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China, EUA e disputas territoriais no roteiro do Japão

O resultado que sair das urnas em 16 de dezembro marcará o tom das cruciais relações entre Japão e China

As ilhas disputadas: para Shinzo Abe, que considera a diplomacia do governo de Noda "pouco profunda" (Jiji Press/AFP)
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Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2012 às 15h23.

Tóquio - O futuro dos laços com a China , o papel na Ásia-Pacífico e a aliança com os Estados Unidos despontam como protagonistas da política externa do próximo primeiro-ministro do Japão, em um momento marcado pelas disputas territoriais com Pequim e Seul.

O resultado que sair das urnas em 16 de dezembro marcará o tom das cruciais relações entre Japão e China, respectivamente terceira e segunda maiores economias mundiais, que atravessam seu momento mais complicado em muitos anos devido à disputa pelo pequeno e desabitado arquipélago Senkaku/Diaoyu.

Embora as reivindicações sobre a soberania deste território tenham começado há mais de quatro décadas, o conflito entrou em ebulição em setembro, quando o governo de Yoshihiko Noda adquiriu terras em três dessas ilhas e despertou a ira de Pequim.

Este foi o maior golpe às relações entre os dois gigantes asiáticos em muitos anos e, embora três meses depois já não ganhe capas de jornais mundo afora, a tensão bilateral segue latente, com navios de patrulha chinesas e japoneses navegando diariamente pelas conflituosas águas.

De olho na China, principal parceiro comercial do Japão, o Partido Democrata (PD) de Noda foge das provocações e da linha dura, defendendo manter o que chama de diplomacia de "cabeça fria, estratégia e realismo" para proteger a segurança nacional.

Menos prudente, pelo menos na retórica, é Shinzo Abe, do opositor Partido Liberal-Democrata (PLD), que segundo as pesquisas de intenção de voto tem grandes chances de vencer o pleito e já deixou claro que promoverá uma política externa de tom mais contundente.

Sem panos quentes, o candidato do PLD afirmou recentemente que o atual governo sofreu uma "derrota diplomática" nas Senkaku/Diaoyu, e afirmou que, se retomar o poder, haverá "um controle efetivo de 24 horas" sobre as ilhas, nas quais inclusive poderia construir um porto.


Isso levaria a uma escalada da tensão com a China, mas os analistas não descartam que este discurso se tornará mais moderado se o PLD chegar ao poder, como Abe o fez quando foi primeiro-ministro em 2006 e 2007.

Naquela ocasião, Abe conseguiu relaxar a situação com Pequim e abrir um período de degelo após o endurecimento de seu antecessor, Junichiro Koizumi, um nacionalista que visitou várias vezes um santuário que honra militares mortos que China e Coreia do Sul consideram criminosos de guerra.

Parece provável que, em caso de vitória de Abe, o Japão endureceria sua postura nos conflitos territoriais que mantém também com outros vizinhos, como a Coreia do Sul, no caso das ilhas Takeshima/Dokdo.

O "morde e assopra" pela soberania de pequenas ilhas deixaram na segunda linha da campanha o que em 2009 foi um dos grandes temas eleitorais, as relações com os Estados Unidos, fundamentais para Tóquio como contrapeso ao poderio chinês.

O PD chegou ao poder em 2009 proclamando uma menor dependência de Washington, mas uma vez no governo moderou sua postura e descumpriu a promessa eleitoral de tirar uma polêmica base americana de Okinawa, algo que o então primeiro-ministro, Yukio Hatoyama, pagou com sua renúncia.

Durante os últimos três anos de governo do PD, a aliança com os EUA se manteve firme, mas de uma forma discreta e sem alardes, enquanto Abe se mostra partidário de dar um passo além e reforçá-la abertamente.

Para Shinzo Abe, que considera a diplomacia do governo de Noda "pouco profunda", o fundamental é combinar contundência e sutileza japonesa para dar ao Japão um novo peso no mapa de poder da Ásia-Pacífico, em um momento de mudança de liderança na China e interesse dos EUA pela região, uma zona geoestratégica que considera "de máxima prioridade".

