China conclui o maior acordo comercial do mundo (e exclui EUA)
Acordo com 14 países representa um terço do PIB global e inclui aliados dos Estados Unidos, como Austrália, Japão e Coreia do Sul
Carolina Riveira
Publicado em 16 de novembro de 2020 às 08h24.
Última atualização em 16 de novembro de 2020 às 09h43.
A China e outros 14 países da região do Pacífico asiático fecharam neste domingo, 15, o que é até agora o maior acordo comercial do mundo.
O acordo de livre comércio foi batizado de Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP na sigla em inglês). O bloco comercial abrange um mercado de 2,2 bilhões de pessoas e 26 trilhões de dólares, ou um terço do PIB global.
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Participam países como Japão, Austrália e Nova Zelândia. O acordo é maior do que a aliança entre os países da União Europeia e que o USMCA, o "novo Nafta" entre os países da América do Norte (México, EUA e Canadá).
O objetivo do acordo é reduzir tarifas, fortalecer cadeias de suprimentos e a missão cada vez mais atual de implementar novas regras ao comércio eletrônico.
Ainda deve demorar anos para que a aliança altere amplamente o comércio global, e não necessariamente os impactos serão altos, já que parte dos países signatários já têm acordos bilaterais ou mesmo multilaterais entre si e com a China.
Mas a mensagem simbólica da assinatura já impacta o outro lado do Pacífico: a influência política dos EUA do outro lado do mundo e as empresas americanas podem estar entre os mais afetados caso uma ampla integração de fato aconteça na Ásia.
"A mensagem diplomática do RCEP talvez seja tão importante quanto a econômica -- um golpe para a China", escreveram analistas do Citi Research em relatório no domingo, segundo a CNBC.
Isso porque o acordo é uma extensão do já existente ASEAN, acordo comercial entre 10 países asiáticos, como Indonésia, Tailândia, Filipinas, Vietãn e Singapura.
Essa aliança entre os países na órbita chinesa já estava precificada. Mas uma preocupação extra para os americanos é o fato de que o acordo agora inclui não só os tradicionais aliados chineses, mas países até então fora da órbita direta de influência da China e grandes parceiros americanos, como Austrália, Coreia do Sul, Nova Zelândia e Japão.
As negociações estavam acontecendo desde 2012, época em que os EUA também tentavam seu "mega acordo" com os países de sua órbita, o Tratado Transpacífico (o TPP), ainda no governo de Barack Obama. Com a chegada do presidente Donald Trump, os EUA deixaram o TPP de lado, o que virtualmente esvaziou o acordo. O TPP terminou virando CPTPP em 2018 com os 11 países restantes, mas sem a mesma importância.
Austrália, Japão e Nova Zelândia, hoje no acordo chinês, também estão no CPTPP (que inclui ainda Canadá, Chile, Peru e México). Até mesmo alguns asiáticos aliados chineses fazem parte, como Vietnã e Singapura.
Apesar da magnitude, o novo tratado chinês é mais simbólico do que prático por ora. Mas mostra que a China está "aberta para negócios". E pode intensificar, no governo do agora presidente eleito Joe Biden nos EUA, o embate entre as duas potências globais.