Rua Wangfujing, em Pequim: dezenas de jornalistas têm sido chamados pela polícia (Cameron Spencer/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 3 de março de 2011 às 10h34.
Pequim - O Governo chinês responsabilizou nesta quinta-feira os jornalistas estrangeiros, alguns agredidos fisicamente pela Polícia, de tentar "criar" notícias e caos ao comparecer no domingo à rua Wangfujing, em Pequim, para cobrir os "protestos de jasmim" convocados pela internet.
A porta-voz de turno do Ministério das Relações Exteriores, Jiang Yu, negou nesta quinta-feira que existam mudanças na lei e assegurou que a regulação 537 continua sendo a guia para a imprensa estrangeira na China. "As autoridades locais implementaram algumas normas que não rompem com essas regulações", acrescentou.
"Se os jornalistas acatam as leis e desenvolvem um verdadeiro trabalho jornalístico, não têm problemas. Mas se alguém não foi a Wangfujing para informar e tentou ser um herói, usar a lei como escudo para 'criar' notícias, foi contra a ética profissional e mudou a natureza do ato. Nenhuma lei vai protegê-lo", destacou a porta-voz.
"A maioria dos jornalistas descumpriram a lei de forma não proposital. Qualquer reunião em Wangfujing precisa de permissão. E os jornalistas não deveriam ser usados", acrescentou.
Jiang afirmou que os correspondentes se reuniram em Wangfujing para filmar sem permissão, ocuparam a rua durante muito tempo, causaram problemas de trânsito e geraram insatisfação nas lojas, e quando a Polícia pediu que saíssem, "os que resistiram foram empurrados".
"Muitos jornalistas foram buscar notícias, mas afetar a ordem pública é descumprir a lei. Alguns foram 'criar' notícias e se transformar em heróis", insistiu reiteradamente Jiang diante da avalanche de perguntas sobre mudanças nas condições de trabalho dos jornalistas na China, as quais a porta-voz negou o tempo todo.
Desde domingo, dezenas de jornalistas estrangeiros que compareceram em Wangfujing vêm sendo convocados pela Polícia, que advertiu sobre as eventuais consequências negativas sobre o credenciamento e o visto na China.