A solidez diplomática que Abe busca seria respaldada, ele ganhar as eleições, de um provável fortalecimento das Forças de Autodefesa (Exército), com maior orçamento e mais poderes "para proteger melhor as águas e o território do Japão".

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Tóquio - O futuro dos laços com a China , o papel na Ásia-Pacífico e a aliança com os Estados Unidos despontam como protagonistas da política externa do próximo primeiro-ministro do Japão, em um momento marcado pelas disputas territoriais com Pequim e Seul.

O resultado que sair das urnas em 16 de dezembro marcará o tom das cruciais relações entre Japão e China, respectivamente terceira e segunda maiores economias mundiais, que atravessam seu momento mais complicado em muitos anos devido à disputa pelo pequeno e desabitado arquipélago Senkaku/Diaoyu.

Embora as reivindicações sobre a soberania deste território tenham começado há mais de quatro décadas, o conflito entrou em ebulição em setembro, quando o governo de Yoshihiko Noda adquiriu terras em três dessas ilhas e despertou a ira de Pequim.

Este foi o maior golpe às relações entre os dois gigantes asiáticos em muitos anos e, embora três meses depois já não ganhe capas de jornais mundo afora, a tensão bilateral segue latente, com navios de patrulha chinesas e japoneses navegando diariamente pelas conflituosas águas.

De olho na China, principal parceiro comercial do Japão, o Partido Democrata (PD) de Noda foge das provocações e da linha dura, defendendo manter o que chama de diplomacia de "cabeça fria, estratégia e realismo" para proteger a segurança nacional.

Menos prudente, pelo menos na retórica, é Shinzo Abe, do opositor Partido Liberal-Democrata (PLD), que segundo as pesquisas de intenção de voto tem grandes chances de vencer o pleito e já deixou claro que promoverá uma política externa de tom mais contundente.

Sem panos quentes, o candidato do PLD afirmou recentemente que o atual governo sofreu uma "derrota diplomática" nas Senkaku/Diaoyu, e afirmou que, se retomar o poder, haverá "um controle efetivo de 24 horas" sobre as ilhas, nas quais inclusive poderia construir um porto.


Isso levaria a uma escalada da tensão com a China, mas os analistas não descartam que este discurso se tornará mais moderado se o PLD chegar ao poder, como Abe o fez quando foi primeiro-ministro em 2006 e 2007.

Naquela ocasião, Abe conseguiu relaxar a situação com Pequim e abrir um período de degelo após o endurecimento de seu antecessor, Junichiro Koizumi, um nacionalista que visitou várias vezes um santuário que honra militares mortos que China e Coreia do Sul consideram criminosos de guerra.

Parece provável que, em caso de vitória de Abe, o Japão endureceria sua postura nos conflitos territoriais que mantém também com outros vizinhos, como a Coreia do Sul, no caso das ilhas Takeshima/Dokdo.

O "morde e assopra" pela soberania de pequenas ilhas deixaram na segunda linha da campanha o que em 2009 foi um dos grandes temas eleitorais, as relações com os Estados Unidos, fundamentais para Tóquio como contrapeso ao poderio chinês.

O PD chegou ao poder em 2009 proclamando uma menor dependência de Washington, mas uma vez no governo moderou sua postura e descumpriu a promessa eleitoral de tirar uma polêmica base americana de Okinawa, algo que o então primeiro-ministro, Yukio Hatoyama, pagou com sua renúncia.

Durante os últimos três anos de governo do PD, a aliança com os EUA se manteve firme, mas de uma forma discreta e sem alardes, enquanto Abe se mostra partidário de dar um passo além e reforçá-la abertamente.

Para Shinzo Abe, que considera a diplomacia do governo de Noda "pouco profunda", o fundamental é combinar contundência e sutileza japonesa para dar ao Japão um novo peso no mapa de poder da Ásia-Pacífico, em um momento de mudança de liderança na China e interesse dos EUA pela região, uma zona geoestratégica que considera "de máxima prioridade".

A solidez diplomática que Abe busca seria respaldada, ele ganhar as eleições, de um provável fortalecimento das Forças de Autodefesa (Exército), com maior orçamento e mais poderes "para proteger melhor as águas e o território do Japão".

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