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Chanceler líbio alerta que país pode se tornar uma Síria

Líbia, país rico em petróleo, tem hoje dois parlamentos e dois governos rivais, um próximo às milícias islamitas que controlam a capital, Trípoli

O chanceler líbio, Mohamed Dayri: "na ausência de uma solução política, o país pode entrar em uma verdadeira guerra civil, como na Síria" (Andrew Burton/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2015 às 14h32.

Paris - A ascensão de grupos extremistas ameaça converter a Líbia em uma nova Síria , alertou o ministro das Relações Exteriores líbio, Mohamed Dayri, que acredita que os ocidentais devem armar o exército contra a ameaça jihadista.

"O tempo urge", afirmou Dayri na terça-feira em uma entrevista concedida à AFP durante uma breve visita a Paris. "O terrorismo não apenas constitui um risco para a Líbia e seus países vizinhos, trata-se de uma ameaça para a Europa".

"Na ausência de uma solução política, o país pode entrar em uma verdadeira guerra civil, como na Síria", advertiu o ministro, cujo país, disputado entre milícias rivais, afundou no caos.

A Líbia, país rico em petróleo, tem hoje dois parlamentos e dois governos rivais, um próximo às milícias islamitas que controlam a capital, Trípoli, e o outro, reconhecido pela comunidade internacional, com sede em Tobruk (leste).

O chefe da diplomacia líbia, que forma parte do executivo em Tobruk, afirmou que o grupo Estado Islâmico (EI) já controla duas cidades, Derna (leste) e Sirte (centro), e está presente em Trípoli, onde no mês passado cometeu um atentado contra um famoso hotel frequentado por estrangeiros e presidentes.

Os combatentes jihadistas são 5.000, explicou Dayri, e, assim como na Síria, um grande número deles são estrangeiros, sobretudo nos postos de comando.

Segundo o ministro, o autoproclamado emir da Cirenaica, com capital em Derna, é iemenita, o de Trípoli, tunisiano, e dois dos três suicidas que atentaram contra o hotel Corinthia eram sauditas.

Diálogo como prioridade

Mohamed Dayri lembrou que seu governo não deseja "uma nova intervenção militar ocidental" como a que depôs Muanmar Kadhafi em 2011, mas que é a favor de "reforçar as capacidades do exército líbio".

Na semana passada, ante o Conselho de Segurança da ONU, pediu o levantamento do embargo de armas ao seu país. Mas vários membros do Conselho, entre eles a Rússia, se mostram reticentes pelo risco de que as armas voltem a cair em mãos erradas.

A comunidade internacional exige, principalmente, uma solução política na Líbia.

"A formação de um governo de união nacional é uma prioridade líbia, não uma demanda internacional", afirmou o ministro. "Mas mesmo que consigamos amanhã formar este governo, ainda seria necessária ajuda para o exército líbio".

"Não encontrei uma resposta convincente por parte dos Estados Unidos e da Europa, apenas que haverá uma ação internacional, e não uma intervenção", esclareceu.

Embrião de um exército nacional

As tropas regulares e a polícia estão profundamente divididas e enfraquecidas na Líbia. Mas para o ministro as forças do controverso general Khalifa Haftar, que combatem há meses os grupos islamitas no leste, constituem um embrião de exército nacional.

O Parlamento líbio reconhecido internacionalmente decidiu criar um posto ad hoc para Haftar como chefe geral do exército, o que pode complicar o diálogo com as forças de Trípoli, profundamente hostis a este militar.

Uma nova rodada de negociações estava prevista na quinta-feira no Marrocos, mas o Parlamento oficial líbio decidiu suspender sua participação no diálogo após os atentados terroristas cometidos na sexta-feira pelo EI em Al-Qoba (leste), que deixaram mais de 40 mortos.

Embora o governo de Trobruk critique seu rival em Trípoli por não condenar "com firmeza suficiente o terrorismo, não colocará em questão o diálogo" e voltará à mesa de negociações, afirmou Dayri, sem informar quando.

