Comandada por ex-oficial da polícia, rebelião no Haiti resulta em fuga de 4 mil detentos
País espera ajuda internacional para tentar debelar crise; estima-se que 200 gangues atuem em Porto Príncipe
Repórter colaborador
Publicado em 5 de março de 2024 às 09h33.
Os combates entre gangues armadas e a polícia aumentaram no Haiti nesta semana, com o líder da aliança de gangues, Jimmy Cherizier, fazendo um apelo para derrubar o governo.
O governo haitiano declarou estado de emergência e toque de recolher por 72 horas no departamento de Oeste, onde está localizada a capital Porto Príncipe. Isso ocorreu após grupos criminosos tomarem a principal penitenciária do país caribenho, resultando nafuga de mais de 4.000 detentose deixando dez mortos.
Segundo a Reuters, Cherizier, que frequentemente faz aparições públicas usando boina, roupas camufladas e arma na mão, anunciou a criação, em 2020, de uma aliança de gangues. Liderada por ele, ela reunia nove gangues da área da capital e se chamava G9 Family and Allies.
Em 2021, o então presidente Jovenel Moise foi assassinado, e Cherizier incitou protestos, acusando os líderes da oposição e a polícia de planejarem seu assassinato. Os promotores dos EUA dizem que houve uma conspiração para substituir Moise por um pastor da Flórida, enquanto um juiz haitiano apontou a culpa para a viúva de Moise.
Após o assassinato de Moise, a situação da segurança no Haiti se deteriorou ainda mais.
Cherizier ganhou notoriedade internacional depois de assumir o controle do principal porto de combustível do Haiti, essencialmente mantendo o país como refém, já que o transporte foi congelado e os hospitais ficaram sem fornecimento de energia.O G9 encerrou o bloqueio mais de um mês depois, enquanto o primeiro-ministro Ariel Henry começou a angariar apoio internacional para uma missão apoiada pela ONU para ajudar a derrotar cerca de 200 gangues na capital.
Enquanto isso, em Porto Príncipe, as gangues estavam se unindo em torno da G9 e de outra aliança conhecida como G-Pep, que, segundo analistas do crime organizado, tem ligações com os partidos de oposição haitianos.
Cherizier é um dos cinco líderes de gangues sujeitos a sanções da ONU e dos EUA. Os efeitos dessas sanções ainda não estão claros.
De acordo com a Reuters, estima-se que as gangues agora controlem a maior parte da capital. O premiê Henry viajou a Nairóbi na semana passada para selar um acordo para que o Quênia lidere as forças de pacificação do país.