China critica proposta apresentada pelo Brasil na OMC
O gigante asiático disse que a proposta brasileira empobrece economias emergentes
Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2012 às 22h15.
Genebra - A China culpou o "quantitative easing" (compra de ativos, ou QE) por prejudicar economias emergentes e rejeitou a proposta brasileira de utilizar normas de comércio internacional para compensar desajustes monetários durante um debate nesta segunda-feira na sede da Organização Mundial do Comércio (OMC).
"Nós, juntamente com muitos outros países, temos criticado essa política irresponsável e que empobrece seus vizinhos", disse o vice-representante permanente da China na OMC, Zhu Hong, em referência à política de estímulo monetário conhecida como QE.
"Ela (a política) tem um impacto negativo sobre países em desenvolvimento ou emergentes, em particular", disse Zhu durante o debate na OMC, em Genebra, sobre flutuações cambiais, de acordo com transcrição divulgada por uma autoridade chinesa.
O encontro foi convocado para abordar a proposta brasileira de que as regras da OMC incluam um sistema responsável por lidar com desajustes monetários.
O embaixador do Brasil na OMC, Roberto Azevedo, que alguns diplomatas da área de comércio dizem ser um candidato a substituir o atual diretor-geral da organização, Pascal Lamy, assim que o francês deixar o cargo no próximo ano, tem gradualmente endurecido suas exigências no assunto.
Após conseguir que os membros da OMC concordassem em analisar os conteúdos disponíveis sobre o assunto no ano passado, o Brasil fez circular uma proposta em 5 de novembro explicando que as regras da OMC abordavam distorções no comércio vinculadas ao câmbio, mas não instrumentos adequados para uma ação direta.
"A OMC parece estar sistematicamente mal equipada para lidar com os desafios oferecidos pelos efeitos macro e microeconômicos de taxas de câmbio sobre o comércio", disse o Brasil em sua proposta, cuja cópia foi obtida pela Reuters.
"Os membros (da OMC) podem desejar, nesse contexto, considerar a necessidade de soluções de comércio na taxa de câmbio e iniciar algum trabalho analítico para esse efeito", acrescentou o país.
A proposta não menciona "quantitative easing" e faz um apelo explícito a uma análise "a partir de uma visão sistêmica".
O texto inclui um gráfico que mostra o desajuste estimado do real, com sobrevalorização de quase 40 por cento em 2011. O Brasil já havia dito que o QE é egoísta, atribuindo perda de exportações de emergentes a esse mecanismo.
Mas o chinês Zhu diz que o assunto cabia ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e não à OMC.
"A questão monetária é, em essência, de política monetária. O caminho correto para se resolver esse assunto passa pelo aumento da responsabilidade e da promoção da coordenação entre os emissores de divisas de reserva internacional", acrescentou.
PRECEDENTE RUIM Donald Kohn, ex-vice-chairman do Federal Reserve (banco central norte-americano) e membro do comitê de política financeira do Banco da Inglaterra (BC britânico), disse que, ainda que não estivesse familiarizado com a proposta, tais ideias não fazem sentido a partir de um ponto de vista econômico.
"As economias de mercados emergentes deveriam se adaptar e mudar suas regulações para permitir que suas taxas de câmbio sejam mais flexíveis onde seja apropriado", afirmou à Reuters, após discursar em Genebra mais cedo neste mês.
"Mas acho que isso não vai funcionar, e acredito que é contraprodutivo pedir às economias industrializadas que façam coisas que não sejam do seu próprio interesse, dentro das regras do jogo. Em segundo lugar, se do que estão falando é tornar o comércio mais rígido e restringi-lo, isso é um precedente muito ruim", acrescentou.
Genebra - A China culpou o "quantitative easing" (compra de ativos, ou QE) por prejudicar economias emergentes e rejeitou a proposta brasileira de utilizar normas de comércio internacional para compensar desajustes monetários durante um debate nesta segunda-feira na sede da Organização Mundial do Comércio (OMC).
"Nós, juntamente com muitos outros países, temos criticado essa política irresponsável e que empobrece seus vizinhos", disse o vice-representante permanente da China na OMC, Zhu Hong, em referência à política de estímulo monetário conhecida como QE.
"Ela (a política) tem um impacto negativo sobre países em desenvolvimento ou emergentes, em particular", disse Zhu durante o debate na OMC, em Genebra, sobre flutuações cambiais, de acordo com transcrição divulgada por uma autoridade chinesa.
O encontro foi convocado para abordar a proposta brasileira de que as regras da OMC incluam um sistema responsável por lidar com desajustes monetários.
O embaixador do Brasil na OMC, Roberto Azevedo, que alguns diplomatas da área de comércio dizem ser um candidato a substituir o atual diretor-geral da organização, Pascal Lamy, assim que o francês deixar o cargo no próximo ano, tem gradualmente endurecido suas exigências no assunto.
Após conseguir que os membros da OMC concordassem em analisar os conteúdos disponíveis sobre o assunto no ano passado, o Brasil fez circular uma proposta em 5 de novembro explicando que as regras da OMC abordavam distorções no comércio vinculadas ao câmbio, mas não instrumentos adequados para uma ação direta.
"A OMC parece estar sistematicamente mal equipada para lidar com os desafios oferecidos pelos efeitos macro e microeconômicos de taxas de câmbio sobre o comércio", disse o Brasil em sua proposta, cuja cópia foi obtida pela Reuters.
"Os membros (da OMC) podem desejar, nesse contexto, considerar a necessidade de soluções de comércio na taxa de câmbio e iniciar algum trabalho analítico para esse efeito", acrescentou o país.
A proposta não menciona "quantitative easing" e faz um apelo explícito a uma análise "a partir de uma visão sistêmica".
O texto inclui um gráfico que mostra o desajuste estimado do real, com sobrevalorização de quase 40 por cento em 2011. O Brasil já havia dito que o QE é egoísta, atribuindo perda de exportações de emergentes a esse mecanismo.
Mas o chinês Zhu diz que o assunto cabia ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e não à OMC.
"A questão monetária é, em essência, de política monetária. O caminho correto para se resolver esse assunto passa pelo aumento da responsabilidade e da promoção da coordenação entre os emissores de divisas de reserva internacional", acrescentou.
PRECEDENTE RUIM Donald Kohn, ex-vice-chairman do Federal Reserve (banco central norte-americano) e membro do comitê de política financeira do Banco da Inglaterra (BC britânico), disse que, ainda que não estivesse familiarizado com a proposta, tais ideias não fazem sentido a partir de um ponto de vista econômico.
"As economias de mercados emergentes deveriam se adaptar e mudar suas regulações para permitir que suas taxas de câmbio sejam mais flexíveis onde seja apropriado", afirmou à Reuters, após discursar em Genebra mais cedo neste mês.
"Mas acho que isso não vai funcionar, e acredito que é contraprodutivo pedir às economias industrializadas que façam coisas que não sejam do seu próprio interesse, dentro das regras do jogo. Em segundo lugar, se do que estão falando é tornar o comércio mais rígido e restringi-lo, isso é um precedente muito ruim", acrescentou.