora de Fátima, na capital Manágua.

Ao discursar, Ortega foi interrompido várias vezes por gritos de "chega de repressão" e "assassino" por parte de representantes dos estudantes que participam das negociações.

Os estudantes foram aqueles que mais sofreram com a repressão das manifestações.

O governo está interessado em fazer justiça aos mortos e "por isso convidou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)", disse Ortega, que agradeceu ao CEN e ao cardinal Leopoldo Brenes "por este esforço extraordinário para que este diálogo fosse instalado".

É a primeira vez que Ortega, que governou nos últimos anos com um controle quase absoluto do país e é pressionado pelos protestos em massa, concorda em dialogar com seus opositores. Sua esposa e vice-presidente Rosario Murillo também participa das conversações.

Além de 58 mortos, as manifestações deixaram quase 500 feridos, mais de 60 pessoas ainda desaparecidas e o caos em várias cidades por saques, incêndios e barricadas nas ruas.

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