China acusa Japão de inventar "inimigos" para se rearmar
Depois que Japão afirmou estar preocupado com armamento chinês e norte-coreano, China destacou que Tóquio "ignora os fatos e faz acusações sem fundamento"
Da Redação
Publicado em 6 de agosto de 2014 às 07h07.
Pequim - O governo chinês expressou sua "forte oposição" ao Livro Branco de Defesa, publicado ontem pelo governo japonês, no qual aponta a China, junto com Rússia e Coreia do Norte , como possíveis ameaças diante das quais Tóquio necessita melhorar sua capacidade de defesa, informou nesta quarta-feira a imprensa oficial do gigante asiático.
"Tudo isso não passa de uma desculpa do Japão para mudar suas políticas militares e de segurança, expandindo assim seu Exército", afirmou em comunicado o Ministério da Defesa da China , no qual destacou que Tóquio "ignora os fatos, faz acusações sem fundamento e joga a carta da "ameaça chinesa"".
Segundo analistas citados pela agência oficial de notícias "Xinhua", o documento publicado pelo Executivo japonês expressa o desejo do Japão de voltar a ser uma potência militar, ao assinalar em suas páginas que Tóquio deve ter um papel "dominante" na cooperação militar regional e internacional.
O Livro Branco, que o Japão costuma publicar anualmente, também expressa preocupação pelas atividades militares da China nos mares da China Meridional e Oriental, onde Pequim mantém disputas com os países vizinhos pela soberania de vários arquipélagos (Diaoyu/Senkaku, Paracel e Spratly, entre outros).
O documento foi publicado um mês depois que Tóquio aprovou, mesmo após os protestos de países vizinhos e de setores da sociedade japonesa, uma reinterpretação de sua Constituição pacifista, algo que o Livro Branco classifica como uma mudança "histórica" para fortalecer o papel das Forças de Autodefesa diante de um panorama de crescente instabilidade na região.
Esta mudança permitirá ao Japão exercer o chamado direito de autodefesa coletiva, que consiste em defender seus parceiros se estes forem atacados, algo até agora limitado pelo artigo 9, que impede o país de recorrer à força para a resolução de conflitos internacionais.