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Chile tem maior plantação legal de maconha da América Latina

Desde dezembro do ano passado, o país dispõe de uma legislação que autoriza a elaboração e venda de remédios derivados da planta

Maconha: "Embora as pessoas não acreditem, o Chile é pioneiro no cultivo de maconha medicinal" (Sebastian Martinez / Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de janeiro de 2016 às 10h24.

Colbún - A maior plantação legal de maconha de toda a América Latina não está nem no Uruguai, nem no México, nem no Peru, mas em uma zona rural do sul do Chile , perto da cordilheira dos Andes, onde o primeiro cultivo da planta para uso medicinal será colhido em março.

O Chile tem fama de costumes conservadores. De fato, o divórcio era ilegal até 2004, e o aborto continua proibido em qualquer circunstância, incluindo em caso de estupro, má-formação congênita do feto e risco de vida para a mãe.

No entanto, foi o primeiro país da América Latina a cultivar plantas de maconha para uso medicinal, com um projeto que começou no município de La Florida em 2014 para abastecer 200 pacientes de câncer.

"Embora as pessoas não acreditem, o Chile é pioneiro no cultivo de maconha medicinal", explicou à Agência Efe Ana María Gazmuri, presidente da Fundação Daya, organização para a promoção e pesquisa de tratamentos alternativos.

Desde dezembro do ano passado, o país dispõe de uma legislação que autoriza a elaboração e venda de remédios derivados da planta do cânhamo, uma norma que recentemente também foi adotada por países como Porto Rico e Colômbia.

A iniciativa, que conta com a autorização do governo do Chile, transformará os cachos das 6 mil plantas que crescem no prédio do município de Colbún em diferentes fitofármacos que serão fornecidos de forma gratuita a 4 mil pacientes.

"O objetivo deste projeto é gerar três grandes estudos clínicos que serão desenvolvidos pelo Instituto Nacional do Câncer e dois hospitais", afirmou Gazmuri.

A pesquisa conta com o financiamento de 20 municípios do país, e se espera que possa beneficiar pacientes com problemas oncológicos, epilepsia refratária e dores crônicas.

"Acreditamos que este é um passo importante para avançar no Chile na geração de ciência e conhecimento sobre o tratamento com cannabis", explicou a presidente da Daya.

Ao contrário do Uruguai, onde a regulação partiu dando ênfase no uso recreativo da maconha, o Chile se centrou no uso medicinal e, segundo dados da Fundação Daya, estima-se que cerca de 200 mil pessoas se beneficiam atualmente disso.

No mês passado, a presidente do Chile, Michelle Bachelet, assinou um decreto que estabelece que o Instituto de Saúde Pública tem autoridade para permitir e controlar o uso de maconha para a elaboração de produtos farmacêuticos de uso humano.

A medida conta com a aprovação de 86% dos cidadãos, segundo a pesquisa Plaza Pública Cadem, que também evidenciou que 47% da população é a favor da legalização do uso recreativo do psicotrópico.

"(Este decreto) significa um avanço em termos de pesquisa e uso da maconha para uso medicinal e promove a pesquisa científica no país", afirmou à Efe a chefe da Agência Nacional de Remédios do Chile, Pamela Milla Nanjari.

A resolução, que abre as portas para que a maconha saia da lista de drogas proibidas, estabelece que os remédios derivados desta planta "poderão ser vendidos ao público em farmácias e laboratórios através de receita médica".

No Chile, a maconha está atualmente na lista de drogas ilícitas, o que significa que seu cultivo e porte são punidos com cinco a dez anos de prisão.

No entanto, o Parlamento chileno está tramitando um projeto de lei para descriminalizar o consumo e cultivo pessoal, além de catalogar a maconha dentro do grupo de drogas de menor agressividade.

