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Comandada por ex-oficial da polícia, rebelião no Haiti resulta em fuga de 4 mil detentos

País espera ajuda internacional para tentar debelar crise; estima-se que 200 gangues atuem em Porto Príncipe

Grupos criminosos invadiram a principal penitenciária do país, resultando na fuga de 3 mil detentos (RICHARD PIERRIN/AFP /Getty Images)
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 5 de março de 2024 às 09h33.

Os combates entre gangues armadas e a polícia aumentaram no Haiti nesta semana, com o líder da aliança de gangues, Jimmy Cherizier, fazendo um apelo para derrubar o governo.

O governo haitiano declarou estado de emergência e toque de recolher por 72 horas no departamento de Oeste, onde está localizada a capital Porto Príncipe. Isso ocorreu após grupos criminosos tomarem a principal penitenciária do país caribenho, resultando nafuga de mais de 4.000 detentose deixando dez mortos.

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Cherizier, de 46 anos, conhecido como "Barbeque", já foi um oficial da Polícia Nacional do Haiti. Como policial, ele é acusado pelas Nações Unidas de ter desempenhado um papel em vários massacres, incluindo a morte de mais de 70 pessoas em 2018, quando mais de 400 casas no bairro La Saline da capital foram incendiadas.

Segundo a Reuters, Cherizier, que frequentemente faz aparições públicas usando boina, roupas camufladas e arma na mão, anunciou a criação, em 2020, de uma aliança de gangues. Liderada por ele, ela reunia nove gangues da área da capital e se chamava G9 Family and Allies.

Em 2021, o então presidente Jovenel Moise foi assassinado, e Cherizier incitou protestos, acusando os líderes da oposição e a polícia de planejarem seu assassinato. Os promotores dos EUA dizem que houve uma conspiração para substituir Moise por um pastor da Flórida, enquanto um juiz haitiano apontou a culpa para a viúva de Moise.

Após o assassinato de Moise, a situação da segurança no Haiti se deteriorou ainda mais.

Cherizier ganhou notoriedade internacional depois de assumir o controle do principal porto de combustível do Haiti, essencialmente mantendo o país como refém, já que o transporte foi congelado e os hospitais ficaram sem fornecimento de energia.

O G9 encerrou o bloqueio mais de um mês depois, enquanto o primeiro-ministro Ariel Henry começou a angariar apoio internacional para uma missão apoiada pela ONU para ajudar a derrotar cerca de 200 gangues na capital.

Enquanto isso, em Porto Príncipe, as gangues estavam se unindo em torno da G9 e de outra aliança conhecida como G-Pep, que, segundo analistas do crime organizado, tem ligações com os partidos de oposição haitianos.

Cherizier é um dos cinco líderes de gangues sujeitos a sanções da ONU e dos EUA. Os efeitos dessas sanções ainda não estão claros.

De acordo com a Reuters, estima-se que as gangues agora controlem a maior parte da capital. O premiê Henry viajou a Nairóbi na semana passada para selar um acordo para que o Quênia lidere as forças de pacificação do país.

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