Combate ao fentanil deve ser mundial, diz embaixador americano no México
O tráfico desta substância, um opioide sintético que pode ser até 50 vezes mais forte que a heroína, se tornou um dos maiores pontos de tensão entre os dois governos
Agência de notícias
Publicado em 15 de abril de 2023 às 18h15.
Última atualização em 16 de abril de 2023 às 10h20.
Combater o tráfico de fentanil, uma droga sintética com precursores químicos da China que já matou dezenas de milhares de americanos, requer uma estratégia global semelhante à empreendida contra a covid-19, disse o embaixador dos Estados Unidos no México, Ken Salazar, neste sábado (15).
O diplomata americano apresentou em coletiva de imprensa um balanço da reunião realizada na quinta-feira pelas equipes de segurança dos dois países em Washington, a qual qualificou como "histórica" devido aos acordos alcançados para combater o tráfico de drogas e de armas.
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"O mundo tem que se unir, isso não é só Estados Unidos e México. Os governos da Europa estão vendo o que está acontecendo com o fentanil. Sabemos que outros países da América Latina agora estão vendo com muito mais interesse porque é um veneno, porque é uma droga muito mais fácil de ser produzida", disse Salazar.
O tráfico desta substância, um opioide sintético que pode ser até 50 vezes mais forte que a heroína, se tornou um dos maiores pontos de tensão entre os dois governos, à medida que a maior parte desta droga chega aos EUA vinda da China, através do México.
"Há cinco anos não se falava muito em fentanil, agora se fala em todo o mundo", acrescentou o embaixador.
Quais as últimas ações
Na sexta-feira (14), o Departamento de Justiça americano acusou 28 pessoas de tráfico de fentanil, entre eles, quatro filhos do famoso traficante de drogas Joaquín "El Chapo" Guzmán, preso nos EUA, assim como fornecedores de precursores químicos na China, um intermediário na Guatemala, operadores de laboratórios clandestinos no México, um traficante de armas e envolvidos em lavagem de dinheiro.
Um dos filhos de Guzmán, Ovidio, foi preso em 5 de janeiro na cidade de Culiacán, no noroeste do país, em uma operação que deixou 10 soldados e 19 suspeitos mortos. No mês seguinte, os Estados Unidos pediram sua extradição ao México. Outros sete membros ligados a esta rede foram presos em Colômbia, Grécia, Guatemala e Estados Unidos.
De acordo com dados oficiais, desde agosto de 2021 até o mesmo mês em 2022, 107.735 pessoas morreram de overdose da droga no país, dois terços delas por opioides sintéticos, principalmente fentanil.
Legisladores republicanos promoveram, até agora sem sucesso, uma iniciativa para declarar os cartéis mexicanos como terroristas e, assim, abrir as portas para uma intervenção armada no México para combatê-los.