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Charlie Hebdo denuncia retorno do obscurantismo 4 anos após atentado

Em 7 de janeiro de 2015, dois islamistas radicais mataram 12 pessoas - entre elas os caricaturistas Cabu, Wolinksi, Honoré e Tignous

A investigação judicial do atentado foi concluída. Em 2020 o caso deve ser julgado (Christian Hartmann/Reuters)
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AFP

Publicado em 5 de janeiro de 2019 às 14h48.

O revista satírica semanal francesa Charlie Hebdo publica neste sábado (5) uma edição comemorativa quatro anos após o atentado que deixou 12 mortos, denunciando o retorno do obscurantismo.

A capa desta edição especial mostra um bispo e um ímã sobre um fundo preto soprando a chama de uma vela, cuja luz ilumina o desenho que foi capa do número histórico de 14 de janeiro de 2015, poucos dias depois do atentado.

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"Não são apenas nossas histórias pessoais (sendo esquecidas), mas também o que significou o que nos aconteceu. Temos a impressão de que viramos a página disso, mas, em nossa opinião, esses fenômenos de reações retrógradas continuam presentes, ainda mais que há quatro ou cinco anos", explica à AFP Riss, diretor de redação e autor do desenho de capa.

"Já não é apenas a hostilidade dos extremistas religiosos, mas também de intelectuais", explica.

Em 7 de janeiro de 2015, dois islamistas radicais mataram 12 pessoas - entre elas os caricaturistas Cabu, Wolinksi, Honoré e Tignous, o ex-diretor de redação Charb e o economista Bernard Maris.

Em editorial, o semanário lamenta que "há quatro anos, a situação com o totalitarismo islamista só piorou (...), a blasfêmia teve filhos. (...) Tudo agora é blasfêmia".

Exceto no editorial, o semanário menciona poucas vezes o atentado de 7 de janeiro de 2015.

Numa página dupla central, um desenho de Juin mostra os "obscurantistas" celebrando o aniversário do atentado: estão lá o Papa, membros da família da líder de extrema direita Marine Le Pen, Donald Trump e o escritor Michel Houellebecq, que o semanário tinha ilustrado na capa da edição de 7 de janeiro de 2015.

Julgamento em 2020?

"O último a sair apague as Luzes, mesmo que não veja nada...", escreve o jornalista Philippe Lançon, premiado este ano por seu livro que narra sua reconstrução após o atentado.

"Na Charlie, em nossa modesta pequena casa francófona, os irmãos K. [Kouachi, autores do atentado] tentaram apagar as luzes, com e sem maiúscula, ao entrar e ao sair. Quase conseguiram, mas se esqueceram de algumas lâmpadas", continua.

A investigação judicial do atentado foi concluída. Em 2020 o caso deve ser julgado.

A revista celebrou a prisão recente de um dos jihadistas mais procurados na França , Peter Cherif, próximo dos irmãos Kouachi e cujo nome é citado na investigação.

A equipe do semanário espera o julgamento, mas Riss afirma que "não temos certeza de que uma vez terminado recuperaremos uma vida normal".

No ano passado, a revista lamentou o preço de sua seguro, que chega a mais de 1 milhão de euros ao ano.

A revista vende cerca de 30 mil exemplares nas bancas e tem aproximadamente 30 mil assinantes, mas 2017 foi um ano deficitário, segundo dados da emissora de rádio BFM Business.

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