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Chile sugere que mulheres usem "vestido curto" em almoço com Bolsonaro

O governo chileno diz que a recomendação indica apenas que as roupas não precisam ser formais; mas o termo "vestido curto" causou incômodo

Jair Bolsonaro: presidente deve ir ao Chile no dia 23 de março (Adriano Machado/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 19 de março de 2019 às 12h13.

Última atualização em 11 de fevereiro de 2020 às 16h31.

São Paulo — O governo chileno enviou um convite para que políticos participem do almoço oficial com Jair Bolsonaro , agendado para o sábado (23), mas uma recomendação em especial chamou a atenção da deputada chilena Maite Orsini Pascal, do partido de oposição Revolución Democrática: para os homens, é recomendado "terno escuro ou equivalente" enquanto, para as mulheres, apenas um "vestido curto".

O convite é assinado por Sebastián Piñera, presidente do Chile, e pela primeira-dama, Cecilia Morel. Na publicação que Maite fez em seu perfil no Twitter, a deputada disse que "esse é o @sebastianpinera que diz acolher as demandas feministas, mas manda um convite oficial que segue em 1800". Veja:

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Em entrevista para a CNN do Chile, Cecilia Pérez, porta-voz do governo, afirmou que o pedido por "vestido curto" é uma "forma de explicar que as mulheres não precisavam usar vestido de gala" e que "se trata de um protocolo de muitos anos e que muitos governos, inclusive os de esquerda, já usaram".

Frank Tressler, Diretor-Geral de protocolo do Ministério de Relações Exteriores do Chile, afirmou para o jornal chilenoLa Tercera que a presidência não é sexista, como acusa a parlamentar e que ela fez uma "interpretação errada" sobre o convite.

Seguindo a mesma linha, o conservador Mario Desbordes, do partido Renovación Nacional, afirmou que Maite está "desinformada". "Quando dizem para os homens usarem trajes escuros, não estão dizendo para que usem roupas pretas, mas que não usem camisas do tipo 'guayabera'. Quando falam sobre usar vestido curto, não é minissaia. Isso é protocolo. A deputada está opinando com base em seu desconhecimento. Antes de tuitar, deveria ter se informado melhor", disse Desbordes.

O protocolo ao qual as autoridades se referem é o "Regulamento Ceremonial Público e Protocolo de Estado", assinado pela ex-presidente Michelle Bachelet em 2016. Nele, mais especificamente no artigo 15, existe um parágrafo que diz que "para a cerimônia de apresentação de Credenciais, as roupas podem ser um terno de cor escura e, para mulheres, vestido curto ou roupas nacionais".

Maite voltou ao Twitter horas depois para criticar Bolsonaro. "Evidentemente não irei celebrar o machismo e a xenofobia do convidado do presidente Piñera. O governo precisa entender que estamos em 2019 e que um convite assim não é aceitável, tampouco é aceitável declarar-se feminista e negar às mulheres o direito de decidir", tuítou ela.

As mulheres e o Chile

De acordo com o Relatório de Lacuna de Gênero Global (Global Gender Gap) de 2018, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), o Chile é 54º melhor país para uma mulher morar. O primeiro país latino americano a aparecer na lista é a Costa Rica, em 22º lugar; o Brasil aparece na 95ª posição.

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