Chile confirma que avião desaparecido caiu no mar e não há sobreviventes
A Força Aérea chilena e informou na quarta que foram encontrados destroços e objetos pessoais na área onde a aeronave militar desapareceu na segunda
AFP
Publicado em 12 de dezembro de 2019 às 21h08.
As autoridades do Chile confirmaram, nesta quinta-feira (12), que os destroços encontrados no mar ao sul do continente sul-americano são do avião militar que desapareceu com 38 pessoas a bordo quando voava para a Antártica , observando que, devido ao estado dos fragmentos, é "praticamente impossível" haver sobreviventes.
"As condições dos destroços encontrados do avião tornam praticamente impossível que haja sobreviventes desse acidente", disse o chefe da Força Aérea do Chile (FACH), Artuno Merino, em entrevista coletiva com o ministro da Defesa, Alberto Espina, na base aérea de Punta Arenas (3.000 km ao sul de Santiago).
A Força Aérea do Chile e o Ministério da Defesa brasileiro informaram na quarta que foram encontrados flutuando no mar destroços e objetos pessoais na área onde a aeronave militar desapareceu na segunda.
"Quarenta e oito horas depois (do desaparecimento), graças a Deus encontramos o avião", disse o ministro Espina, que viajou com Merino para Punta Arenas.
O presidente chileno, Sebastián Piñera, expressou no Twitter a "profunda dor" que afeta os chilenos pelo acidente, cumprimentou os familiares e prometeu fazer "o possível para encontrar respostas para essa tragédia".
A descoberta dos pedaços de avião flutuando no mar foi feita pelo navio de bandeira chilena Antarctic Endeavour.
Os destroços foram encontrados 30 km ao sul da posição do último contato do avião Hércules C-130, que perdeu comunicação por rádio às 18H13 de segunda-feira e foi declarado sinistrado sete horas depois.
O Ministério da Defesa brasileiro informou, por sua vez, que "o Navio Polar Almirante Maximiano, da Marinha do Brasil, recolheu, por volta das 15h45 de quarta-feira, itens pessoais e destroços compatíveis com a aeronave Hércules C-130, da Força Aérea do Chile, que estava desaparecido desde a madrugada de terça-feira", segundo um tuíte do presidente Jair Bolsonaro, que reproduziu o comunicado da pasta.
"As partes do avião e os objetos estavam a aproximadamente 280 milhas náuticas (518 km) de Ushuaia, na Argentina. O navio da Marinha do Brasil permanece na área de busca em ações coordenadas com autoridades chilenas e duas lanchas do navio continuam a recolher destroços", continuou o presidente.
No início da noite, o intendente da região chilena de Magalhães, José Fernández, informou que foram encontradas "partes de pessoas" que estavam no avião militar.
"É lamentável a informação que recebemos hoje da Força Aérea de que encontraram restos humanos das pessoas que estavam a bordo", disse Fernández a jornalistas em Punta Arenas, 3 mil quilômetros ao sul de Santiago.
A FACH emitiu um comunicado destacando que "diante de versões na imprensa e nas redes sociais" sobre a localização de corpos, as informações serão "analisadas e divulgas" posteriormente pela própria Força Aérea.
O avião militar, com 38 pessoas a bordo - 21 passageiros e 17 tripulantes - decolou às 16H55 de segunda-feira de Punta Arenas, no extremo austral do Chile, rumo à base Eduardo Frei na Antártica.
Cerca de 15 aviões e cinco embarcações de diferentes tamanhos e nacionalidades participavam da operação de busca do avião, um dos mais seguros da Força Aérea do Chile.
A aeronave perdeu comunicação quando sobrevoava a passagem de Drake, uma das zonas mais tempestuosas para a navegação, entre o continente sul-americano e a Antártica.
Essa rota náutica marca a união do oceano Pacífico com o Atlântico. Com cerca de 850 km de largura e uma profundidade de entre 3.500 e 4.000 km, tem ventos que podem ultrapassar os 100 km/h. Entre dezembro e fevereiro, são geradas no local ondas de até 15 metros de altura.
Após a confirmação da morte dos ocupantes da aeronave, teve início um processo de coleta de amostras de DNA dos familiares diretos para identificar as vítimas que era realizado no Serviço Médico Legal (SML) de Punta Arenas, informou Víctor Arriagada, chefe regional da Polícia de Investigações.
Nas buscas participam forças militares do Chile, Argentina, Uruguai, Brasil e Estados Unidos.
No total participam da busca 285 pessoas da FACH, 286 da Marinha chilena e 69 de meios internacionais. A legislação chilena estabelece um prazo inicial de seis dias, prorrogável por mais quatro dias, para as tarefas mais intensas de busca.
O avião tinha como missão cumprir tarefas de apoio logístico na base Eduardo Frei, a maior do Chile na Antártica, para a revisão do oleoduto flutuante de abastecimento de combustível da base e realizar tratamento anticorrosivo das instalações.