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Da Redação
Publicado em 12 de outubro de 2010 às 18h38.
De todos os problemas sociais encontrados hoje na China, um deles tem grandes chances de atrapalhar o sucesso econômico do país asiático: a segregação entre a cidade grande e a zona rural. Enquanto a primeira começa a viver as vantagens do capitalismo, o segundo grupo ainda permanece preso a regras comunistas que, além de injustas para a população rural, podem emperrar o crescimento econômico chinês. O assunto é tratado na reportagem de capa da revista The Economist desta semana (24/3).
A China tem hoje 800 milhões de pessoas vivendo nos campos - sendo que nenhuma delas têm direito à posse de terras. O conceito de propriedade privada já chegou ao país, mas apenas para quem mora em áreas urbanas. Este seleto grupo de chineses é que está ajudando a movimentar a economia do país, com consumo, aluguéis e outros gastos. A indústria de aluguéis tornou-se tão aquecida nas cidades que, das 50 pessoas mais ricas do país, metade fez suas fortunas graças ao mercado imobiliário.
Além de não terem direito à propriedade, os trabalhadores rurais ainda são obrigados a pagar um imposto especial sobre o uso da terra. Esse dinheiro é transferido a "administradores regionais" - espécie de prefeitura - para o pagamento de serviços básicos, como educação e saúde. Como os serviços não aparecem, resta à população rural se revoltar, como vem acontecendo constantemente.
Para piorar o cenário, a lei chinesa impede que os camponeses migrem para os centros urbanos de acordo com sua própria vontade. Eles não conseguem facilmente se oferecer em mão-de-obra para o comércio e indústria, que afloram nas grandes cidades. Em editorial, a revista The Economist diz que é preciso uma nova onda de privatizações na China, um movimento que "tire os camponeses desse tipo de socialismo".