"Nossa condição sine qua non para formar um governo de unidade nacional é o compromisso no combate ao terrorismo", insistiu.

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Paris - A ascensão de grupos extremistas ameaça converter a Líbia em uma nova Síria , alertou o ministro das Relações Exteriores líbio, Mohamed Dayri, que acredita que os ocidentais devem armar o exército contra a ameaça jihadista.

"O tempo urge", afirmou Dayri na terça-feira em uma entrevista concedida à AFP durante uma breve visita a Paris. "O terrorismo não apenas constitui um risco para a Líbia e seus países vizinhos, trata-se de uma ameaça para a Europa".

"Na ausência de uma solução política, o país pode entrar em uma verdadeira guerra civil, como na Síria", advertiu o ministro, cujo país, disputado entre milícias rivais, afundou no caos.

A Líbia, país rico em petróleo, tem hoje dois parlamentos e dois governos rivais, um próximo às milícias islamitas que controlam a capital, Trípoli, e o outro, reconhecido pela comunidade internacional, com sede em Tobruk (leste).

O chefe da diplomacia líbia, que forma parte do executivo em Tobruk, afirmou que o grupo Estado Islâmico (EI) já controla duas cidades, Derna (leste) e Sirte (centro), e está presente em Trípoli, onde no mês passado cometeu um atentado contra um famoso hotel frequentado por estrangeiros e presidentes.

Os combatentes jihadistas são 5.000, explicou Dayri, e, assim como na Síria, um grande número deles são estrangeiros, sobretudo nos postos de comando.

Segundo o ministro, o autoproclamado emir da Cirenaica, com capital em Derna, é iemenita, o de Trípoli, tunisiano, e dois dos três suicidas que atentaram contra o hotel Corinthia eram sauditas.

Diálogo como prioridade

Mohamed Dayri lembrou que seu governo não deseja "uma nova intervenção militar ocidental" como a que depôs Muanmar Kadhafi em 2011, mas que é a favor de "reforçar as capacidades do exército líbio".

Na semana passada, ante o Conselho de Segurança da ONU, pediu o levantamento do embargo de armas ao seu país. Mas vários membros do Conselho, entre eles a Rússia, se mostram reticentes pelo risco de que as armas voltem a cair em mãos erradas.

A comunidade internacional exige, principalmente, uma solução política na Líbia.

"A formação de um governo de união nacional é uma prioridade líbia, não uma demanda internacional", afirmou o ministro. "Mas mesmo que consigamos amanhã formar este governo, ainda seria necessária ajuda para o exército líbio".

"Não encontrei uma resposta convincente por parte dos Estados Unidos e da Europa, apenas que haverá uma ação internacional, e não uma intervenção", esclareceu.

Embrião de um exército nacional

As tropas regulares e a polícia estão profundamente divididas e enfraquecidas na Líbia. Mas para o ministro as forças do controverso general Khalifa Haftar, que combatem há meses os grupos islamitas no leste, constituem um embrião de exército nacional.

O Parlamento líbio reconhecido internacionalmente decidiu criar um posto ad hoc para Haftar como chefe geral do exército, o que pode complicar o diálogo com as forças de Trípoli, profundamente hostis a este militar.

Uma nova rodada de negociações estava prevista na quinta-feira no Marrocos, mas o Parlamento oficial líbio decidiu suspender sua participação no diálogo após os atentados terroristas cometidos na sexta-feira pelo EI em Al-Qoba (leste), que deixaram mais de 40 mortos.

Embora o governo de Trobruk critique seu rival em Trípoli por não condenar "com firmeza suficiente o terrorismo, não colocará em questão o diálogo" e voltará à mesa de negociações, afirmou Dayri, sem informar quando.

"Nossa condição sine qua non para formar um governo de unidade nacional é o compromisso no combate ao terrorismo", insistiu.

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