"Claramente no Chile estamos vivendo uma mudança nas políticas e na percepção dos cidadãos. Estamos muito satisfeitos que esta transformação aconteça agora, quando o mundo vive um ressurgimento da maconha medicinal", concluiu Gazmuri, que se orgulha de que, pelo menos neste campo, "o Chile esteja na vanguarda".

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Colbún - A maior plantação legal de maconha de toda a América Latina não está nem no Uruguai, nem no México, nem no Peru, mas em uma zona rural do sul do Chile , perto da cordilheira dos Andes, onde o primeiro cultivo da planta para uso medicinal será colhido em março.

O Chile tem fama de costumes conservadores. De fato, o divórcio era ilegal até 2004, e o aborto continua proibido em qualquer circunstância, incluindo em caso de estupro, má-formação congênita do feto e risco de vida para a mãe.

No entanto, foi o primeiro país da América Latina a cultivar plantas de maconha para uso medicinal, com um projeto que começou no município de La Florida em 2014 para abastecer 200 pacientes de câncer.

"Embora as pessoas não acreditem, o Chile é pioneiro no cultivo de maconha medicinal", explicou à Agência Efe Ana María Gazmuri, presidente da Fundação Daya, organização para a promoção e pesquisa de tratamentos alternativos.

Desde dezembro do ano passado, o país dispõe de uma legislação que autoriza a elaboração e venda de remédios derivados da planta do cânhamo, uma norma que recentemente também foi adotada por países como Porto Rico e Colômbia.

A iniciativa, que conta com a autorização do governo do Chile, transformará os cachos das 6 mil plantas que crescem no prédio do município de Colbún em diferentes fitofármacos que serão fornecidos de forma gratuita a 4 mil pacientes.

"O objetivo deste projeto é gerar três grandes estudos clínicos que serão desenvolvidos pelo Instituto Nacional do Câncer e dois hospitais", afirmou Gazmuri.

A pesquisa conta com o financiamento de 20 municípios do país, e se espera que possa beneficiar pacientes com problemas oncológicos, epilepsia refratária e dores crônicas.

"Acreditamos que este é um passo importante para avançar no Chile na geração de ciência e conhecimento sobre o tratamento com cannabis", explicou a presidente da Daya.

Ao contrário do Uruguai, onde a regulação partiu dando ênfase no uso recreativo da maconha, o Chile se centrou no uso medicinal e, segundo dados da Fundação Daya, estima-se que cerca de 200 mil pessoas se beneficiam atualmente disso.

No mês passado, a presidente do Chile, Michelle Bachelet, assinou um decreto que estabelece que o Instituto de Saúde Pública tem autoridade para permitir e controlar o uso de maconha para a elaboração de produtos farmacêuticos de uso humano.

A medida conta com a aprovação de 86% dos cidadãos, segundo a pesquisa Plaza Pública Cadem, que também evidenciou que 47% da população é a favor da legalização do uso recreativo do psicotrópico.

"(Este decreto) significa um avanço em termos de pesquisa e uso da maconha para uso medicinal e promove a pesquisa científica no país", afirmou à Efe a chefe da Agência Nacional de Remédios do Chile, Pamela Milla Nanjari.

A resolução, que abre as portas para que a maconha saia da lista de drogas proibidas, estabelece que os remédios derivados desta planta "poderão ser vendidos ao público em farmácias e laboratórios através de receita médica".

No Chile, a maconha está atualmente na lista de drogas ilícitas, o que significa que seu cultivo e porte são punidos com cinco a dez anos de prisão.

No entanto, o Parlamento chileno está tramitando um projeto de lei para descriminalizar o consumo e cultivo pessoal, além de catalogar a maconha dentro do grupo de drogas de menor agressividade.

"Claramente no Chile estamos vivendo uma mudança nas políticas e na percepção dos cidadãos. Estamos muito satisfeitos que esta transformação aconteça agora, quando o mundo vive um ressurgimento da maconha medicinal", concluiu Gazmuri, que se orgulha de que, pelo menos neste campo, "o Chile esteja na vanguarda".

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