Combates na Líbia deixam mais de 170 mortos e 750 feridos em duas semanas
As batalhas explodiram em 4 de abril, quando o marechal Hafter ordenou a conquista de Trípoli apesar da presença do secretário-geral da ONU
EFE
Publicado em 16 de abril de 2019 às 15h26.
Trípoli — Pelo menos 174 pessoas morreram e 758 ficaram feridas nos combates que ocorrem há duas semanas pelo controle de Trípoli, a capital da Líbia , entre o governo imposto pelo ONU na cidade e as tropas lideradas pelo marechal Khalifa Hafter, o homem forte do país.
Um total de 14 mortos e 36 feridos são civis, detalhou o porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tariq Jasarevic, que acrescentou que a instituição multiplicou seus efetivos no país.
"A OMS mobilizou uma equipe cirúrgica adicional para auxiliar os hospitais no atendimento dos feridos", explicou Jasarevic.
As batalhas explodiram em 4 de abril, data na qual o marechal Hafter ordenou a conquista de Trípoli apesar da presença do secretário-geral da ONU, António Guterres, na cidade, em uma clara mensagem à comunidade internacional.
Desde então, os combates - que provocaram o deslocamento de mais de 8 mil pessoas - ocorrem diariamente em torno do antigo aeroporto internacional de Trípoli, um local de alto valor estratégico para a conquista da cidade.
O aeroporto, em desuso há anos, está desde o fim de semana em poder das forças orientais de Hafter, que tentam avançar pelo eixo meridional a partir da cidade de Tarhouna, cerca de 60 quilômetros ao sul de Trípoli.
Nos enfrentamentos, que afetaram o precário fornecimento de energia elétrica na capital, também participam milícias procedentes da cidade-Estado vizinha de Misrata, principal porto comercial da Líbia, enviadas em auxílio ao governo chancelado pela ONU em 2016 após seu plano de paz fracassado.
A batalha pelo controle de Trípoli, que se resultar vitoriosa para o marechal Hafter lhe concederia praticamente o controle do país, revelou a complexa rede de interferências estrangeiras na Líbia desde a revolução que acabou com a ditadura de Muammar Kadafi em 2011.
Em particular, as ingerências de França, simpática ao marechal Hafter, e Itália, principal apoio político do governo imposto pela ONU e um dos parceiros militares da cidade-Estado de Misrata, onde possui tropas mobilizadas.